6 em cada 10 apostadores usam bets sem consciência dos riscos

Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, 78% dos entrevistados não sabem distinguir sites legais dos ilegais e 46% já depositaram dinheiro em uma plataforma irregular Seis em cada dez apostadores no Brasil usaram plataformas irregulares este ano, revela pesquisa divulgada nesta quinta-feira (12) pelo Instituto Locomotiva. A regulamentação do setor, em vigor desde 1º de janeiro de 2025, determina que apenas operadores licenciados podem atuar legalmente no país – com obrigações tributárias, normas operacionais e diversos mecanismos de proteção ao apostador. Apesar disso, 61% dos entrevistados admitiram ter feito apostas em bets irregulares neste ano, muitas vezes, sem consciência dos riscos envolvidos. A pesquisa foi feita em abril e maio com 2 mil apostadores adultos: 78% dos entrevistados consideram difícil distinguir sites legais dos ilegais; 72% afirmam que nem sempre conseguem verificar a regularidade das plataformas; 46% já depositaram dinheiro em uma plataforma posteriormente identificada como falsa ou irregular. De acordo com o Instituto Locomotiva, as pessoas de menor renda e escolaridade são as mais atingidas, porque desconhecem os mecanismos de proteção das plataformas regulamentadas. Os dados também mostram que 87% dos apostadores defendem que o poder público atue de forma incisiva contra plataformas de apostas irregulares. “Os dados representam mais do que um diagnóstico do setor. São um chamado urgente para uma ação coordenada entre autoridades, operadores licenciados e a sociedade civil, com o objetivo de proteger o cidadão, garantindo a integridade e a sustentabilidade do setor de apostas no Brasil”, ressalta o instituto. Impacto fiscal A pesquisa serviu de base para o estudo Fora do Radar: Dimensionamento e Impactos Socioeconômicos do Mercado Ilegal de Apostas no Brasil, elaborado pela LCA Consultores e apoiado pelo Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR). O levantamento estima que de 41% a 51% do mercado brasileiro de apostas online ainda estejam na ilegalidade, com um impacto fiscal entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2,7 bilhões que deixaram de ser arrecadados em apenas três meses. O montante pode chegar a R$ 10,8 bilhões em um ano. Para o presidente executivo do IBJR, Fernando Vieira, os números são estarrecedores e demonstram a urgência de um combate efetivo ao mercado ilegal. Segundo ele, cinco meses após ter pactuado as condições de operação no mercado com as empresas, o governo aumentou a carga tributária para os regulamentados. “Isso traz uma quebra de confiança e enorme insegurança jurídica para o setor e para o Brasil. Todos acabam perdendo: os operadores mais sufocados com impostos, o apostador sem a proteção das regras do mercado formal, e o governo que, com esse estímulo à ilegalidade, acabará prejudicando não só o mercado, mas também a própria arrecadação”, disse. De acordo com o diretor de Regulação e Políticas Públicas da LCA Consultores, Eric Brasil, o desafio agora é um combate bem articulado e intensivo do mercado ilegal. “A redução do mercado ilegal traz uma série de benefícios à sociedade brasileira, desde proteção aos apostadores e combate ao crime organizado, passando pelo aumento da arrecadação do governo, fundamental nesse momento de crise fiscal”, afirmou. Como saber se um site de apostas é seguro? Sites autorizados pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), do Ministério da Fazenda, devem obrigatoriamente utilizar o domínio “.bet.br”; Os sites de apostas adotam um sistema rígido de cadastro, que exige reconhecimento facial para impedir o acesso de menores de 18 anos, além do envio de documentos e demais checagens que identifiquem o apostador; Também oferecem a possibilidade de estabelecer limites de perdas financeiras e tempo de jogo, além de mecanismos para detectar comportamentos de risco do apostador e enviar alertas; Permitem apenas transações via Pix e débito da conta do titular do cadastro. Não aceitam cartões de crédito nem criptomoedas; As plataformas oficiais oferecem mecanismos de autoexclusão para os apostadores. Em caso de dúvidas, basta conferir a lista dos sites autorizados a operar no Brasil na página do Ministério da Fazenda.
