“Medite se você tem oferecido o seu melhor para dar testemunho de fé cristã na construção de um País justo e fraterno, capaz do diálogo e rejeitando toda e qualquer forma de violência”

O arcebispo de Montes Claros, Dom Justino de Medeiros, fez um apelo para que a população participe do Grito dos Excluídos no 7 de Setembro, data em que estão programadas em todo o país manifestações contra e a favor do ainda presidente Jair Bolsonaro.
O pedido do religioso irá a ar nos programas Testemunho da Luz e Luz para Meus Passos, transmitidos pela Rádio Bom Pastor, da Arquidiocese, e retransmitidos pela Rádio Terra e várias outras emissoras na web (além de grupos do watssapp) exatamente no dia 7.
“A manifestação que tem o apoio das nossas comunidades é a manifestação chamada Grito dos Excluídos”, enfatizou, lembrando os 27 anos de realização consecutiva do evento, sempre no Dia da Independência.
Dom Justino falou do caráter simbólico e bíblico do grito. “Toda vez que necessitamos ser ouvidos em razão de nossas necessidades, e as vezes até dos nossos sonhos, os clamores são feitos. As vezes são gritos, outras vezes são gemidos. Lá no Livro do Êxodo, o próprio Senhor disse: ´ouvi o clamor do meu povo. Este povo que gritou o Senhor´. O Salmo também disse: ´este infeliz gritou a Deus e Ele o ouviu´, reiterou.
Mais direto, ele reforçou a necessidade de a população aproveitar o 7 de Setembro para refletir sobre que Brasil quer, “considerando as necessidades, sobretudo, das camadas mais pobres e mais simples, que diante de tantos movimentos da economia, da política, da cultura, acabam ficando esquecidas ou prejudicadas”.
A fala de Dom Justino é cheia de recados, implicitamente tendo como alvo a ofensiva bolsonarista de atentar contra a democracia com atos criminosos e fascistas durante a data. “Quem tem o olhar dos pobres e para os pobres deve descobrir que ali existe um clamor que não pode ser esquecido e nem preterido. Um clamor que precisa ser ouvido”.
Dom Justino pede ainda que o povo reze para aqueles que trabalham em favor da justiça e contra qualquer forma de corrupção. “Rezemos pelos que cuidam dos dons da criação presente na longa extensão do território nacional, que respeitam e defendem os povos indígenas, como povos originários desta terra”, pediu.
GRITO – O Grito dos Excluídos, que tem o objetivo de abrir caminhos às pessoas à margem da sociedade, denunciar os mecanismos sociais de exclusão e propor caminhos alternativos para uma sociedade mais inclusiva, surgiu em Montes Claros em 1993.
A iniciativa foi do padre Antônio Carlos Silva, já falecido, juntamente com a Irmã Marilda e o grupo de jovens do bairro Major Prates. A ideia foi chamar atenção das autoridades locais para a situação das famílias que estavam em situação de extrema pobreza naquela região.
Com cartazes e palavras de ordem, dezenas de pessoas, entre elas os religiosos, entraram no Desfile da Independência para lembrar às autoridades que as famílias precisavam ser ouvidas no seu grito.
A propósito, o tema da Campanha da Fraternidade naquele ano era “Onde Mora?”. O padre é um dos homenageados na Galeria Afrodescendente “Arraial das Formigas”, composta de bustos feitos com material reciclável, em reconhecimento ao trabalho que os negros e negras prestaram para a cidade, ao longo de sua história.
No ano seguinte, em 1994, o Grito ganhou apoio das pastorais sociais, movimentos populares e entidades sindicais comprometidas com as causas dos menos favorecidos da cidade, tornando-se um movimento nacional, a partir de 1995.
As manifestações são variadas: celebrações, atos públicos, romarias, caminhadas, seminários e debates, teatro, música, dança e feiras de economia solidária.

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