Governo Lula busca equilíbrio entre mais arrecadação e alívio no bolso do trabalhador

O governo Lula vive um momento de tensão entre duas frentes que impactam diretamente a vida do brasileiro: de um lado, a promessa de aliviar o bolso de quem ganha menos, com ampliação da isenção do Imposto de Renda e outras medidas de estímulo; de outro, a necessidade de aumentar a arrecadação e manter as contas públicas sob controle. A equipe econômica discute alternativas como revisão de benefícios fiscais e possível aumento de impostos sobre importações e faixas de renda mais alta, enquanto o presidente tenta preservar sua imagem de defensor da classe trabalhadora. As negociações com o Congresso serão decisivas para definir até onde o governo consegue avançar sem perder apoio político e sem piorar o quadro fiscal do país. Relação com o Congresso testa força política de Lula em meio a disputa por orçamento As repercussões políticas das decisões econômicas do governo Lula têm se concentrado em Brasília, onde a relação com o Congresso passa por sucessivos testes. A disputa por controle do orçamento, emendas parlamentares e prioridades de gasto gerou atritos com lideranças do Senado e da Câmara, obrigando o Planalto a reforçar a articulação política. Críticas públicas de senadores a falas de Lula sobre “sequestro do Orçamento” e debates em torno da indicação ao STF mostram um ambiente de desconfiança mútua. Ao mesmo tempo, o governo precisa de votos para aprovar projetos ligados à área econômica, como ajustes tributários e medidas para aumentar a receita. O resultado desse embate influencia diretamente a capacidade do Planalto de cumprir promessas de campanha e manter a governabilidade até 2026.

Análise: Pré-briga, Congresso deu a Lula trunfo para 2026

O pronunciamento em rede nacional de Lula sobre a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) revelou uma estratégia política significativa, com forte apelo popular e tom eleitoral. Análise é de Isabel Mega no CNN Novo Dia. “Durante os seis minutos, a fala de destaque é que isto seria quase um décimo salário para a população”, cita a analista de Política da CNN. A medida, que isenta do IR quem recebe até R$ 5.000 mensais, foi apresentada com exemplos práticos de como o dinheiro extra poderia ser utilizado pela população, incluindo sugestões como a compra de uma televisão para assistir à Copa do Mundo ou presentes de Natal. “Mesmo antes da votação o posicionamento era de consenso”, avalia Mega. “A pauta também era de importância para o Congresso Nacional, para capitalizar isso politicamente”. A aprovação da medida contou com votações unânimes tanto na Câmara quanto no Senado, demonstrando um raro momento de convergência entre Executivo e Legislativo. Notavelmente, a proposta uniu até mesmo rivais políticos de Alagoas, com Arthur Lira e Renan Calheiros atuando como relatores nas respectivas casas legislativas. O timing da aprovação é particularmente interessante, ocorrendo antes do atual momento de tensão entre o Executivo e o Legislativo. A medida representa uma importante entrega política, com vigência prevista para janeiro de 2026, coincidindo com o ano eleitoral. Estratégia de comunicação O pronunciamento foi cuidadosamente construído, apresentando personagens como enfermeiros e professores como pano de fundo para a narrativa.

Michelle Bolsonaro critica aproximação do PL com Ciro; deputado rebate

A presença de Michelle Bolsonaro no lançamento da pré-candidatura de Eduardo Girão (Novo) ao governo do Ceará, no domingo (30/11), em Fortaleza, terminou em desgaste dentro do PL cearense. Diante de uma plateia aliada, a ex-primeira-dama criticou duramente a tentativa de setores do partido de se aproximarem do ex-governador Ciro Gomes (PSDB), movimento que vinha sendo costurado pelo deputado federal André Fernandes (PL-CE), presidente estadual da sigla. Michelle disse que essa articulação é “precipitada” e lembrou que Ciro é um dos mais incisivos opositores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao comentar uma reportagem em que o ex-governador dizia se orgulhar de ter escrito a representação que resultou na inelegibilidade do ex-presidente, ela reagiu: Não é possível sustentar aliança com alguém “que compara a família do presidente a ladrão de galinha”. Em tom de reprimenda, acrescentou que parte do PL local “se precipitou em fazer essa aliança” e que “a essência dele é de esquerda”. Após o evento, Fernandes rebateu as críticas e disse que não houve precipitação alguma. Segundo ele, a própria conversa com Ciro só avançou porque Bolsonaro teria autorizado a composição. “Se houve precipitação, então foi do próprio marido dela. Eu não posso levar a culpa por algo que partiu deles”, afirmou aos jornalistas.