Lula tem mais aprovação que Bolsonaro no mesmo período de governo

Levantamento do Datafolha mostra estabilidade dos índices de aprovação e reprovação do governo e do presidente Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (12) mostra que 28% dos brasileiros avaliam o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ótimo ou bom após dois anos e seis meses de mandato. O índice de reprovação é de 40%, enquanto 31% consideram o governo regular. Apenas 1% dos entrevistados não souberam responder. Na rodada anterior, feita em abril, Lula registrava 29% de aprovação, 38% de reprovação e 31% de avaliação regular, indicando estabilidade dentro da margem de erro de dois pontos percentuais. como ótimo ou bom após dois anos e seis meses de mandato. O índice de reprovação é de 40%, enquanto 31% consideram o governo regular. Apenas 1% dos entrevistados não souberam responder. Na rodada anterior, feita em abril, Lula registrava 29% de aprovação, 38% de reprovação e 31% de avaliação regular, indicando estabilidade dentro da margem de erro de dois pontos percentuais. Desempenho pessoal do presidente O levantamento também perguntou sobre a avaliação pessoal do presidente. Segundo o Datafolha, 46% dos entrevistados aprovam o trabalho de Lula como presidente, contra 50% que desaprovam. Outros 3% não souberam responder. Em abril, os números eram semelhantes: 48% de aprovação e 49% de desaprovação. Comparativo com Bolsonaro: Lula tem vantagem O levantamento também conta com uma comparação da aprovação do governo Lula com o governo de Jair Bolsonaro no mesmo período. Após dois anos e seis meses de mandato, Bolsonaro tinha 24% de aprovação (ótimo/bom), 45% de reprovação (ruim/péssimo) e 30% de avaliação regular. Ou seja, Lula tem atualmente quatro pontos percentuais a mais de aprovação e cinco pontos a menos de reprovação do que Bolsonaro tinha no mesmo estágio de governo. Além de Bolsonaro, Lula 3 também tem desempenho melhor que Michel Temer, que contava com apenas 4% de avaliação positiva e 73% de avaliação negativa no mesmo ponto do mandato, em agosto de 2018. Por outro lado, o atual presidente ainda está distante de suas gestões anteriores. Em 2009, Lula 2 registrava 69% de ótimo ou bom. Já em 2005, no Lula 1, esse índice era de 36%. Comparativo histórico entre presidentes Confira a aprovação (ótimo/bom) dos presidentes após 2 anos e 6 meses de mandato: José Sarney (1987): 9% Fernando Collor (1992): 9% Itamar Franco (1994): 41% FHC 1 (1997): 39% FHC 2 (2001): 19% Lula 1 (2005): 36% Lula 2 (2009): 69% Dilma Rousseff (2013): 57% Michel Temer (2018): 4% Jair Bolsonaro (2021): 24% Lula 3 (2025): 28% A pesquisa foi realizada pelo Instituto Datafolha com 2.004 pessoas de 16 anos ou mais, em 136 municípios do país, nos dias 10 e 11 de junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Mauro Cid incrimina Bolsonaro ao detalhar edição na minuta do golpe

Em depoimento ao STF, ex-ajudante de ordens afirma que Bolsonaro recebeu, leu e sugeriu alterações na minuta do golpe Em um dos momentos mais reveladores do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou nesta segunda-feira (9) que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu, leu e sugeriu mudanças no documento conhecido como “minuta do golpe”. A minuta previa medidas autoritárias e inconstitucionais para anular as eleições de 2022 e manter Bolsonaro no poder. Cid declarou que o ex-presidente retirou trechos que ordenavam a prisão de diversas autoridades, mas manteve Alexandre de Moraes como único alvo da medida. “O presidente recebeu e leu. Ele, de certa forma, enxugou o documento, basicamente retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor [Moraes] ficaria como preso. O resto, não”, declarou Cid diretamente ao ministro. Acusações e medidas de exceção Segundo Cid, a minuta estava dividida em duas partes. A primeira listava interferências do STF e TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como justificativa para medidas de força; a segunda propunha estado de defesa, estado de sítio, prisão de ministros e parlamentares e a criação de um conselho para organizar novas eleições. As alterações teriam sido feitas com auxílio de Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro para Assuntos Internacionais, que digitava as mudanças diretamente de um computador no gabinete presidencial. Militares e ex-ministros Durante o depoimento, Mauro Cid foi questionado sobre a classificação dos envolvidos no plano. Ele afirmou que o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, era “radical”, enquanto os ex-ministros Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira seriam “moderados”. Cid também relatou pressão para que o comandante do Exército, general Freire Gomes, fosse substituído por um militar disposto a aderir ao plano golpista. Essa articulação seria liderada por Braga Netto e o general Mário Fernandes, identificado como defensor de medidas radicais. Braga Netto repassou dinheiro em espécie para operação sigilosa O tenente-coronel afirmou ainda que recebeu