Um espectro ronda a Europa
Partido comunista ampliou de forma considerável suas cadeiras no Parlamento de Moscou, enquanto partido de Vladimir Putin perdeu espaço
Em 1848, em seu Manifesto do Partido Comunista, Karl Marx afirmava que “um espectro ronda a Europa. O espectro do comunismo”. 170 anos depois, passada a derrocada da União Soviética e a queda do Muro de Berlim, os comunistas seguem fazendo barulho no Velho Continente e, desta vez, voltam a ter voz na Rússia, berço da primeira grande tentativa de governo comunista do mundo.
Neste domingo (8), o Partido Comunista russo foi o grande vencedor das eleições ao Parlamento de Moscou. Saltou de 5 para 13 cadeiras. Enquanto isso, o Rússia Unida, partido do presidente Vladimir Putin, sofreu um revés e perdeu um terço de suas cadeiras: foi de 38 para 26. Já o partido liberal Yabloko (Rússia Justa, opositor) conquistou três cadeiras.
As eleições deste final de semana abrangeram diferentes níveis, de regionais a municipais, e foram realizadas em 85 diferentes localidades. A taxa de participação foi de 21,77%, levemente acima da registrada em 2014.
Disputa
As eleições provocaram uma disputa entre o governo e a oposição, que protestou durante várias semanas contra a proibição de várias candidaturas de opositores. Em Moscou, 225 candidatos, de nove partidos, disputavam as vagas na assembleia legislativa (Duma) local. No entanto, 57 candidatos foram impedidos de concorrer – o que provocou as maiores manifestações populares do país desde 2012.
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Diante da queda de popularidade de Putin, candidatos do Rússia Unida não se apresentaram, durante a campanha, como partido do governo – mas, sim, de uma forma mais pessoal. A tática foi em vão. Após a apuração de quase todos os votos, nove deputados do Rússia Unida não foram reeleitos, incluindo o líder moscovita Andrei Matelsky, que estava na Duma sem interrupção desde 2001. Os resultados definitivos devem ser conhecidos até esta terça-feira (10), segundo as informações oficiais.
Mas já é certo que, apesar da manutenção dos governadores ligados a Putin, o Partido Comunista apresentou expressivo crescimento nos parlamentos regionais. Parte do avanço comunista se deve a uma decisão do Yabloko – cujo principal líder, o blogueiro Alexey Navalni, convocou o “voto inteligente”, apoiando os candidatos em melhor posição para derrotar os governistas nesses pleitos. Com essa estratégia, o grupo de Navalny chegou a pedir voto para candidatos comunistas em muitos distritos, o que dividiu sua própria base.
*Revista Fórum com Portal Vermelho