Trabalhar até morrer – Com reforma da Previdência, equipe de Bolsonaro irá propor idade mínima de 65 anos para se aposentar tanto homens e mulheres com. Onde quem irá sofrer mais com esses brutal ataques serão as mulheres.
A equipe econômica do governo Bolsonaro já está articulando para aplicar a reforma da Previdência que irá logo mais ser pautada no Congresso Nacional. Em texto preliminar da reforma, a equipe irá apresentar proposta de igualar a idade mínima para se aposentar de 65 anos, tanto para homens e tanto para mulheres. Um brutal ataque onde quem irá sofrer mais com isso será às mulheres negras da periferia.
A PEC da reforma prevê que a idade mínima poderá ser definida por lei complementar, mas cria regras transitórias até a aprovação dos projetos de lei. Com isso o governo quer evitar que seja enviada uma “enxurrada” de propostas legislativas sobre a Previdência para o Congresso Nacional.
O estabelecimento de uma idade mínima igual para homens e mulheres, deixa de considerar a dupla/tripla jornada a que são submetidas, em razão do patriarcado, as mulheres. O serviço doméstico e a criação dos filhos, trabalhos essenciais para a reprodução da vida, são completamente negligenciados pelo capitalismo, sobrecarregando e adoecendo as mulheres. E muitas têm os salários muito menores que os dos homens, chegando ao absurdo de as mulheres negra receberem em média 60% menos que os homens brancos.
Os capitalistas querem que os trabalhadores trabalhem até morrer, por isso querem que além de aumentar, igualar a idade mínima tanto para os trabalhadores e as trabalhadoras. Há estados, regiões e inúmeras áreas periféricas das grandes capitais do país como São Paulo, onde a expectativa de vida não chega aos 65 anos, mostrando como o governo quer nos fazer trabalhar até morrer.
Junto a isso, o texto da equipe de Bolsonaro pretende rebaixar esse benefício para um valor abaixo do salário mínimo. Pessoas que comprovem estar em condição de “miserabilidade” terão assegurada uma renda mínima de R$ 500, quando tiverem 55 anos ou mais, ou R$ 750, caso tenham mais de 65 anos. Pessoas acima de 70 anos e com dez anos de contribuição terão assegurada uma prestação extra de R$ 150.
Bolsonaro ganhou as eleições com um discurso abertamente misógino. Declarou que sua única filha mulher era fruto de uma “fraquejada”, que não estupraria uma deputada porque ela “não merecia” e que a desigualdade salarial não era um problema. Não é de se surpreender que as mulheres serão as mais oprimidas com ataques draconianos que seu governo deseja aplicar. Esse governo está a serviço de submeter a grande massa de trabalhadoras e trabalhadores do nosso país à mais profunda miséria – e as mulheres serão as mais afetadas caso os planos capitalistas consigam triunfar. Bolsonaro – continuidade violenta do golpe – é um defensor da Reforma Trabalhista levada a cabo pelo governo golpista de Temer, com Rodrigo Maia na presidência da Câmara dos Deputados, o mesmo que acaba de ganhar mais uma vez a eleição para esse cargo a partir das alianças formadas pelo conhecido “toma lá, dá cá” da política nacional.
As direções burocráticas das centrais sindicais seguem em sua política de “pressionar” sem organizar nada, uma política consciente que permite lavarem a cara enquanto as ajustes e as reformas passam – com a conivência do PT e do PCdoB no parlamento, exigindo que cruzemos os braços e esperemos sua “resistência democrática”.
É preciso organizar um plano de lutas contra a Reforma da Previdência: não podemos esperar o governo fechar os acordos com o congresso para começarmos a nos organizar. Estamos na linha de frente contra os ataques aos nossos direitos democráticos e dizemos não à censura, à perseguição e à tentativa de calar nossa luta por nossas demandas. Entendemos que nossa luta contra os ataques às mulheres não pode estar separada do combate contra cada ataque econômico que o governo quer impor a todos os trabalhadores.