Políticos intensificam pressão sobre Janir Alves Soares, dirigente da UFVJM que festejou a tomada do Congresso Nacional por parte de radicais; STF foi acionadoPostagens de Janir Alves Soares ((foto: Reprodução/UFVJM) irritaram deputados e integrantes da comunidade da UFVJM 

Um grupo de 24 deputados federais e estaduais eleitos por Minas Gerais pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a exoneração de Janir Alves Soares, reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). O documento, enviado nesta quarta-feira (11/1) ao Palácio do Planalto, é assinado por parlamentares de PT, PCdoB, PV e Psol. Soares publicou, nas redes sociais, conteúdos em apoio aos golpistas que invadiram prédios dos Três Poderes da República, em Brasília (DF), no domingo (8/1).

O movimento dos parlamentares aumenta a pressão pela saída do professor do comando da UFVJM. A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) chegou a acionar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo o afastamento imediato do reitor. Paralelamente, o líder do PT na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (MG), e seu sucessor no posto, Zeca Dirceu (PR), solicitaram ao ministro da Educação, Camilo Santana, o afastamento de Soares do comando da universidade.

Em outra via, representantes da comunidade acadêmica da universidade também externaram descontentamento com o caso. O documento enviado a Lula traz uma série de prints de publicações de teor político feitas por Soares. No dossiê, há ataques do professor ministros do STF e ao presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

“A repercussão gerada pelas manifestações do Sr. Janir não realizam qualquer distinção do seu nome ao cargo que ocupa, sendo veiculada de forma a ressaltar a manifestação enquanto reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Logo, envolveu diretamente a imagem da instituição de ensino federal e a relevância de seu cargo, bem como, revela a sua utlização para fins de maior alcance da mensagem antidemocrática que pretendeu dar publicidade”, protesta o grupo de parlamentares (Leia, no fim deste texto, o nome de todos os deputados que assinam a carta).

O Ministério da Educação (MEC) tem em mãos as denúncias que pesam sobre Soares. Uma apuração para averiguar a conduta do docente é preparada. O caso foi encaminhado à corregedoria da pasta.

Instantes após a invasão terminada em quebra-quebra começar, Soares afirmou, em um vídeo publicado no Instagram, que a tomada do Congresso ocorreu de “maneira pacífica”. A tese, porém, foi contrariada por vídeos e fotos que mostram o prejuízo causado pelos radicais à sede do Legislativo.

Os atos de vandalismo são atribuídos por ele a “infiltrados”, ainda que não haja provas a respeito. As forças de segurança do Distrito Federal, aliás, expediram mais de 1,2 autos de prisão e apreensão. O grupo que tomou, também, a sede do STF e o Palácio do Planalto defende o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e contesta, sem provas, a vitória de Lula, reconhecida por observadores eleitorais nacionais e internacionais.

Para sustentar o pedido de afastamento do dirigente, os parlamentares recorrem ao estatuto da UFVJM. Segundo eles, o comportamento de Soares “não é condizente com a liturgia e as atribuições do cargo de reitor”.

“O pedido de “intervenção federal” do Sr. Janir Alves Soares contra o resultado das eleições estimula, sobremaneira, mais ataques ao regime democrá:co do nosso país e atenta contra a ordem pública, como um todo”, lê-se em trecho da carta endereçada a Lula.

Na segunda-feira (9), Soares enviou um e-mail ao EM e se defendeu das críticas. Ele disse externar suas posições políticas como cidadão – e não como responsável por comandar a UFVJM.

“Na qualidade de cidadão livre e perante o estado democrático e de direito, apoio a pauta de um grupo de cidadãos, pais de família, pessoas que trabalham, produzem, pagam impostos, que são ordeiras e defendem a vida e a liberdade com responsabilidade. Essas pessoas são definidas como Patriotas. Estamos indignados com a omissão do Congresso Nacional e com o ativismo político do Judiciário perante as eleições de outubro de 2022. Muitas dessas pessoas estiveram, por aproximadamente 68 dias, manifestando em frente a diversos quartéis deste país, pedindo justiça, esclarecimentos, ordem”, afirmou ele.

Na semana passada, o grupo que pediu a Lula a exoneração do reitor acionou o presidente reivindicando a revogação do processo de privatização do metrô de Belo Horizonte.

Comunidade acadêmica também pressiona

O apoio de Soares aos atos golpistas o fez ser afastado do Fórum das Instituições de Ensino Superior (Foripes). Hoje, diretores de unidades da UFVJM, que têm instalações em Diamantina, Teófilo Otoni, Janaúba e Unaí, divulgaram carta reprovando as falas do reitor. Segundo os docentes, é preciso que haja “absoluto repúdio” aos atos antidemocráticos.

“Conclamamos a comunidade acadêmica à defesa irrestrita do resultado das urnas, que representa a vontade do povo, do Estado Democrático de Direito e da nossa universidade”, lê-se em parte do ofício. O documento é assinado por representantes das 11 unidades da UFVJM.

Nomeado reitor-interventor da UFVJM por Bolsonaro, Soares ocupa o cargo desde agosto de 2019. A escolha dele gerou críticas, porque, da lista trípilice enviada ao governo federal, o professor foi o menos votado pela comunidade acadêmica. Havia a expectativa pela posse de Gilciano Saraiva Nogueira, o primeiro colocado na relação de opções ofertadas à União.

A crítica ao comportamento de Soares pauta, também, o requerimento enviado por Reginaldo Lopes e Zeca Dirceu ao ministro Camilo Santana.

“O reitor e aqueles que ele apoia vivem num mundo paralelo, numa psicose coletiva, em que negam o reconhecimento da validade do processo eleitoral e de seu resultado, buscam a ruptura institucional a partir da defesa de um regime autoritário na condução do país, semeiam ódio e violência, vendo inimigos e comunistas em todos os cantos, numa vã esperança de que alguma divindade de outro mundo possa modificar a vontade soberana da sociedade brasileira”, ironiza a dupla.

Na segunda, quando os pedidos de afastamento começaram a eclodir, o reitor disse ter “consciência” dos direitos que a Constituição Federal garante aos cidadãos. “Toda acusação deve obedecer o devido processo legal. Digo isso se, de fato, ainda estivermos no Estado Democrático e de Direito”, defendeu-se.

Parlamentares que pediram a Lula a exoneração do reitor da UFVJM

Deputados estaduais

Deputados federais

Fonte: EM

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