Na Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, o Papa Francisco preside à tradicional missa durante a qual entrega o pálio aos novos arcebispos metropolitanos. Dentre eles, o Arcebispo Metropolitano de Montes Claros,
Dom João Justino de Medeiros Silva. Além de Dom Justino, outros dois brasileiros serão contemplados com o símbolo de união dos pastores com o Pontífice: Dom Dario Campos, da Arquidiocese de Vitória (ES) e Dom João Inácio Muller, da Arquidiocese de Campinas (SP). A cerimônia será transmitida ao vivo, com comentários em português, a partir das 09h30 locais (04h30 no horário de Brasília). Após a celebração, o Pontífice conduz a oração mariana do Angelus aos meio-dia – sempre com transmissão ao vivo da Rádio Vaticano/Vatican News.

Delegação ortodoxa: Outra tradição nesta Solenidade é a presença de uma delegação do Patriarcado ecumênico de Constantinopla. E desta vez não será diferente. Os ortodoxos serão guiados pelo Arcebispo Telmissos Job, representante do Patriarcado junto ao Conselho Mundial de Igrejas e co-presidente da Comissão mista internacional para o Diálogo teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. O Arcebispo Job estará acompanhado pelo Bispo de Melitene Maximos e pelo Diácono Bosphorios Mangafas. Eles chegarão a Roma na quinta-feira, 27. No dia seguinte, a delegação será recebida em audiência pelo Papa Francisco e manterá encontros com o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. No sábado, eles assistem à solene celebração eucarística presidida pelo Santo Padre. A Santa Sé retribui a presença dos ortodoxos enviando, por sua vez, uma delegação a Istambul para a Festa de Santo André apostólico, padroeiro do Patriarcado, no dia 30 de novembro.

Pálio: o que é, como é feito e para que serve.
A cada ano o Papa entrega aos novos Arcebispos o pálio. A cerimônia de entrega realiza-se no dia 29 de junho, Festa de São Pedro e São Paulo. O Vatican News deseja explicar um pouco o significado desta importante vestimenta litúrgica.

Por Padre Arnaldo Rodrigues – Cidade do Vaticano

Esta entrega do pálio está ligada ao juramento de lealdade ao Papa e seus sucessores pelos metropolita. Tendo em vista esta celebração que se aproxima, é interessante saber o que significa a celebração e, principalmente o que significa esta vestimenta litúrgica chamada “Pálio”.
Pálio

O pálio – derivado do latim pallium, manto de lã – é uma vestimenta litúrgica usada na Igreja Católica, consistindo de uma faixa de pano de lã branca que é colocada sobre ombros dos Arcebispos.

Este pano representa a ovelha que o pastor carrega nos ombros, assim como fez Cristo com a ovelha perdida. Desta forma podemos dizer que o palio é o símbolo da missão pastoral do bispo. O pálio é também a prerrogativa dos arcebispos metropolitanos, como símbolo de jurisdição em comunhão com a Santa Sé.

História

Originalmente o pálio era o manto usado pelos filósofos e na arte paleocristã, eram pintados neste “manto” Jesus e os apóstolos . Esta prática foi posteriormente adotada também pela Igreja Cristã, com um uso semelhante ao do omoforion (uma tira de pano), muito mais larga que o pálio, atualmente usada pelos bispos ortodoxos e pelos bispos católicos orientais de rito bizantino.

O pálio era originalmente uma única tira de pano enrolada nos ombros e caída no peito na altura do ombro esquerdo; nos primeiros séculos do cristianismo foi trazido por todos os bispos.

Podemos ver nas iconografias que representam os primeiros bispos e santos, como Santo Ambrósio, Santo Atanásio, São João Crisóstomo, Santo Inácio de Antioquia, São Hilário e outros.

O primeiro caso conhecido de imposição do pálio a um bispo remonta a 513, quando o Papa Simmaco concedeu o pálio a São Cesário, bispo de Arles.

A partir do século IX reduziu-se ao formato atual de “Y”, com as duas extremidades descendo abaixo do pescoço até o meio do peito e nas costas e se tornando a marca registrada dos arcebispos metropolitanos que o obtiveram pelo papa. O Papa João Paulo II, por ocasião da noite de Natal de 1999, abertura do Jubileu de 2000, usava um omoforion com cruzes vermelhas.

Confecção do pálio

Dois cordeiros cuja lã é destinada, no ano anterior, são criados pelos monges trapistas da Abadia de Tre Fontane, em Roma. E desde 1644, são abençoados pelo Abade Geral dos Cônegos Lateranenses em Basílica, na Via Nomentana Complexo Monumental de Santa Inês, fora dos muros, no dia em que se faz memória da Santa, em 21 de janeiro.

Depois são levados ao Papa no Palácio Apostólico. O pálio é tecido e costurado pelas freiras de clausura do convento romano de Santa Cecília em Trastevere. Os pálios são armazenados na Basílica de San Pietro, em Roma, aos pé do altar de confissão (altar central), muito próximo ao túmulo do Apóstolo Pedro.

Como é pálio

O pálio, em sua forma atual, é uma faixa estreita de tecido, com cerca de cinco centímetros de largura, tecida em lã branca, curvada no meio para poder repousar sobre os ombros acima da casula e com duas abas pretas penduradas na frente e atrás, de modo que – visto tanto na frente quanto atrás – a vestimenta lembra a letra “Y”.

É decorado com seis cruzes negras de seda (que lembram as feridas de Cristo), uma em cada cauda e quatro na curvatura, e é cortado na frente e atrás, com três alfinetes de gema aciculada em forma de alfinete. Essas duas últimas características parecem ser uma lembrança dos momentos em que o pálio era um simples lenço duplo dobrado e pregado com um alfinete no ombro esquerdo.

Piero Marini para o Papa Bento XVI restaurou o uso do longo e cruzado pálio no ombro esquerdo usado até o século IX, deixando inalterada a forma do pálio concedido aos arcebispos, com as duas abas penduradas no alto centro do peito e no meio das costas.

Por ocasião da Missa de 29 de Junho de 2008 (Solenidade dos Santos Pedro e Paulo), o Papa voltou a usar um pálio em formato de “Y”, similar ao usado comumente pelos metropolitas, mas com forma mais ampla e com a cor vermelha das cruzes: essas diferenças hoje poe em evidencia a diversidade da jurisdição, reservado para o Bispo de Roma, enquanto que em épocas anteriores em períodos remotos, não havia este significado particular, dado que eram comuns a todos os bispos, sem distinção.

O mesmo pálio foi usado pelo Papa Francisco após a cerimônia solene de imposição do pálio das mãos do proto-diácono cardeal Jean-Louis Tauran, durante a Missa de inauguração do seu ministério petrino.

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