O Conselho Nacional Eleitoral do Equador (CNE) anunciou na noite deste domingo (13) que Daniel Noboa foi reeleito presidente da República, em meio a um cenário político conturbado e marcado por graves denúncias de fraude eleitoral levantadas pela opositora Revolução Cidadã (RC), liderada pela candidata Luisa González.

Movimento Revolução Cidadã contesta os resultados presidente reeleito do Equador, Daniel Noboa (Foto: Prensa Latina )

Segundo os dados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), com 92,66% dos votos válidos apurados, Noboa obteve 55,83% dos votos, contra 44,17% da candidata da RC, informa a Prensa Latina. A diferença de mais de 10 pontos percentuais entre os dois candidatos surpreendeu analistas e pesquisas, que apontavam uma disputa acirrada e com margem apertada.

A inesperada vantagem numérica do presidente reeleito gerou reações imediatas da oposição, que questiona a lisura do processo eleitoral. Em pronunciamento à noite diante de apoiadores, Luisa González declarou não reconhecer o resultado divulgado pelo CNE. González argumentou que houve uma série de irregularidades ao longo do processo que comprometem a legitimidade da eleição. Entre os principais pontos denunciados estão: a não exigência de afastamento dos cargos públicos por parte dos servidores que buscavam a reeleição — como o próprio presidente —, o decreto de um novo estado de emergência em sete províncias e dois municípios durante o processo eleitoral, a mudança repentina de sedes eleitorais, e a restrição do voto para cidadãos equatorianos residentes na Venezuela, totalizando 10 eleitores que foram impedidos de exercer seu direito.

Outro fator apontado pela Revolução Cidadã foi a publicação de atas eleitorais sem assinaturas, elemento fundamental para a validação dos resultados. O secretário executivo da RC, Andrés Arauz, afirmou que essa prática é uma irregularidade inaceitável e compromete diretamente a confiabilidade do pleito.

Diante do anúncio da oposição de que irá solicitar a recontagem dos votos e a abertura das urnas, a presidente do CNE, Diana Atamaint, respondeu que a legislação equatoriana prevê mecanismos administrativos e contenciosos eleitorais para a contestação de resultados. Ela também afirmou que todos os procedimentos estão sendo conduzidos dentro do marco da lei e com a supervisão de organismos nacionais e internacionais.

Setores populares, movimentos sociais e lideranças progressistas denunciam uma crescente concentração de poder, repressão política e criminalização da oposição. A decretação do estado de emergência durante o processo eleitoral é vista por muitos como uma tentativa de silenciar vozes críticas e limitar a mobilização da oposição, em um contexto em que o país enfrenta sérias tensões sociais e econômicas.

A Revolução Cidadã, movimento fundado pelo ex-presidente Rafael Correa, promete mobilizações e ações jurídicas e políticas para contestar o resultado das urnas. A disputa está longe de chegar ao fim, e o Equador entra em um período de incerteza, em que a legitimidade do novo mandato de Noboa será testada diante da pressão social e das instituições democráticas.

O desfecho dessa crise poderá ter consequências profundas para o futuro da democracia equatoriana e para o equilíbrio político na América do Sul, em um momento em que os ventos da polarização e do autoritarismo sopram em várias partes do continente.

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