Supervisores e técnicos do Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG, que atuam pelo escritório regional de Montes Claros do Sistema Faemg, junto a presidentes de sindicatos de produtores rurais de diversas cidades do Norte de Minas, participam de dois importantes eventos que debatem alternativas para a convivência produtiva no semiárido. O 10º Congresso Internacional de Palma e Cochonilha e o 3º Agropec Semiárido reúnem, em João Pessoa-PB, representantes de 16 países em mais de 60 palestras e apresentações de 134 trabalhos científicos, além de visitas técnicas a fazendas de referência na região do nordeste do país.
Os eventos têm como objetivo apresentar alternativas para que a produção rural não pare diante dos desafios com os períodos de seca e em regiões com chuvas escassas. Entre os temas em debate, o maior destaque ficou para o uso da palma forrageira na alimentação animal. A palma tem baixo custo de produção por quilo, se adapta a uma grande gama de climas e solos, e ainda permite a produção de um alimento de alta qualidade, rico em vários nutrientes. A região nordeste do país tem avançado em pesquisas com o uso da palma dentro da rotina de nutrição animal, como parte estratégica das propriedades rurais.
“Grande parte do estado de Minas Gerais faz parte do semiárido e, cada vez mais, a gente tem que trabalhar estas questões de resiliência climática e convivência com a seca. Tudo isso possibilita ao produtor rural adotar estratégias para enfrentar o período de seca, com menos prejuízos, seja na pecuária de leite ou corte. No Norte de Minas temos muitos grupos de assistência técnica destas duas cadeias. Então, essa atualização de conhecimentos e tecnologias, especialmente com relação ao uso da palma forrageira, que é uma alternativa de alimentação do gado no período de seca, é importante”, destaca o gerente regional do Sistema Faemg, Dirceu Martins.
Para dentro da porteira
Através das ações do Sistema Faemg, técnicos de campo atuam diariamente para ajudar os produtores rurais a seguirem produzindo com qualidade. Ana Cláudia Maia Soares, uma das profissionais presentes no evento em João Pessoa, está no segundo grupo de assistência técnica e gerencial, atendendo de perto produtores dos municípios de Janaúba, Verdelândia, Nova Porteirinha e Jaíba. Para a técnica de campo, renovar os debates sobre o tema é de grande importância, especialmente sobre a cultura da palma que está sendo utilizada na região do ATeG como alternativa alimentar para os bovinos.
“São informações relevantes que devemos atualizar constantemente e deixar nossos produtores ainda mais seguros para a implantação dessa cultura. Assim como também aprender sobre os corretos tratos culturais para aqueles produtores que já têm a cultura da palma implantada. Sempre passo aos meus produtores que conhecimento é riqueza e sempre aparecem inovações que devem ser seguidas. Inovações que buscam variedades mais resistentes à seca e pragas, melhor produtividade e melhor valor nutricional. Nós, como técnicos, temos que ser fontes de disseminação de conhecimentos”, finaliza Ana Cláudia.
O uso da palma forrageira simboliza uma alternativa nutricional e econômica ao produtor. “Ela apresenta características específicas e necessárias para nós que estamos na região do Norte de Minas. Essa cultura tolera condições de baixa umidade no solo devido a eficiência no uso da água e a sua característica mais importante é o alto teor de carboidratos não fibrosos (CNF). Muitas vezes esse teor de CNF é duas vezes maior do que alguns alimentos utilizados tradicionalmente na alimentação de ruminantes”, finaliza a técnica de campo.
Forrageiras para o Semiárido
O Projeto Forrageiras para o Semiárido – Pecuária Sustentável ganhou um estande especial no evento na capital da Paraíba. A ação, que também é desenvolvida no Norte de Minas, com pesquisas em duas Unidades de Referência Tecnológica (URTs), visa estudar as melhores espécies de forrageiras adaptadas ao clima da região, entre elas a palma. Desde 2017 o Sistema CNA/Senar, através do Instituto CNA, em parceria com o Sistema Faemg, Embrapa e Epamig realiza este trabalho para introduzir a palma na alimentação do rebanho da região.
“No período de fortes estiagens que acontecem no semiárido mineiro, observamos que a palma forrageira se mostra como uma das melhores opções para fazer parte do cardápio forrageiro na alimentação animal. Portanto, a adoção de novas tecnologias, novos conhecimentos, geram desenvolvimento econômico para a região e também representam uma grande oportunidade de atualização. A difusão de técnicas para o cultivo da palma é de extrema importância para os produtores rurais”, destacou a técnica do projeto Forrageiras, no Norte de Minas, Inez Pereira Silva, que acompanha a programação em João Pessoa.