Lula defende isenção do Imposto de Renda e diz que medida vai injetar R$ 28 bilhões na economia

Em pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física e afirmou que a medida deve injetar cerca de R$ 28 bilhões na economia. Segundo ele, a mudança ajuda a aliviar o custo de vida da população de menor renda e contribui para reduzir a desigualdade no país. Lula afirmou que a nova política de isenção é parte do compromisso de campanha de “não cobrar Imposto de Renda de quem ganha pouco” e de recompor, ao menos em parte, as perdas salariais provocadas pela inflação dos últimos anos. O presidente também destacou o impacto direto no consumo: com mais dinheiro no bolso, trabalhadores tendem a gastar em comércio e serviços locais, o que pode movimentar economias regionais. Quem será beneficiado Com a ampliação da faixa de isenção, uma parcela maior de trabalhadores formais deixará de pagar o Imposto de Renda. Na prática, isso significa: De acordo com o governo, o objetivo é que “quem ganha menos não pague, e quem ganha mais contribua de forma mais justa”, reforçando o caráter progressivo do sistema tributário. Efeitos na economia Ao justificar a medida, Lula argumentou que a ampliação da isenção funciona como uma espécie de “14º salário” para milhões de brasileiros, já que aumenta a renda disponível ao longo do ano. Segundo o Planalto, os R$ 28 bilhões que deixarão de ser recolhidos devem retornar à economia na forma de consumo, pagamento de dívidas e investimentos familiares, como reforma de casa, compra de eletrodomésticos e gastos com educação. Economistas ouvidos pela imprensa avaliam que: O governo afirma que está buscando formas de compensar a renúncia de receita por meio de combate à sonegação, revisão de benefícios tributários e aumento de arrecadação em faixas de maior renda. Debate político e críticas O pronunciamento também teve forte repercussão política. Aliados do governo classificaram a decisão como uma “vitória da classe trabalhadora” e reforçaram que a correção da tabela do IR vinha sendo cobrada há anos por especialistas e centrais sindicais. Já críticos da medida questionam: Mesmo com as críticas, o Planalto aposta na popularidade da medida e na narrativa de que o governo estaria “devolvendo” parte da carga tributária aos mais pobres. Próximos passos Parte das mudanças na tabela do Imposto de Renda já está em vigor, mas outras etapas podem depender de aprovação no Congresso Nacional, especialmente se novas alterações forem propostas para as faixas superiores de renda ou para a tributação de lucros e dividendos. O governo promete continuar discutindo o tema com o Legislativo e afirma que a ampliação da isenção é apenas uma das etapas de uma agenda maior de justiça tributária.

Emissário de Lula apela ao coração alvinegro de Kalil

O presidente nacional do PT, Edinho Silva, mostrou que não está para brincadeira na tentativa de buscar uma composição com o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PDT), nas eleições de 2026. Edinho veio decidido a tocar o coração do ex-chefe do Poder Executivo municipal e buscou o seu ponto fraco: a paixão pelo Atlético-MG. Na terça-feira (25/11), viu o jogo do time contra o Flamengo ao lado de Kalil. Há quem diga que, depois dessa, o ex-prefeito dificilmente não estará junto com o PT no ano que vem. O ex-chefe do Poder Executivo municipal já caminhou junto com o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2022, Kalil, então no PSD, foi candidato ao governo de Minas Gerais tendo o ex-deputado estadual André Quintão como vice. Ao final da campanha, que teve como vencedor o governador Romeu Zema (Novo), Kalil passou a fazer críticas ao PT e chegou a recusar, no ano passado, convite feito por Lula para jantar durante passagem do presidente por Belo Horizonte.

Governo Lula lança pacote para tentar segurar alta dos preços; veja o que muda no seu bolso

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um pacote de medidas para tentar segurar a inflação e aliviar o peso do custo de vida no bolso dos brasileiros, principalmente das famílias de baixa renda. A promessa do Planalto é clara: proteger o poder de compra em um momento de alta nos preços de alimentos, energia e serviços básicos. O que o governo está prometendo Entre as principais medidas anunciadas estão: Como isso pode te afetar na prática Se as medidas saírem do papel como o governo promete, o impacto esperado é: Por outro lado, economistas alertam que o efeito pode ser limitado e de curto prazo se não houver controle de gastos públicos e coordenação com a política de juros do Banco Central. Congresso ainda precisa aprovar parte do pacote Nem tudo depende apenas do governo federal.Algumas das medidas anunciadas precisam passar pelo Congresso Nacional, o que pode atrasar ou até modificar as propostas. O Planalto diz já estar em articulação com líderes partidários para tentar acelerar a votação e promete acompanhar mês a mês o impacto das ações sobre a inflação e o custo de vida.