dinheiro vivo de Braga Netto no Palácio da Alvorada, repassando a quantia ao major Rafael Martins de Oliveira, ligado ao plano chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa até a execução de autoridades. “O general Braga Netto trouxe uma quantia em dinheiro… com certeza não foi os R$ 100 mil. Eu recebi no Palácio da Alvorada e repassei ao major De Oliveira”, declarou Cid. Ele também alegou que os recursos “provavelmente” vinham de empresários do agronegócio que financiavam acampamentos golpistas nas portas de quartéis. Bolsonaro sabia Cid confirmou que Bolsonaro foi informado sobre a “Carta ao Comandante do Exército”, escrita por oficiais da ativa, pedindo às Forças Armadas que interviessem em defesa do ex-presidente. Apesar da gravidade do conteúdo, Bolsonaro não teria feito nenhum comentário, apenas ouvido o relato. A relação com os acampamentos também foi detalhada. Braga Netto teria atuado como elo entre o Planalto e os manifestantes, incentivando a narrativa de ruptura. Delação reafirmada: “não houve coação”, diz Cid a Moraes O depoimento também foi marcado pela tentativa de Bolsonaro e aliados de deslegitimar a delação premiada de Cid, após o vazamento de áudios em que o militar criticava a condução da investigação. Questionado por Moraes, o ex-ajudante de ordens reafirmou que não sofreu coação. “Foi um desabafo em um momento de crise pessoal, com minha carreira destruída, minha família exposta. Em nenhum momento houve pressão da Polícia Federal.” Com isso, Cid desmonta a principal linha de defesa bolsonarista, que buscava anular seu acordo de colaboração com base em suposta coação. Um depoimento-chave no julgamento do golpe A fala de Mauro Cid é a primeira entre os réus ouvidos no julgamento conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre a tentativa de golpe. O ex-ajudante de ordens foi peça central na engrenagem militar e política do entorno de Bolsonaro e seu testemunho adiciona provas diretas da participação do ex-presidente no plano para subverter a democracia. A delação, agora reafirmada, reforça a tese da Procuradoria-Geral da República de que houve articulação organizada e consciente para instaurar um regime de exceção, com apoio de civis, militares e setores do empresariado. O julgamento prossegue com expectativa de novas revelações nos próximos dias
Desconhecimento sobre ações e fake news impactam na avaliação do gover

Segundo pesquisa, 60% ignoram medidas do governo Lula, fator que, junto com a máquina de desinformação da extrema direita, influencia negativamente na percepção popular A série de pesquisas da Quaest, divulgada nesta semana, reforça importantes sinais de alerta (que não são novos) ao governo Lula. As respostas dadas pelos entrevistados e a análise dos dados mostram um descompasso entre a situação positiva vivida pelo país, de um lado, e a piora na avaliação, de outro, bem como as razões para isso. A explicação para esse cenário parece estar especialmente (mas não só) no campo da comunicação, com elementos que vão desde o uso político e enviesado de crises como a do INSS pela oposição bolsonarista nas redes sociais até as dificuldades de comunicação existentes tanto por parte do governo quanto do próprio presidente Lula. Dentre os dados trazidos pelas pesquisas está a desaprovação de 57% ao governo (eram 56% na pesquisa de março) contra 40% de aprovação (eram 41% naquele mesmo mês). Nesse universo, é importante salientar a análise feita por Felipe Nunes, cientista político e CEO da Quaest: “Apesar da estabilidade nos números, o contexto político mudou. O governo anunciou e começou a implementar medidas que contam com 79% de aprovação entre quem as conhece, mas cerca de 60% da população ainda desconhece essas ações. Esse desequilíbrio entre a ação e percepção tem dificultado os avanços na avaliação do governo”. Para exemplificar, eis alguns dos temas que tiveram a melhor taxa de sucesso, extraída da relação entre o percentual dos que ouviram falar e dentre estes, os que aprovam determinadas medidas. Sobre os benefícios e isenções para motoristas de aplicativos, 32% ouviram falar e 28% aprovam, uma taxa de sucesso dentre as mais altas, de 0,88. A linha de crédito para reformas do Minha Casa, Minha Vida, por sua vez, tem conhecimento de 40% e destes, aprovação de 35%, índice de sucesso igual ao anterior. Já o novo Vale Gás é conhecido por 59% e, nesse grupo, tem 49% de aprovação, taxa de sucesso de 0,8. Esses casos, entre outros levantados pela pesquisa, indicam haver um imenso universo de desconhecimento das ações por parte de pessoas que, se souberem, certamente as aprovarão — mesmo considerando que nem todas serão diretamente beneficiadas pela totalidade das medidas. Quanto à percepção sobre a economia, o índice melhorou bastante, mas também há terreno a ser conquistado, já que não faltam marcadores positivos, tais como o baixo desemprego e a evolução nos ganhos das famílias. Conforme o levantamento, a avaliação de piora nesse campo caiu de 56% para 48%. Também melhorou a forma como as pessoas