Rodrigo Cadeirante recebeu a “visita” de oficial de Justiça em plena reunião da Câmara Municipal. Ele denuncia o péssimo serviço prestado pelas concessionárias

* Por Waldo Ferreira
As denúncias que faz a respeito das péssimas condições do serviço de transporte público prestado pelas empresas Princesa do Norte e Solaris Transportes, que operam a concessão do transporte público em Montes Claros, via consórcio Mocbus, renderam ao vereador Rodrigo Cadeirante um processo criminal.
Ele recebeu a intimação enquanto participava da reunião ordinária da Câmara Municipal, na terça-feira (16). As empresas alegam que o vereador cometeu “crime contra a honra” ao trazer à tona as omissões cometidas contra o usuário do serviço. Da tribuna Rodrigo Cadeirante reafirmou suas críticas ao consórcio.
“Se as empresas estão me processando é porque estou no caminho certo. Eu exerci e vou continuar exercendo um direito assegurado por meu mandato, que é o de defender a população, que está sendo castigada por essas empresas. A tribuna é minha trincheira e dela não vou deixar de atirar. Eles não vão me calar. Enquanto tem bambu, tem flecha”, reagiu com indignação.
Segundo o vereador, ser acusado por falar a verdade confirma a máxima de que no Brasil “o errado é que é o certo”. Cadeirante reforçou que não será intimidado pela atitude dos empresários.
“Não falei nem a metade ainda”, começou. Ele aproveitou para lembrar que em outras épocas já ocorreu de vereadores serem presenteados com carros zero quilômetros para silenciarem aos absurdos cometidos. E sustentou que tanto a população como os funcionários das concessionárias estão insatisfeitos com a operacionalização do serviço.
Rodrigo Cadeirante enfatizou uma situação que vem sendo reiteradamente denunciada pelos representantes dos trabalhadores, inclusive em audiências públicas realizadas recentemente. As irregularidades vão desde a falta de pagamento do 13º relativo ainda a 2021 até agressão aos direitos humanos.
Segundo ele, as mulheres motoristas ou cobradoras não têm ao menos um ponto com banheiro para utilizar, sendo obrigadas a se abrigarem atrás dos ônibus para fazer suas necessidades fisiológicas.
O vereador relembrou outros problemas, como a falta de ônibus, os atrasos constantes, os defeitos nos elevadores, comprometendo o acesso de cadeirantes; e o mau funcionamento do Transpecial – opção de transporte voltado para as pessoas com restrições de locomoção. Tudo isso, protestou, mesmo com o valor da tarifa tendo sido recentemente reajustado para R$ 4.
“Vou continuar denunciando os desmandos deles, porque fiz um contrato com a população: a parte do cidadão e da cidadã é confiar seu voto a mim e a minha é honrar meu mandato, defendendo seus interesses”, disse.
O próprio Rodrigo, que é cadeirante, já foi vítima dessas omissões, ao ser impedido de ter acesso ao serviço por falta de elevadores e de pessoal treinado. Ele moveu processo contra as concessionárias e ganhou, sendo indenizado.
A vereadora Iara Pimentel saiu em defesa do colega e lamentou a tentativa de cercear o direito que o parlamentar tem de denunciar o que está errado. “Se nós não pudermos falar, quem poderá”, questionou.

* Jornalista

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