Brasil deu ‘lição de democracia’ ao mundo, diz Lula sobre prisão de Bolsonaro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quarta-feira (26) que o Brasil “deu uma lição de democracia ao mundo” ao concluir o julgamento do núcleo central da trama golpista que resultou na prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. As afirmações foram feitas durante cerimônia no Palácio do Planalto, onde foi sancionada a lei que isenta de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. Segundo Lula, o desfecho do caso — que terminou com o trânsito em julgado das condenações e a ordem de prisão para Bolsonaro e outros investigados — simboliza a força das instituições brasileiras. “Ontem este país deu uma lição de democracia ao mundo, sem um alarde. A Justiça brasileira mostrou sua força, não se amedrontou com ameaças de fora e fez um julgamento primoroso, sem uma denúncia de oposição”, afirmou o presidente diante de ministros, parlamentares aliados e assessores. Esta foi a primeira vez que Lula se manifestou após o Supremo Tribunal Federal encerrar definitivamente o processo. Ele destacou que o sentido do momento não está na prisão em si, mas no que considera um marco institucional: “Pela primeira vez você tem alguém preso por ameaça de golpe, tem quatro generais e um ex-presidente, numa democracia que vale para todos e não é privilégio de alguém. Estou feliz não pela prisão de alguém, mas por ver que o Brasil estava maduro para exercer sua democracia”. A declaração ocorreu durante a sanção da lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. O presidente interrompeu o discurso econômico para abordar o julgamento, tema que dominou o noticiário político desde a véspera.

Trump recua, Lula avança — e Bolsonaro assiste da arquibancada da PF

Em artigo publicado nesta terça, na Veja, Matheus Leitão, liga vitória da diplomacia brasileira e ocaso de Bolsonaro. Segundo ele, a repercussão do The New York Times sobre a derrota de Donald Trump numa queda de braço com o Brasil não é um detalhe. “É um daqueles episódios que expõem, de maneira quase didática, como a diplomacia pode virar o jogo quando aplicada com método — e quando o adversário subestima o tabuleiro”, escreve. “Como lembrou o jornal, Washington tentou pressionar Lula para aliviar a barra de Jair Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe. Pressionou forte. Mandou carta dura. Reclamou. Fez ameaças usando o comércio. E o governo brasileiro, em vez de procurar a porta de saída mais próxima, manteve a posição, negociou nos bastidores e deixou Lula usar sua lábia política com o presidente dos Estados Unidos. Resultado: meses depois, quem cedeu foi Trump. As tarifas caíram, a retaliação murchou e o Brasil saiu maior do que entrou na briga. Nenhum desses movimentos foi anunciado primeiramente em palanque. E talvez por isso mesmo funcionaram”, intui. “A ironia do episódio é que Bolsonaro, que sempre tratou Trump como farol moral, bússola espiritual e eventual fiador jurídico (risos), agora observa tudo da arquibancada da Polícia Federal. Preso preventivamente, o ex-presidente assiste à cena mais improvável da última década: seu ídolo sendo obrigado a ler sobre um revés diplomático diante justamente de Lula — o inimigo que ele sempre tentou desumanizar…” E completa: “Isso não é nada trivial. Ao recuar, Trump sinaliza que o Brasil de hoje possui peso suficiente para exigir renegociação, que Washington não pode mais simplesmente atropelar decisões internas do país e que a intimidação comercial deixou de render dividendos automáticos. E esse reconhecimento, vindo de quem vem, dói em Bolsonaro tanto quanto alguns despachos judiciais. e que a intimidação comercial deixou de render dividendos automáticos. E esse reconhecimento, vindo de quem vem, dói em Bolsonaro tanto quanto alguns despachos judiciais. Lula operou no estilo que domina: fala brava para o público interno e pragmatismo silencioso na mesa de negociação. Não rompeu, não bateu porta — fez o que sabe fazer. Enquanto parte da classe política apostava que o Brasil se encolheria, o presidente percebeu que poderia crescer em meio a adversidades. Uma aula que, ao que tudo indica, Bolsonaro terá bastante tempo refletir — da arquibancada cativa da PF em Brasília”.