sentem a inflação em seu dia a dia. A percepção da alta nos preços dos alimentos caiu de 88% para 79%, assim como caiu de 70% para 54% o percentual dos que apontam o preço da gasolina como um problema. Na avaliação de Nunes, “o principal fator que explica essa contradição entre melhora econômica parcial e alta desaprovação do governo Lula tem a ver com o ambiente informacional. A quantidade de notícias negativas sobre o governo foi mais do que o dobro das positivas no período. E entre os temas negativos mais lembrados está o escândalo do INSS”. Quando questionados sobre se têm visto mais notícias positivas ou negativas a respeito do governo, apenas 19% apontam a primeira alternativa e 50%, a segunda. Outros 28% dizem não ter visto notícias. Nesse ponto, fica patente que o governo, de fato, deve “se mostrar mais” para a população, como também precisa reverter o bombardeio da máquina da extrema direita, hábil em disseminar, de maneira rápida e ampla, todo tipo de mentiras e manipulações com feições verossímeis. Em pergunta estimulada sobre se o entrevistado tomou conhecimento sobre as fraudes no INSS, 82% dizem que sim, enquanto 18% afirmaram que não. Para 31%, o principal responsável é o governo; 14% indicam o INSS e um considerável universo de 26% não soube ou não quis responder. Com base nesses números, observou Nunes, “a repercussão foi duas vezes maior que a das políticas públicas anunciadas”. Arsenal bolsonarista Se de um lado é verdade que questões como a inflação dos alimentos pesaram no dia a dia da população, por outro também é fato que tudo o que há de negativo é amplificado e o que é positivo é escondido ou deturpado nas redes oposicionistas — com apoio, claro, de parte da mídia. Nesse sentido, merece destaque conhecer o funcionamento da engrenagem bolsonarista — o Vermelho mostrou, aqui, estudo que evidencia como ela se estrutura. Focando especificamente nas situações mais recentes que criaram maior desgaste ao governo, vale destacar o escândalo do INSS, a inflação dos alimentos e a “crise” do Pix — um típico caso de manipulação da verdade. No final de abril, a consultoria Palver apurou que postagens relativas à fraude nas pensões e aposentadorias atingiram seu pico nos ambientes virtuais bolsonaristas no dia 24 daquele mês, dia seguinte à deflagração da Operação Sem Desconto, que descortinou o escândalo. Naquele momento, 367 a cada 100 mil publicações em canais do Whats App e Telegram mencionavam o assunto. Conforme noticiou a coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, sobre o levantamento “em ao menos 80% dos conteúdos circula a frase ‘sindicato do irmão de Lula’. A segunda expressão mais recorrente é ‘Lula ladrão’”. Em fevereiro, medição feita pela mesma consultoria havia detectado uma mudança de foco em boa parte dos ataques da oposição nas redes. Os assuntos favoritos deixaram de permear a pauta de costumes e passaram a focar especialmente as questões de âmbito econômico, uma clara escolha para desgastar uma área que vai bem. Segundo dados dessa pesquisa, divulgada por O Globo, “no WhatsApp, as ocorrências ligadas à pauta econômica (141) representam quase o triplo (52) das discussões e críticas do campo conservador (52). A maior diferença numérica, no entanto, aparece nas publicações do TikTok: foram 1.337 referências à economia contra 657 à agenda de costumes, a cada 100 mil posts”. No universo econômico, os temas que mais engajavam naquele momento eram
Cieps completam 40 anos como projeto de referência para educação

Escolas foram criadas no Rio por Leonel Brizola e Darcy Ribeiro Edifícios retangulares de concreto, com amplos pátios e janelas com as bordas arredondadas. Parte da paisagem do Rio de Janeiro, os Centros Integrados de Ensino Público (Cieps), apelidados de Brizolões, chegam aos 40 anos em 2025 como um projeto considerado revolucionário para a educação brasileira, principalmente por introduzir no debate nacional um modelo que até então ainda era desconhecido: as escolas em tempo integral. Ao longo dos anos e de diversos governos, os mais de 500 Cieps passaram por mudanças. Hoje, inclusive, nem todas oferecem educação em tempo integral. Mas o modelo de ensino criado na década de 1980 segue sendo inspiração para a educação básica de todo o país. As escolas recebem assinaturas de peso. O funcionamento e a parte pedagógica foram idealizados pelo antropólogo e ex-ministro da Educação Darcy Ribeiro, que ocupava, então, o cargo de secretário extraordinário de Ciência e Cultura do Rio de Janeiro no governo de Leonel Brizola. Os prédios, considerados monumentais para uma escola, foram projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer. O novo modelo foi oficialmente anunciado no dia 1º de setembro de 1984. Meses depois, no dia 8 de maio de 1985, foi inaugurado o Ciep 1 – Presidente Tancredo Neves, localizado no Catete, na Zona Sul da cidade, que teve até mesmo a presença do então presidente da República, José Sarney, que assumira o governo dias antes, 21 de abril, após a morte de Tancredo Neves, o homenageado