A Copasa realizou, ontem de manhã, uma demonstração do bombardeio de nuvens, que tem como objetivo provocar chuvas, principalmente na Barragem de Juramento, responsável por 65% da água que abastece Montes Claros. Um avião da empresa Modclima fez sobrevoo e aplicou algumas gotículas nas fracas nuvens que existiam no local e isso foi suficiente para provocar uma pequena chuva. O curioso é que o céu estava claro demais, sem sinalizar qualquer nuvem pesada, que pudesse gerar chuvas. A Copasa informou que o teste foi por volta das 10h30. A aeronave fez o primeiro sobrevoo sobre a região da Barragem de Juramento, em Montes Claros, para reconhecimento da área, porém, as nuvens não ofereceram condições técnicas para realização da semeadura.
A Modclima, empresa contratada pela Copasa, está monitorando as condições climatológicas e, tão logo seja possível, será programado novo voo. A aeronave, modelo: Embraer 810C, bimotor, conhecida como Sêneca II e licenciada pela Piper – USA, possui capacidade para carregar até 300 litros de água por voo. A aspersão é feita por meio de quatro aspersores instalados sob as asas. A Copasa decidiu colocar essa tecnologia em ação como forma de aliviar a situação, pois as chuvas que ocorreram foram abaixo do esperado e inclusive em menor quantidade do que em Montes Claros.
A tecnologia usada é de indução de chuva em Montes Claros, e o superintendente de Meio Ambiente da Copasa, Nelson Guimarães, assim como a gerente do Distrito da Copasa em Montes Claros, Mônica Ladeia, supervisionaram a demonstração. Essa técnica consiste em semeadura de gotículas de água nas nuvens. Essa técnica está prevista para ser utilizada em uma área que abrange os municípios de Montes Claros e Juramento, visando atingir principalmente a Barragem de Juramento, durante os meses tipicamente chuvosos, entre dezembro de 2017 e abril de 2018. Como a tecnologia funciona por meio do lançamento de gotículas diretamente nas nuvens, é oportuno que o procedimento seja feito quando há nuvens formadas para induzir a precipitação.
Utilizando apenas água potável, a tecnologia consiste no lançamento de gotículas de tamanho controlado, a partir de um avião, no interior de nuvens do tipo cúmulus. As gotículas lançadas no interior da nuvem ganham volume, porque se fundem com as gotículas já presentes na mesma nuvem, resultado do processo natural de evaporação. Assim, as gotículas ganham massa suficiente até formarem gotas de chuva. A tecnologia que será empregada não usa nenhum tipo de aglutinante químico. O processo é inteiramente físico, como ocorre no desenvolvimento natural da nuvem. Essa técnica já é utilizada em São Paulo, pela Sabesp, há vários anos.
A Copasa espera que a indução de chuva por meio dessa tecnologia possa contribuir para o aumento dos índices pluviométricos na bacia hidrográfica do reservatório, incrementando o volume de água armazenado no barramento para o abastecimento público. Com maior volume de chuva, estima-se também o aumento da umidade no solo e na vegetação, o que favorece os processos de evaporação, contribuindo para o surgimento de mais nuvens e chuvas naturais. Manter o solo o mais úmido possível também promove a recarga de água subterrânea.
Durante os três meses de execução da tecnologia de indução de chuva, a Barragem do Juramento, que ainda estará com baixos volumes de água armazenados, poderá ganhar algum volume adicional, pois o trabalho será realizado dentro da área de contribuição para o abastecimento de Montes Claros.
Fonte: Jornal Gazeta