China detecta coronavírus em carne de frango importado do Brasil

 – País submeteu imediatamente a exames de diagnóstico as pessoas que tiveram contato com os produtos contaminados, assim como seus parentes – Autoridades da China anunciaram nesta quinta-feira (13) que detectaram o coronavírus responsável pela Covid-19 em um controle de rotina de frango importado do Brasil, o maior produtor mundial. As amostras foram coletadas na terça-feira, em asas de frango congeladas brasileiras, informou em um comunicado a prefeitura de Shenzhen (sul), perto de Hong Kong. O vírus também foi detectado, pela segunda vez, em camarões procedentes do Equador. A China submeteu imediatamente a exames de diagnóstico as pessoas que tiveram contato com os produtos contaminados, assim como seus parentes. Todos os testes apresentaram resultado negativo, segundo o comunicado. A contaminação de frango brasileiro pode provocar uma nova queda das exportações brasileiras para a China. Em fevereiro de 2019, Pequim passou a aplicar por cinco anos tarifas antidumping ao frango brasileiro, que vão de 17,8% a 32,4%. O Brasil, maior produtor mundial de carne de frango, era até 2017 o principal fornecedor de frango congelado para a China, por um valor que se aproximava de US$ 1 bilhão por ano e um volume que representava quase 85% das importações do gigante asiático. Nos últimos anos o país perdeu parte do mercado para Tailândia, Argentina e Chile, de acordo com a consultoria especializada Zhiyan. Camarões Na província de Anhui, a prefeitura da cidade de Wuhu anunciou ter detectado a presença do coronavírus em embalagens de camarões procedentes do Equador. Os pacotes estavam conservados no congelador de um restaurante da cidade. É a segunda vez desde o início de julho que a China informa a presença do vírus em pacotes de camarões equatorianos. No dia 10 de julho, a Administração da Alfândega da China fez testes com amostras de um contêiner e com pacotes de camarões brancos do Pacífico que apresentaram resultados positivos para o novo coronavírus. As avaliações aconteceram nos porto de Dalian (nordeste) e Xiamen (leste). De acordo com os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Equador produziu em 2018 quase 500 mil toneladas de camarões. Desse total, 98 mil foram importadas à China, um mercado em plena expansão. Um ano antes, as exportações alcançaram apenas 16 mil toneladas. Em junho, o grande mercado atacadista de Xinfadi, em Pequim, foi fechado após a detecção de um foco epidêmico que afetou centenas de pessoas. Restos de vírus foram detectados em uma tábua de corte de salmão importado. A China – onde o coronavírus foi detectado pela primeira vez, no fim de 2019 – controlou em grande medida a epidemia, segundo os dados oficiais. Nesta quinta-feira, o país anunciou um balanço diário de 19 contágios. A última morte provocada pelo vírus aconteceu em maio. O Brasil é o segundo país do mundo mais afetado pela Covid-19, atrás dos Estados Unidos, com mais de 104 mil mortes e 3,16 milhões de casos. O Equador tem um balanço de quase 6 mil óbitos e mais de 97 mil casos confirmados. A Covid-19 é uma doença respiratória e, até o momento, nada indica que pode ser transmitida por meio da ingestão de produtos contaminados. Focos de contágio foram registrados em matadouros de vários países, como Alemanha, França, Estados Unidos ou Bélgica. Via Vermelho

Vacina chinesa contra Covid-19 inicia teste no Brasil, aplicação em voluntários deve levar 3 meses