na nova escola. As escolas ofereciam educação integral, das 8h às 17h, aos estudantes, com refeições, além de atendimento médico e odontológico às crianças. O espaço da escola era aberto aos finais de semana e nas férias para uso da comunidade. Além disso, contava com residência temporária para estudantes em situação de vulnerabilidade. Professora titular da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Lia Faria trabalhou com Darcy Ribeiro e afirma que o projeto colocava o direito à escola pública de qualidade como uma questão central. “A grande marca do projeto do Darcy, do Brizola, do Oscar Niemeyer, é que ele coloca no centro de construção da sociedade, o direito à educação, à escola pública, e não qualquer escola, mas um prédio de respeito, bonito, com todas as condições de funcionamento para que as crianças se sentissem felizes dentro daquele prédio”, conta. Faria ressalta que, nessa época, o Brasil vivia o processo de redemocratização, após a ditadura militar. Nesse contexto, os Cieps propunham a democratização do ensino público de qualidade, que deveria chegar a todas as crianças e adolescentes, mesmo aqueles em situação de vulnerabilidade. Com os Cieps ─ que se baseiam na Escola Parque, de Anísio Teixeira, concebidas na década de 1950, em Salvador ─, a discussão sobre educação integral ganha força. “A educação integral é colocada hoje como prioridade. Essa discussão não existia antes dos Cieps”, diz a professora. O modelo no qual o estudante passa mais tempo na escola e tem acesso a atividades culturais, esportivas, entre outras, é atualmente programa nacional. O Programa Escola em Tempo Integral tem como meta alcançar, até 2026, cerca de 3,2 milhões de matrículas na modalidade. A educação em tempo integral é lei. Pelo Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil tem como meta, até o final deste ano, ter 50% das escolas com pelo menos 25% dos alunos em tempo integral. Em 2023, esse percentual era 30,5%. Segundo Faria, os Cieps são um lembrete constante da importância de se atingir esse objetivo. “Isso ficou, permaneceu com uma monumentalidade. No estado do Rio de Janeiro, na cidade do Rio de Janeiro, os Cieps estão lá, lembrando hoje, no presente, daquela proposta. Quer dizer, o projeto não morreu, o projeto não desapareceu. Ele está aí na memória, e ele está nas lutas do professorado hoje, colocando a educação integral como prioridade”, diz. Mudanças ao longo do tempo Ao todo, entre dois mandatos, de 1983 a 1987 e de1991 a 1994, o governo de Brizola entregou ao estado do Rio de Janeiro 506 Cieps. O empreendimento, que exigia recursos, contratação e formação de profissionais e de professores, foi muito criticado e acabou sendo modificado ao longo dos anos. Atribuições de saúde ou assistência social concentradas nos Cieps passaram para as outras pastas nos governos seguintes. Hoje, essas escolas estão distribuídas entre gestões municipais (apenas o município do Rio é responsável por 101 Cieps, estadual e federal. O funcionamento também mudou, e o ensino integral não é mais a realidade de todas as unidades. Alguns Cieps tornaram-se Escolas de Novas Tecnologias e Oportunidades (E-Tecs), outros, escolas interculturais. Há ainda, escolas cívico-militares, que possuem parceira com a Polícia Militar ou com o Corpo de Bombeiros. “Os Cieps não são apenas prédios icônicos. Tiveram a maior proposta pedagógica do Brasil na década dos de 90. E a proposta em si retratava a educação integral”, diz a Secretária de Educação do Estado do Rio de Janeiro, Roberta Barreto. Professora de formação, ela mesma foi diretora de um Ciep. Segundo a secretária, o estado tem priorizado os Cieps para a oferta do ensino integral, por conta da estrutura dessas escolas, que contam com quadras de esporte, vestiários, laboratórios, entre outros espaços. Apesar de reconhecer a importância, ela diz que há um desafio para a oferta de ensino integral, sobretudo no ensino médio. “Mesmo que a escola ofereça um cardápio diferenciado, gostoso, atrativo, nós não conseguimos construir a consciência coletiva entre a população de que a educação integral ela é necessária. Então, o índice de evasão na educação integral ainda é muito grande”, diz. O índice de evasão, nessa modalidade, segundo a secretária é de cerca de 10%. No município do Rio também há uma busca por manter os preceitos do Ciep e até mesmo para levá-los às demais escolas da rede. Assim como no estado, nem todos têm o ensino integral. A maior parte dos Cieps é de turno único, 89 dos 101, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação. Ainda assim, não deixam de
Prefeita no Pará vira alvo de críticas após vídeo em biquíni vazar e rebate: “machismo”

