Autodidata, pintor, escultor e desenhista, Roberto Marques é um dos últimos entalhadores da região. Trabalha com diversos materiais, mas sua maior habilidade é com a madeira, por onde conta as histórias do povo dos Gerais.
Ao realizar seus entalhes em troncos de árvores caídos ou comprometidos, Roberto Marques, de Montes Claros/MG, enfoca diversos temas, como Catopês, Marujos e Caboclinhos. Também produz móveis rústicos e divãs que ornamentam e embelezam espaços públicos e áreas verdes da cidade. Um de seus principais méritos está em retirar o melhor da matéria-prima com a qual trabalha. Isso significa conhecer a madeira e dialogar com ela, entendendo as suas potencialidades. A arte de entalhar é a de desenvolver a sensibilidade de perceber as características e reentrâncias dos veios da madeira e das sutilezas de suas variações de cor para obter efeitos que contribuam com o resultado final da peça. Assim, Roberto Marques consegue que cada nova obra seja a expressão visual do conceito e da imagem que deseja transmitir.
Nascido em Montes Claros, Roberto Marques mudou-se para Brasília em 1970, onde começou a trabalhar em agências de publicidade e nos jornais correio Braziliense, jornal de Brasília, Diário de Brasília, Departamento de Turismo do Distrito Federal (DETUR) e editoras gráficas, onde adquiriu vasta experiência neste ramo.
Durante este período frequentou o atelier de artistas plásticos como o de Agadman, de Paulo Yulovich, do pintor e escultor peruano Barrenecheia (professor da Fundação Cultural do Distrito Federal). De volta à sua cidade natal, em 1983, monta a primeira escola de Arte e Ofícios de Montes Claros com a artista plástica Márcia Prates e outros artistas, promovendo um intercâmbio com os professores Carlos Wolney, Thais Helt e Odila Fontes da escola Guignard de Belo Horizonte.
Em seguida voltou a trabalhar nos jornais da cidade, como o Jornal do Norte e Jornal de Notícias, e participou da vários movimentos culturais como Mostra de Cinema super 8, do movimento em defesa do pequi. Durante este período participou de vários salões e exposições de arte.
Editou a revista Memória de Montes Claros, fundando em parceria com os jornalistas Elton Jackson e Reginauro Silva a Revista Tempo, o Caderno de cultura Catibum e o Jornal Minas ao Norte, este de curta duração.
Em 2008 assumiu o cargo de Chefe de Divisão da Secretaria Municipal de Cultura de Montes Claros, ao lado do Secretário Ildeu Braúna, sendo idealizador e colaborador de vários projetos culturais de resgate e valorização do patrimônio histórico como a Banda Municipal de Música, construção do corredor Cultural Padre Dudu, festa de Agosto e Temporada de Forró com um novo formato onde palcos e arenas ficaram espalhadas por avenidas praças e ruas da cidade. Promoveu o Réveillon no Interlagos e esteve inserido na implantação do projeto Memória de Montes Claros –PROMOC, na gravação do primeiro CD dos grupos de Catopés Marujos e Caboclinhos, no projeto Circuladô com a proposta de levar oficinas de arte e artesanato para bairros e distritos da cidade, na criação do Núcleo de Estudo da Cultura Negra – NECUM.

GALERIA DE ARTE A CÉU ABERTO – Com o objetivo de embelezar e deixar a cidade mais atrativa, o prefeito Humberto Souto contratou, no seu primeiro mandato, artistas plásticos para transformar Montes Claros numa verdadeira galeria de arte a céu aberto. Dentre eles, Roberto Marques, que foi responsável pela reconstrução do tradicional e famoso “Chinelão”, que foi recolocado no Trevo do Aeroporto. Além da criação da obra “A Gosto”, que foi fixada na Praça Portugal, homenageando os catopês, marujos e caboclinhos, e da confecção de móveis rústicos e divãs que ornamentam e embelezam os espaços públicos e áreas verdes de Montes Claros, bem como, do portal do Parque Guimarães Rosa e das placas dos demais parques municipais da cidade.

É dele também a obra Caminho dos Gerais, que retrata um pouco da história da cidade até a chegada da viação. Através de uma árvore morta na Rodoviária de Montes Claros, foi esculpido temas alusivos ao meio de transporte e devolvendo para a própria Rodoviária, em forma de arte, um monumento retratando um pouco da nossa história, começando com a navegação a vapor pelo Velho Chico, que era a única alternativa para abastecer Montes Claros com sal, algodão e demais mercadorias vindas da capital Salvador; depois, os tropeiros, que traziam os mantimentos que vinham pelo rio São Francisco e outros lugares para Montes Claros; até a chegada da locomotiva, com a inauguração da Estrada de Ferro Central do Brasil, em 1926, que desenvolveu ainda mais esta cidade, que é privilegiada por ser o segundo maior entroncamento rodoviário do Brasil.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

3 × um =