Uma potencial vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela empresa chinesa SinoVac Biotech começou a ser testada em voluntários brasileiros nesta terça-feira em um estudo liderado pelo Instituto Butantan, vinculado ao governo do Estado de São Paulo, e a aplicação de duas doses das vacinas em 9 mil voluntários deve demorar cerca de três meses. “A perspectiva é que os 9 mil voluntários sejam incluídos até meados de setembro disse o diretor do Butantan, Dimas Covas, em entrevista coletiva no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), onde a primeira voluntária do teste recebeu a aplicação da candidata a vacina. “É um tempo relativamente curto, em se tratando de 9 mil voluntários, mas a urgência da situação nos indica que seria prudente que se fizesse isso o mais rapidamente possível para podermos ter os resultados e o oferecimento do registro dessa vacina antes do fim do ano”, acrescentou. Somente no HC da USP 890 voluntários participarão do estudo clínico, que será realizado também em outros 12 centros de pesquisa em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Distrito Federal. A expectativa do diretor do Butantan é que, até o final da próxima semana, todos os centros de pesquisa participantes do estudo já estejam vacinando voluntários. A potencial vacina contra Covid-19 da SinoVac está na Fase 3 de estudos clínicos em humanos, a última antes do registro junto a autoridades regulatórias, e a expectativa é que, se os testes forem concluídos ainda neste ano e a eficácia da vacina for comprovada, ela esteja disponível para a população no início do ano que vem. O acordo entre a SinoVac e o Butantan prevê a chegada ao Brasil em setembro de 120 milhões de doses da vacina, o que permitirá a vacinação de 60 milhões de pessoas caso ela tenha a eficácia comprovada. Além disso, prevê também a transferência de tecnologia para a produção local da vacina pelo Butantan, a uma capacidade anual de 100 milhões de doses. Além da vacina da SinoVac, também está sendo testada no Brasil uma candidata a vacina contra a Covid-19 desenvolvida em parceria pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, com a farmacêutica AstraZeneca, em um estudo liderado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Da Agência Reuters

Cortes no orçamento da ciência impactam pesquisa sobre Covid-19

 – Segundo algumas das principais entidades científicas do país, as verbas liberadas pelo governo ainda estão longe de serem suficientes – A política de desmonte do Estado iniciada no governo de Michel Temer e continuada no governo de Jair Bolsonaro levou a um estado de profunda desvalorização da ciência e da pesquisa. Matéria do repórter Phillippe Watanabe publicada nesta segunda-feira (18) no jornal Folha de S. Paulo mostra que, apesar da liberação de mais verbas para pesquisas devido à pandemia, o valor ainda está muito aquém do necessário para um setor que amarga anos de negligência. Segundo algumas das principais entidades científicas do país, as verbas ainda estão longe de serem suficientes. Além disso, os cortes passados de investimentos se refletem agora na dificuldade do país em lidar com a Covid-19. O governo federal destinou pelo menos R$ 100 milhões, provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), para o enfrentamento científico da pandemia, parte desse recurso destinado a projetos de pesquisa. No dia 7 de maio, durante a Marcha Virtual pela Ciência, o ministro Marcos Pontes anunciou outros R$ 352 milhões em recursos para projetos de pesquisa, inovação e infraestrutura no combate a pandemias, valor que deve ajudar a criar laboratórios de biossegurança nível 4 (o mais elevado e dedicado ao trabalho com patógenos que podem ser transmitidos pelo ar). Mesmo com os novos investimentos, entretanto, pesquisadores afirmam que o volume ainda não é suficiente, levando em conta ainda os cortes que o orçamento da ciência sofreu nos últimos anos. A ideia de representantes daSociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC) é da liberação integral dos valores do bilionário FNDCT. Segundo Helena Nader, vice-presidente da ABC, são positivos os investimentos atuais contra a pandemia, mas os valores ainda são baixos. “Eu acho que o coronavírus mostra que a ciência é potente e está dando respostas”, avalia ela. “A parte de saúde coletiva, epidemiologia, mostra a força que o país tem. É uma área que vem da época do Oswaldo Cruz. Mas o recurso, mesmo para o coronavírus, é pífio na minha visão.” Ildeu de Castro Moreira, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente da SBPC, afirma que sociedades científicas tinham proposto um valor de pelo menos R$ 500 milhões (valor que se aproxima ao anunciado por Pontes). “Certamente foi um avanço importante [o valor anunciado pelo ministro]. Mas continuamos insistindo na liberação integral dos recursos do FNDCT, que serão muito importantes também para a saída da crise econômica”, afirma Moreira. “Ele [o fundo] é um reserva de contingência. Se é um momento que estamos precisando de reserva para enfrentar essa situação crítica, é agora. Estamos tentando através de várias maneiras convencer a liberação”, completa. Os valores do fundo poderiam ser aproveitados, segundo Moreira, para fomento à inovação tecnológica, em particular em pequenas e médias empresas e para a infraestrutura de laboratórios que devem ser recuperados e atualizados, o que pode ajudar em questões de saúde e em outras nas quais o país sofre de dependência tecnológica. O baixo investimento em ciência nos últimos governos pode ser visto na prática nos problemas do país com os testes para o novo coronavírus. “O fato da ciência ter sido ‘desfinanciada’ nos últimos anos fez com que muitos laboratórios tivessem dificuldade. No momento, ter que importar insumos, com o mundo inteiro tentando enfrentar a pandemia, fica mais difícil, com preços mais caros”, diz o presidente da SBPC. Moreira afirma que o país precisa aproveitar o momento, que trouxe a percepção que a ciência é importante para a sobrevivência literal das pessoas, os motores da economia. Acrescenta ademais que o recurso integral do FNDCT não é importante só para o combate contra a Covid-19 neste momento, mas também para o processo posterior à pandemia. “Parar de investir em ciência foi a maior burrice que o país fez”, afirma Nader. O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC) se justificou afirmando que em em fevereiro começou a se mobilizar, escutar pesquisadores e instituir ações prioritárias quanto a Covid-19 —e que uma delas seria a liberação dos R$ 100 milhões do FNDCT. O MCTIC disse também que fez contratações diretas de grupos de pesquisa na área de sequenciamento do vírus, investiu em produção de insumos para fabricação de testes diagnósticos e que foram destinados recursos para produção de vacinas em São Paulo e Minas Gerais e para pesquisa de drogas. No entanto, a reportagem não detalha o valor de nenhum desses investimentos. O governo alega ainda que houve investimento do setor privado para pesquisas, como é o caso do Instituto Serrapilheira e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR). Fonte: Folha de S. Paulo