A gravação foi postada por Patrícia em um perfil privado no Instagram, seguido por apenas 186 pessoas Um vídeo da prefeita de Marituba (PA), Patrícia Alencar, dançando de biquíni ao som da música “Que Pancada de Mulher”, de Xand Avião e Zé Vaqueiro, acabou repercutindo nacionalmente e gerando debate nas redes sociais. A informação foi publicada originalmente pelo portal Metrópoles. A gravação foi postada por Patrícia em um perfil privado no Instagram, seguido por apenas 186 pessoas. No entanto, o conteúdo acabou vazando — após um seguidor gravar a tela e compartilhar com páginas locais — e viralizou na internet. A divulgação fora de contexto reacendeu o debate sobre os limites entre a vida pessoal e a imagem pública de figuras políticas, especialmente mulheres em cargos de poder. A prefeita lamentou o vazamento e reforçou que a postagem foi feita em um ambiente de confiança. “É um Instagram extremamente privado”, explicou. Em nota publicada em sua conta oficial, Patrícia criticou o julgamento moral que sofreu e defendeu a multiplicidade de papéis que uma mulher pode exercer. “Mulher pode ser trabalhadora, mãe e bonitinha”, escreveu. Enquanto parte do público questionou a atitude da prefeita — considerando-a incompatível com o cargo que ocupa —, outros saíram em sua defesa, afirmando que a exposição se deu em ambiente pessoal e que a repercussão revela padrões machistas ainda presentes na sociedade. “Diante do cargo que ocupa, acho desnecessário e desrespeitoso”, comentou um usuário. Em contrapartida, outro rebateu: “Ela estava em casa e não na prefeitura! Ela é linda mesmo!”. Diante da repercussão, Patrícia decidiu transformar a polêmica em oportunidade de reflexão. “Depois que viralizou, eu disse: ‘Não. Agora vou fazer do limão uma limonada e vou, sim, combater o machismo e o preconceito, que são tão exacerbados na sociedade de hoje’”, afirmou. Patrícia Alencar, que costuma aparecer nas redes com roupas informais como shorts curtos e vestidos justos, já era conhecida entre seus seguidores pelo estilo descontraído. Comentários como “A prefeita mais linda do Brasil” e “Que pernas é essa minha prefeita?” são frequentes em suas publicações. Ao encerrar seu posicionamento, Patrícia reafirmou sua autenticidade e disse que continuará sendo fiel a quem é. “Antes de ser prefeita, eu sou a Patrícia”, declarou. A situação levantou não apenas críticas ou elogios, mas um debate mais amplo sobre o papel da mulher na política e os limites da exposição pública.
Julgamento de Bolsonaro e demais réus da trama golpista no STF

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), marcou os interrogatórios do núcleo central da acusação sobre a trama golpista de 2022 para segunda-feira (9), dando continuidade à ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado ocorrida em 2022. Bolsonaro afirma ter enviado R$ 2 milhões para Eduardo nos Estados Unidos Agora, o tribunal vai ouvir a primeira leva de réus, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e dar início à parte final do processo para esses acusados. São eles: Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, Augusto Heleno, ex-ministro do GSI, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa. Essa etapa vem depois dos depoimentos das testemunhas de defesa e acusação, que terminaram na segunda (2), após duas semanas de audiências. Entenda quais são essas fases da ação penal e quais as etapas até o julgamento. TESTEMUNHAS As audiências com as testemunhas iniciam a instrução criminal, etapa na qual são produzidas as provas que servirão de base para a decisão de condenar ou não os réus. Na ação penal da trama golpista, foram 52 pessoas ouvidas ao todo. Cinco foram indicadas pela acusação, coordenada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. As outras 47 foram indicadas pelas defesas dos réus que compõem o núcleo crucial. INTERROGATÓRIO DOS RÉUS Com início marcado para segunda-feira (2), o interrogatório dos oito acusados acontecerá presencialmente, com exceção de Braga Netto, preso preventivamente no Rio de Janeiro, que falará remotamente. Em razão do acordo de delação premiada, o primeiro a falar será o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Depois dele, os demais réus falarão em ordem alfabética: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. DILIGÊNCIAS A depender dos fatos apurados durante os depoimentos, o regimento interno do STF prevê um prazo de cinco dias para acusação e defesa requererem a realização de diligências para produção de novas provas. O pedido deverá ser aceito pelo relator Alexandre Moraes ou ordenado por ele. ALEGAÇÕES FINAIS Após o fim dos interrogatórios ou, se for caso, das diligências, Moraes deve intimar as partes para apresentarem alegações finais no prazo de 15 dias. Esse tipo de manifestação traz um resumo dos fatos apurados até então e, geralmente, reafirma os pedidos de absolvição ou condenação formulados anteriormente. NOVAS DILIGÊNCIAS Moraes poderá ainda, de ofício, ordenar novamente a produção de provas para sanar dúvidas não superadas anteriormente. Nessa etapa, a realização das diligências depende unilateralmente do relator. JULGAMENTO A partir do fim da instrução, Moraes deve formular um resumo do caso e preparar seu voto. Como a ação penal da trama golpista tramita na Primeira Turma, cabe ao ministro Cristiano Zanin, presidente do órgão, marcar a data do julgamento.
