Pesou a favor do Brasil a expertise da organização da última Copa América, em 2019 (Conmebol/Divulgação)

Entidade diz que recebeu sinal verde do governo Bolsonaro e promete realizar o ‘evento esportivo mais seguro do mundo’

Após anunciar a suspensão da Copa América de 2021, que seria sediada na Argentina, a Conmebol escolheu o Brasil como nova sede da competição. A entidade decidiu tirar a competição do país vizinho devido ao agravamento da pandemia.

Pesou a favor do Brasil a expertise da organização da última Copa América, em 2019 (vencida pela Seleção Brasileira). Além disso, outro argumento utilizado foi o fato do país ter mais estádios em boas condições para os jogos das equipes nacionais sul-americanas.

A Conmebol fez consulta ao governo federal, que deu sinal verde para o torneio. A entidade agradeceu ao presidente Jair Bolsonaro e à CBF por “abrir as portas desse país” para o “evento esportivo mais seguro do mundo”, apesar doa altos números de casos e de mortes por Covid-19.

O presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Domínguez, revelou que o governo do País deu garantias para a organização do evento. “O presidente (Rogério) Caboclo conversou com o presidente Jair Bolsonaro, que apoiou a iniciativa de imediato, com o aval dos Ministérios da Casa Civil, da Saúde, das Relações Exteriores e da Secretaria Nacional do Esporte”, afirmou Alejandro Domínguez.

O dirigente da Conmebol foi além: “O governo brasileiro demonstrou agilidade e capacidade de decisão em um momento fundamental para o futebol sul-americano”, acrescentando que “o Brasil vive um momento de estabilidade”. “O Brasil tem comprovada infraestrutura e experiência acumulada recentemente para organização a competição”, enfatizou Domínguez, lembrando da Copa do Mundo de 2014, dos Jogos Olímpicos de 2016 e também da final da Libertadores, em janeiro.

Agora, os dirigentes definem quais estádios serão sede dos jogos Neo Química Arena, Allianz Parque, Maracanã, Beira-Rio, Mineirão e Mané Garrincha estão contados. A ideia e evitar muito deslocamento com as delegações. Brasília deve ser sede de abertura, assim como Arena Pernambuco e Arena das Dunas, em Natal, podem receber jogos. A final seria no Maracanã. A Arena da Amazônia deve ser descartada pela distância.

Mudanças de última hora

No domingo, a Conmebol decidiu que a competição não seria mais disputada na Argentina, devido ao aumento no número de casos de Covid-19 para as quais o governo local exigia o cumprimento de um protocolo sanitário muito rígido.

Há 10 dias, também decidiu cancelar a realização do evento na Colômbia por conta dos distúrbios políticos que levaram a protestos violentos nas últimas semanas, nos quais morreram dezenas de pessoas, e pelo crescimento da pandemia no país. Esta seria a primeira edição deste campeonato a ser realizada em dois países simultaneamente.

Em um primeiro momento, o Brasil não era uma opção, por causa da disputa simultânea do Campeonato Brasileiro. Chile, Estados Unidos e até Israel surgiam como alternativas para ‘salvar’ a competição, que via pagar US$ 4 milhões (R$ 20,8 milhões) e mais US$ 10 milhões (R$ 52,2 milhões) para o selecionado campeão.

Suspensão

“A Conmebol informa que, em atenção às circunstâncias presentes, resolveu suspender a organização da Copa América na Argentina. A Conmebol analisa a oferta de outros países que mostraram interesse em abrigar o torneio continental”, escreveu o órgão em sua conta do Twitter.

Depois da intensificação da pandemia da Covid-19 na Argentina, a Conmebol preferiu suspender o evento esportivo. O começo da Copa América 2021 estava marcado para o dia 13 de junho, com um jogo entre Argentina e Chile.

O chefe de gabinete do governo argentino, Santiago Cafiero, explicou nesta segunda-feira que “com tantos casos não poderíamos realizar um evento com estas características”. “A Argentina tinha um compromisso e tentamos sempre sustentá-lo, mas a realidade epidemiológica nos impediu”, disse Cafiero em entrevista coletiva.

A Argentina, que tem 45 milhões de habitantes, vive o pior momento da pandemia, com registro de 41.080 infecções na última quinta-feira, atingindo mais de 3,7 milhões de casos positivos e 77 mil mortes desde o surgimento do coronavírus. A taxa de mortalidade é de quase 500 por dia.

“Trabalhamos com as autoridades da Conmebol em diferentes possibilidades e cenários. Mas tudo sempre esteve sujeito a algo que ultrapassa a organização do torneio e que tem a ver com o aumento de casos, com a forma como a segunda onda de infecções continua a atingir” destacou Cafiero.

Uma pesquisa de opinião pública divulgada na sexta-feira passada revelou que 70% dos argentinos rejeitam a realização da Copa América no país em meio à onda de infecções.

Descontentamento

A alarmante situação epidemiológica na América Latina também chamou a atenção dos jogadores, que se posicionaram contra o torneio pelo alto índice de infecções.

Luis Suárez e Édinson Cavani, os atacantes da seleção uruguaia que estão concentardos com a equipe em Montevidéu, no sábado expressaram que não eram a favor da realização da competição na Argentina.

“Estamos em uma situação difícil mundialmente, mas mais ainda na América do Sul nos últimos meses, e a Argentina é um dos países mais complicados. Por isso nos chama a atenção que a Copa América seja realizada em meio a este cenário, mas quando for confirmada devemos participar dela da melhor maneira possível e não pensar na pandemia “, disse Suárez.

Já Cavani destacou que “os jogadores não têm voz nem voto, não temos peso em certas coisas”. “Hoje somos nós que temos que ir e colocar a cara para tentar dar alegria às pessoas que estão trancadas em suas casas. Há muitas atividades que não estão funcionando e aí estamos. Às vezes temos que analisar muitas outras coisas que também são importantes. Não podemos esquecer que isso é uma pandemia e tudo está ligado. Começa com coisas pequenas e termina com coisas sérias “, comentou o atacante do Manchester United.

AFP/Gazeta Esportiva/Agência Estado

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