Bolsonaro demite presidente da CNPq

 – Órgão vem sofrendo cortes e rebaixamentos desde o início do governo – O governo de Bolsonaro demitiu nesta sexta-feira (17) o presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), João Luiz Filgueiras de Azevedo. O órgão, responsável pelo investimento em pesquisa científica, esteve envolvido em diversas decisões polêmicas do governo. Segundo a Folha de S. Paulo, Azevedo não foi informado da exoneração e descobriu apenas após a publicação no Diário Oficial da União (DOU). O cargo será assumido por Evaldo Ferreira Vilela, antigo reitor na Universidade Federal de Viçosa. (UFV). O CNPq é ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, comandado por Marcos Pontes. Durante a atual gestão, o órgão foi rebaixado dentro da hierarquia no ministério, e perdeu investimentos, que levaram à redução da quantidade de bolsas oferecidas e concentraram os recursos arrecadados no final do ano. Em março, as ciências humanas foram excluídas das prioridades do CNPq, mas a medida foi revertida após má repercussão. Azevedo teria defendido, internamente, a manutenção da independência do órgão.

Pesquisadores estimam que Brasil tem 225 mil casos não notificados de coronavírus

No último sábado, o número real de infectados já estava em torno de 245 mil, afirma um relatório produzido por um grupo interdisciplinar que inclui epidemiologistas e pesquisadores de outras áreas. O número é mais de 10 vezes maior do que os casos oficialmente admitidos pelo governo federal O Brasil tem cerca de 245 mil casos de infectados pelo novo coronavírus, dez vezes mais do que o que se encontra notificado pelas secretarias estaduais e pelo Ministério da Saúde. A informação é do Nois (Nucleo de Operações e Inteligência em Saúde), que envolve a PUC-Rio, a Fiocruz, a USP e outras instituições. Os pesquisadores montaram a estimativa a partir das taxas de letalidade da doença no país, calculada pelo número de morte dividido pelo número de casos, destaca reportagem de O Globo.

Empresário e sanitarista são presos por fabricarem álcool em gel adulterado

 – Homens aproveitaram a busca pelo produto para vender composto falsificado em Campo Grande – Dois homens foram presos suspeitos de fabricar álcool em gel adulterado em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. A dupla não possui autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fabricar o produto. De acordo com a Polícia Civil, o empresário, de 44 anos, e o sanitarista ambiental, de 43, estariam se aproveitando da grande procura pelo produto devido à pandemia do coronavírus. O empresário, que possui uma fábrica de produtos de limpeza, já havia distribuído o produto irregular para estabelecimento e ainda falsificou uma autorização da Anvisa. Na fábrica, foram encontrados cerca de mil litros de álcool puro, 98%, combustível estocado sem autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A fábrica foi imediatamente interditada até que seja regularizada. https://emcimadanoticia.com/2020/03/18/coronavirus-saiba-o-que-e-como-tratar-e-se-prevenir/

Governo aposta em modelo ultrapassado baseado no petróleo e ignora energia renovável

