Presidente afirmou que pessoas que tomaram duas doses do imunizante contra o novo coronavírus no Reino Unido estão desenvolvendo a doença

O Comitê de HIV/aids da Sociedade Brasileira de Infectologia também reagiu às declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre relação da vacina contra a covid-19 e síndrome da imunodeficiência adquirida.

Em sua live de quinta-feira (21), Bolsonaro disse que pessoas que tomaram duas doses do imunizante contra o coronavírus no Reino Unido estão desenvolvendo aids.

Em nota emitida no sábado (23), o comitê ressaltou não conhecer nenhuma relação entre a vacina e o desenvolvimento da doença. Também destacou a importância de as pessoas que vivem com HIV/aids fazerem o ciclo completo da vacinação. Por fim, o comitê registrou repudiar notícias falsas que façam menção a “esta associação inexistente”.

Em sua live, Bolsonaro pegou uma espécie de jornal em que estaria registrada a notícia e leu: “Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados (15 dias após a segunda dose) estão desenvolvendo a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (aids) muito mais rápido que o previsto”.

A fake news que relaciona vacinas com o desenvolvimento da doença já era conhecida a ponto de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter reforçado a importância de portadores de HIV serem imunizados contra a covid-19.

A propagação da mentira no momento em que o Brasil atinge mais da metade de sua população com a vacinação completa gerou revolta e críticas entre cientistas e políticos nas redes sociais.

Na quarta-feira (20), o relator Renan Calheiros (MDB-AL) incluiu, no relatório final da comissão, a disseminação de notícias falsas e desinformação sobre a pandemia no país entre os fatores responsáveis pelos óbitos decorrentes da covid-19.

Segundo o senador, as fake news resultaram em mortes que poderiam ter sido evitadas, uma vez que teriam gerado “uma exposição perigosa e desnecessária ao novo coronavírus” e, consequentemente, contribuído “para a perda de vidas adicionais” durante a crise sanitária.

Confira a íntegra da nota da entidade

NOTA DE ESCLARECIMENTO

O Comitê de HIV/aids da Sociedade Brasileira de Infectologia vem a público esclarecer que:

Não se conhece nenhuma relação entre qualquer vacina contra a COVID-19 e o desenvolvimento de síndrome da imunodeficiência adquirida;
Pessoas que vivem com HIV/aids devem ser completamente vacinados para COVID-19. Destacamos inclusive a liberação da dose de reforço (terceira dose) para todos que receberam a segunda dose há mais de 28 dias.
Repudiamos toda e qualquer notícia falsa que circule e faça menção a esta associação inexistente.
São Paulo, 23 de outubro de 2021.

COMITÊ CIENTÍFICO DE HIV/AIDS DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA

Presidente moleque requenta fake news que associa vacina contra Covid-19 a HIV/Aids

Políticos também reagem

A classe política também reagiu. Diversos deputados da oposição ressaltam a característica criminosa da declaração de Bolsonaro. “Bolsonaro mais uma vez usou documento falso para atacar as vacinas e associá-las a aids. Lamentável que essa seja a prioridade do presidente de um país com mais de 600 mil mortos, 20 milhões de famintos e 14 milhões de desempregados. Mais um crime na ficha de Bolsonaro”, disse o líder da minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PSB-RJ).

O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), que é o coordenador da Frente de Enfrentamento ao HIV/aids/hepatites virais no Congresso Nacional, disse em seu perfil na rede social que pretende entrar com “medidas jurídicas” contra o presidente pela fala.

Manuela D’Ávila (PCdoB), que concorreu à vice-presidência da República em 2018, disse que o presidente “segue com seu projeto de morte” ao espalhar a fake news em sua Live.

Na quarta-feira, 20, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) incluiu, no relatório final da comissão, a disseminação de notícias falsas e desinformação sobre a pandemia no País entre os fatores responsáveis pelos óbitos decorrentes da COVID-19.

Segundo o senador, as fake news resultaram em mortes que poderiam ter sido evitadas, uma vez que teriam gerado “uma exposição perigosa e desnecessária ao novo coronavírus” e, consequentemente, contribuído “para a perda de vidas adicionais” durante a crise sanitária.

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