PROCURADA – Interpol inclui nome de Carla Zambelli em lista vermelha

Polícia Federal enviou ontem pedido para a inclusão da deputada. Mais cedo, o STF havia determinado a prisão da parlamentar que está nos Estados Unidos A Interpol incluiu, nesta quinta-feira (5/6), o nome da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), na lista de difusão vermelha. A ação ocorre um dia após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinar a prisão imediata da parlamentar — que deixou o país por condenação na Corte. Estar na lista é um pedido às autoridades policiais em todo o mundo para localizar e prender provisoriamente uma pessoa enquanto aguarda extradição. O pedido brasileiro foi enviado pela Polícia Federal, ontem, para a sede da Interpol em Lyon, na França. Carla Zambelli informou que deixou o país nesta semana, quase um mês após ser condenada pela Primeira Turma da Suprema Corte por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ela está na Flórida, Estados Unidos, tem planos de seguir para a Europa. Moraes também marcou uma sessão da Primeira Turma da Corte, para esta sexta-feira (6/6), para julgar o recurso da defesa da deputada contra um pedido de prisão preventiva. O ministro do STF ordenou o bloqueio de todos os passaportes da deputada, inclusive, o diplomático, bem como de seus bens, contas bancárias, investimentos, veículos, imóveis, embarcações e aeronaves. As medidas visam garantir o pagamento das multas e a reparação dos danos, cujo valor mínimo foi fixado em R$ 2 milhões. Foi determinado também o bloqueio de todas as redes sociais utilizadas por Zambelli. O conteúdo das contas deverá ser preservado pelas plataformas, e os dados cadastrais enviados ao STF. A Câmara dos Deputados será notificada para bloquear salários e quaisquer verbas destinadas à parlamentar, redirecionando os valores ao pagamento integral da multa. Moraes atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O chefe do órgão, Paulo Gonet, afirmou que não se trata de antecipação de cumprimento de pena e que a prisão é necessária para a aplicação da lei penal. O ministro concordou com o argumento. “A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido da decretação da prisão em razão da fuga do distrito da culpa, quando demonstrada a pretensão de se furtar à aplicação da lei penal”, diz trecho da decisão. O ministro afirmou que, após a saída do país, Zambelli “declarou que pretende insistir nas condutas criminosas, para tentar descredibilizar as instituições brasileiras e atacar o próprio Estado Democrático de Direito”. “Lamentavelmente, o intuito criminoso de Carla Zambelli permanece ativo e reiterado, insistindo a condenada — mesmo que de modo atabalhoado e confuso — na divulgação de notícias fraudulentas, no ataque à lisura das eleições e nas agressões ao Poder Judiciário”, escreveu Moraes. Segundo a Polícia Federal, Carla Zambelli saiu pela fronteira terrestre com a Argentina em 25 de maio, por meio de Foz do Iguaçu (PR). Por meio de nota, Zambelli afirmou que a determinação do STF pela sua prisão preventiva é “ilegal, inconstitucional e autoritária”. “O ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio da conta de Instagram do meu filho, João Zambelli, um jovem de apenas 17 anos que está iniciando sua trajetória na vida pública. Com isso, não atacou apenas a deputada ou a cidadã Carla Zambelli. Ele atacou uma mãe”, completou
Zambelli foge do Brasil após condenação e diz que vai pedir licença da Câmara

Deputada do PL foi condenada a dez anos de prisão por invasão aos sistemas do CNJ e afirma ter deixado o país para tratamento médico A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) revelou, em transmissão ao vivo nas redes sociais, que está fora do Brasil “há alguns dias” e que pretende formalizar um pedido de licença do mandato parlamentar, informa o g1. Condenada a dez anos de prisão por participação na invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a parlamentar afirmou que viajou à Europa em busca de tratamento médico. “Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Eu vim a princípio buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e agora eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo. Tem essa possibilidade da Constituição, acho que as pessoas conhecem um pouco mais essa possibilidade hoje em dia porque foi o que o Eduardo [Bolsonaro] fez também”, disse Zambelli na live. A decisão que condenou a deputada foi proferida em 18 de maio pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou a perda automática de seu mandato. No entanto, a efetivação dessa medida ainda depende de análise pela Câmara dos Deputados, onde há divergências sobre se a competência cabe à Mesa Diretora — como entendeu o STF — ou ao plenário da Casa. A localização exata da parlamentar permanece desconhecida inclusive para sua própria defesa, segundo relataram seus advogados à imprensa. Apesar de ser vista como um fator de desgaste dentro do PL, Zambelli deve receber apoio da bancada da legenda na Câmara. A deputada, no entanto, já foi apontada publicamente por Jair Bolsonaro (PL) como uma das principais responsáveis pelo desempenho eleitoral aquém do esperado em 2022. Desde então, sua relação com ele tem se mantido distante e marcada por tensões. Com a possível licença de Zambelli, seu suplente deverá assumir temporariamente a cadeira, enquanto prosseguem os desdobramentos judiciais e políticos do caso