 – Especialistas ouvidos pelo BdF analisam Plano Decenal de Energia (PDE) 2029, apresentado pela gestão Bolsonaro – Nos próximos dez anos, o Brasil vai canalizar mais de 70% dos investimentos em energia para a produção de petróleo e gás, 19,6% para o setor elétrico e 2,3% para a ampliação da oferta de biocombustíveis. Será empregado um total de R$ 2,34 trilhões na cadeia energética até lá, segundo previsão do Ministério das Minas e Energia (MME). Ao priorizar a matriz energética de hidrocarbonetos, sem uma maior atenção com as energias alternativas e renováveis, o país fortalece o descompromisso com as metas ambientais e climáticas, que hoje tão o tom dos debates em todo o mundo. É o que afirma o diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), William Nozaki. “Isso vem na contramão das estratégias nacionais, empresariais, que têm se preocupado em como organizar a transição energética das próximas décadas. Na prática, ele reafirma um modelo de política energética do século 20, e não do século 21.” Os números sobre a projeção dos investimentos constam no Plano Decenal de Energia (PDE) 2029, apresentado pelo MME no último dia 11. Elaborado anualmente, o documento tem a finalidade de indicar as perspectivas de expansão do setor e pensar o horizonte a ser alcançado pelo país dentro de uma década. Para William Nozaki, é aceitável que, após a descoberta do pré-sal, o país utilize e reafirme o petróleo como um elemento importante da matriz energética. Ele pontua, no entanto, a importância de garantir uma visão de futuro em relação ao tema, que hoje passa por grandes transformações ao nível global. “A política adotada deveria vir acompanhada de uma preocupação estratégica de médio e longo prazo com a diversificação das fontes que compõem a matriz energética e com o investimento em energias alternativas e renováveis”, acrescenta Nozaki. Grandes petrolíferas de referência mundial, como Equinor (Noruega), Total S.A. (França), Shell (anglo-holandesa) e companhias asiáticas, fazem investimentos volumosos na transição energética, a partir da riqueza obtida com a produção de petróleo, gás e derivados. A postura dessas empresas se insere num contexto em que o mundo vive uma transição entre uma produção de energia focada em combustíveis fósseis e a adoção de um modelo de baixo carbono, que tem menor impacto na natureza. Desindustrialização Especialistas observam ainda um outro problema no PDE apresentado pelo governo: os investimentos anunciados para o setor de petróleo estão focados na produção de óleo cru, geralmente destinado à exportação. O plano estima que, em 2029, a produção de petróleo vai atingir a marca dos 5,5 milhões de barris ao dia, aproximadamente o dobro do registrado em 2018, por exemplo. “Eles querem que o Brasil vire um grande exportador de petróleo bruto, sem industrialização”, sublinha Gilberto Cervinski, coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens e mestre em Energia pela Universidade Federal do ABC. O Brasil vai importar gasolina, óleo diesel, querosene. Veja, você exporta petróleo bruto e importa refinado. As reservas de petróleo do país chamam a atenção do mundo. Estimativas de pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), por exemplo, indicam que o pré-sal teria uma reserva de 170 bilhões de barris, o que coloca o país na terceira posição mundial, perdendo apenas para Venezuela e Arábia Saudita em termos de capacidade. “Um país que tem uma reserva tão grande poderia criar uma série de estímulos para essa indústria. A meta deles de refino é praticamente zero de aumento. O Brasil vai importar gasolina, óleo diesel, querosene. Veja, você exporta petróleo bruto e importa refinado. Por que isso? Isso significa que os empregos vão ser gerados fora do país”, analisa Cervinski. Para o dirigente do MAB, a adoção desse modelo entre em choque com os interesses do campo popular. “Para um país que tem 12 milhões de desempregados, é um absurdo, pois você poderia gerar empregos aqui. Mas isso é exatamente o que é esse governo, um governo voltado pra atender os interesses do capital internacional e das empresas transnacionais. Ele não está interessado em satisfazer as necessidades do povo”, critica. Para o secretário de Assuntos Jurídicos e Institucionais da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, ao adotar essa política, o atual governo reduz a importância e a capacidade do parque industrial já constituído pelo Brasil, cujo patrimônio no setor está vinculado especialmente à estrutura da Petrobras e de suas subsidiárias. “Paulo Guedes e Bolsonaro entendem que o Brasil é um país que tem a sua natureza de apenas de exportar commodities, entre elas, o petróleo, e nós temos colocado que isso é um contrassenso, principalmente diante do que as grandes empresas do mundo têm feito”, afirma Bacelar. O Brasil tem, ao todo, 17 refinarias de petróleo, sendo 13 delas da Petrobras, que respondem por 98,2% da capacidade total de refino do país Por Cristiane Sampaio – Brasil de Fato

“Astronauta” Marcos Pontes ironiza olavistas do governo e “prova” que a terra não é plana

 – Ministro compartilhou fotos da Terra capturadas por satélite da Nasa durante o ano passado – O ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, compartilhou na noite desta terça-feira (21), em seu perfil no Twitter, uma publicação da Nasa que mostra imagens da Terra capturadas por satélite durante o ano passado. Ministro usou uma das imagens para ironizar os adeptos ao terraplanismo. “Para quem AINDA acha que a Terra é plana veja segunda foto…kkk”, escreveu o “astronauta”, em referência a uma imagem na qual é evidente a aparência esférica do planeta. Uma das invertidas que o ministro recebeu nas redes veio da deputada federal Jandira Feghali. “Avise seu Governo”, ironizou. A teoria da “terra plana” também é defendida por Olavo de Carvalho, guru do governo de Jair Bolsonaro. Em tuíte no começo do ano passado, o astrólogo disse que “não há nada que refute” a ideia. “Não estudei o assunto da terra plana. Só assisti a uns vídeos de experimentos que mostram a planicidade das superfícies aquáticas, e não consegui encontrar, até agora, nada que os refute”, escreveu. Confira: Para quem AINDA acha que a Terra é plana veja segunda foto…kkk https://t.co/0FaPiaDxgR — Marcos Pontes (@Astro_Pontes) January 22, 2020

Centro de Microscopia da UFMG é referência para pesquisadores

 Análise de objetos na ordem de poucos mícrons é fundamental para a impulsionar a indústria; aparelhos são usados por mais de 90 empresas e mil cientistas No chão de uma sala, abaixo do piso, uma caixa de concreto é sustentada por pilastras assentadas a 30 metros de profundidade e cercada por areia seca. Em vez de usar ar-condicionados tradicionais, o ar é refrigerado por água gelada que corre no teto. À primeira vista, pode parecer a descrição de uma fortaleza para suportar um objeto pesado. Mas, na verdade, é o contrário: a estrutura existe para comportar algo menor que um grão de areia. Assim é uma das salas do Centro de Microscopia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No ambiente descrito, um microscópio é capaz de gerar imagens de alta resolução de objetos com nanômetros de tamanho (ou seja, pelo menos um bilhão de vezes menores que um metro). Por isso, a estrutura precisa ser firme o bastante para evitar qualquer vibração. “A microscopia é uma maneira de enxergar o que é muito pequeno. A partir de microscópios convencionais, que usam luz, você consegue ver objetos na ordem de poucos mícrons, que são milionésimos do metro. Mas a gente quer ver menor ainda”, explica o físico Wagner Nunes Rodrigues, diretor do centro. Não é questão de mera curiosidade: a microscopia é essencial para pesquisas da universidade e para a indústria. Cerca de mil pesquisadores brasileiros e de outros lugares da América Latina utilizam o centro regularmente para desenvolver estudos. Uma delas é a estudante de mestrado Ana Luisa Simões, 24, que analisa catalisadores, materiais capazes de acelerar processos de fabricação de produtos industriais. A pesquisa dela, que está no começo, foca em um material para produção de tijolos e concreto. “Ele é mais resistente e menos poluidor que o cimento tradicional. E pode ser feito com rejeito de mineração”, diz. Até chegar à produção em larga escala, é preciso que ela avalie microscopicamente os processos envolvidos. Não à toa, empresas como a Vale, a Cemig e a mineradora Kinross são algumas das cerca de 90 que já utilizaram alguns dos 11 microscópios eletrônicos do centro. Com eles, é possível analisar de forma precisa a mais sutil presença de metais preciosos em determinada amostra de solo, por exemplo. “A empresa precisa saber o processo para extrair o material e se ele existe no ponto onde está explorando”, explica Rodrigues. Elas podem utilizar o centro mediante pagamento, que é o principal recurso para manter o lugar funcionando – a UFMG arca com 10% das despesas. Pesquisadores universitários também pagam, mas um valor bem menor, subsidiado pela universidade. Em tempos de contingenciamento de recursos para a instituição, Rodrigues nota efeitos colaterais: menos pesquisadores têm procurado o centro e o ar-condicionado tem sido desligado nas salas onde não é essencial para manter os equipamentos funcionando. Imagens reconhecidas Em 2018, uma imagem produzida no Centro de Microscopia da UFMG apareceu na lista das mais relevantes do ano feita pela revista “Nature”, umas das principais publicações científicas do mundo. Trata-se de uma imagem do tupanvírus, o maior e mais complexo vírus já descoberto. Para Rodrigues, é um dos exemplos do objetivo do centro: “Para que a universidade seja de alto nível, é importante estar na fronteira do conhecimento, ser um lugar que o produz, onde existe pesquisa científica e tecnológica nas suas diferentes áreas”, destaca. O centro também é fundamental na produção de grafeno em Minas. O material, que chega a valer mais que ouro, pode ser utilizado na produção de chips e baterias mais rápidas, por exemplo, e já está em produção no campus da UFMG, na empresa MGgrafeno, a primeira a fabricar grafeno no Brasil. “A gente tem uma parceria muito grande com o Centro de Microscopia, porque é preciso caracterizar o grafeno no começo, meio e fim da produção”, diz Flávio Plentz, um dos pesquisadores à frente do projeto. É a partir das imagens de microscopia que a equipe atesta a qualidade do produto – contando exatamente quantas fileiras de átomos de carbono as amostras têm.