Google é o ‘médico’ mais procurado para pesquisas sobre remédio e saúde

Farmacêuticos precisam saber orientar população para evitar uso indiscriminado de medicamentos, ressalta conselho Mais brasileiros estão recorrendo à internet para lidar com questões de saúde. É o que aponta um estudo recente do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), que revela que pelo menos seis em cada dez brasileiros utilizam a web para buscar informações sobre sintomas, tratamentos e medicamentos. Em 2022, 63% dos entrevistados afirmavam usar a internet para esse fim. E, em 2024, o índice oscilou para 68%. Já as buscas por informações especificamente sobre remédios saltaram de 47% para 53% no mesmo período. “Não há como impedir esse hábito. As pessoas têm liberdade para buscar informação onde quiserem. Mas, quando o paciente recebe uma orientação segura, baseada em protocolos clínicos e oferecida por um profissional capacitado, ele deixa de adotar práticas arriscadas e passa a usar medicamentos de forma mais consciente”, explica o farmacêutico Ismael Rosa, diretor do ICTQ. “Isso impacta diretamente a segurança do paciente, a prevenção de agravamentos e a eficiência do sistema de saúde”, completa. E se engana quem pensa que a automedicação é feita só por pessoas que usam medicamentos “mais leves”. O estudo do ICTQ aponta que entre os remédios mais usados sem prescrição estão os anti-inflamatórios, mas até os chamados “tarja preta”, como aqueles usados em tratamentos psiquiátricos – que exigem receita médica –, entram nessa lista, ainda que em menor escala. O risco, nesses casos, é ainda maior. “Esses medicamentos são controlados por um motivo. Uma dosagem incorreta ou o uso sem acompanhamento médico podem levar à intoxicação severa e até mesmo à morte, caso não haja um atendimento rápido”, alerta Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Diante disso, para Waltovânio Cordeiro, farmacêutico e representante do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais, é fundamental que os profissionais do setor sejam preparados para orientar as pessoas. “O farmacêutico é, muitas vezes, o profissional de saúde mais acessível à população. Por isso, ele deve orientar sobre o uso correto dos medicamentos. Além disso, os Conselhos Regionais promovem campanhas para incentivar o uso racional e consciente dos remédios”, destaca. Prescrição de remédio por farmacêuticos causa polêmica A Justiça Federal no Distrito Federal suspendeu a resolução número 5, de 20 de fevereiro de 2025, do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que autorizava que farmacêuticos prescrevessem a clientes medicamentos categorizados como tarjados e que, em tese, exigiriam receita médica. A medida, tomada pouco mais de um mês depois de a resolução ter sido aprovada, aconteceu porque a decisão do CFF causou polêmica, e o Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu um pronunciamento contra a resolução. “Ao permitir que farmacêuticos assumam essa função, coloca-se em risco a incolumidade dos pacientes, expondo-os a diagnósticos errôneos, interações medicamentosas inadequadas e até mesmo ao agravamento de patologias não identificadas corretamente”, justificou a entidade médica. O que o farmacêutico pode realmente fazer, de acordo com o Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG), é orientar por escrito sobre os famosos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs). “Os não tarjados ou Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) podem ser prescritos pelo farmacêutico, como forma de registro de seu atendimento, inclusive para orientação por escrito em relação ao uso desses medicamentos pelo paciente”, explica o CRF-MG em resposta ao Super Notícia. Pode vender sem receita? De acordo com André Vartuli, advogado criminalista, vender medicamentos sem receita, sem controle ou fora das farmácias é crime no Brasil. “O Código Penal prevê pena de até dez anos de prisão para quem faz isso. Já quem compra, mesmo sabendo que o remédio exige receita, pode não responder criminalmente, mas participa de uma prática ilegal e perigosa, é conivente com algo que põe em risco a saúde de todos”, afirmou.