Balbúrdia: Pesquisa da USP leva paciente terminal a ter alta após terapia genética

 Ao contrário do que afirma o ministro da Educação e o governo Bolsonaro, pesquisadores da USP apoiados pela Fapesp e o CNPq desenvolveram um procedimento próprio de aplicação de uma técnica capaz de curar o câncer no sangue Embora o ministro da Educação, Abraham Weintraub, tenha afirmado que as universidades públicas brasileiras são verdadeiros antros de balbúrdia, opinião corroborada por Jair Bolsonaro, a realidade é bem diferente. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), desenvolveram uma técnica capaz de causar a remissão do câncer. Um paciente de 62 anos, que tinha linfoma em fase terminal e tomava morfina todo dia, deve receber alta neste sábado (12), depois de ser submetido a um tratamento inédito na América Latina. Ele deixará o hospital completamente livre dos sintomas do câncer, graças a um método 100% brasileiro, baseado em uma técnica de terapia genética descoberta no exterior e conhecida como CART-Cell. Os médicos e pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC-Fapesp-USP) do Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, dizem que o paciente está “virtualmente” livre da doença. Eles evitam falar em cura ainda, porque o diagnóstico final só pode ser dado após cinco anos de acompanhamento. No entanto, tecnicamente, os exames apontam a “remissão do câncer”. Os pesquisadores da USP, com auxílio da Fapesp e do CNPq, desenvolveram um procedimento próprio de aplicação do CART-Cell. A técnica é recente, foi criada nos EUA e está em fase de pesquisas. O paciente que se submeteu ao tratamento é o funcionário público mineiro Vamberto, aposentado de 62 anos. Em um procedimento paliativo, com dose máxima de morfina, seu tumor tinha se espalhado para os ossos. O prognóstico era de menos de um ano de vida. Como última tentativa, os médicos incluíram Vamberto em um “protocolo de pesquisa” e testaram a nova terapia, nunca aplicada no Brasil. Melhora O método consiste na manipulação de células do sistema imunológico para que elas possam combater as células causadoras do câncer. De acordo com os médicos, Vamberto, após quatro dias, deixou de sentir as fortes dores causadas pela doença e, em uma semana, voltou a andar. “Essa primeira fase do tratamento foi milagrosa”, disse, em entrevista ao G1, o hematologista Dimas Tadeu Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular (CTC-Fapesp) e do Instituto Nacional de Células Tronco e Terapia Celular, apoiado pelo CNPq e pelo Ministério da Saúde. “Não tem mais manifestação da doença, ele era cheio de nódulos linfáticos pelo corpo. Sumiram todos. Ele tinha uma dor intratável, dependia de morfina todo dia. É uma história com final muito feliz”, revela. Foto: Divulgação/HCFMRP/Divulgação Combate “As células vão crescer no organismo do paciente e vão combater o tumor”, disse Renato Luiz Cunha, outro responsável pelo estudo. “E desenvolvemos uma tecnologia 100% brasileira, de um tratamento que nos EUA custa mais de US$ 1 milhão. Esperamos que ela possa ser, no futuro, acessível a todos os pacientes do SUS”. Em 2018, Cunha recebeu o prêmio da Associação Americana de Hematologia (ASH), nos EUA, para desenvolver este estudo no Brasil. Via: Revista Fórum