Para Cristiano Silveira (PT), a ausência de um petista mineiro entre os ministro traz “um sentimento de frustração, sem dúvida alguma” — Foto: Clarissa Barçante/ALMG
Pela primeira vez, um presidente eleito pelo partido não terá um mineiro petista à frente de uma das pastas do primeiro escalão
A formação de um gabinete sem um petista de Minas Gerais frustrou o diretório estadual do PT. Até então, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) iniciaram o mandato com pelo menos um ministro das hostes do PT de Minas Gerais. Agora, o único entre os 37 ministros do terceiro mandato de Lula à frente da presidência da República será o senador Alexandre Silveira (PSD), cuja cota é para acomodar os pessedistas na base do governo no Congresso Nacional.
A O TEMPO, o presidente do PT de Minas Gerais, Cristiano Silveira, embora diga que tem muita esperança no governo Lula, admite a frustração. Questionado a que atribui a ausência, Cristiano afirma que todos querem saber as respostas. “São Paulo tem oito ministros. Outros estados em que Lula nem foi vitorioso, como o Rio de Janeiro, vão ter ministros. Por que o PT de Minas Gerais, o único estado do Sudeste onde (Lula) venceu em 1º e 2º turno, não foi lembrado?”, indaga o deputado estadual.
Cristiano questiona se a decisão foi de Lula ou de “outros atores trabalhando contra Minas”. “Todos diziam que Minas é a síntese do Brasil. Se o candidato (à presidência) vencesse em Minas, venceria no Brasil. Nós trabalhamos muito para que isso acontecesse e, por fim, Minas Gerais não está lá? É isso o que a gente quer entender”, afirma, lembrando que, “há mais de um ano antes da eleição”, o diretório já havia decidido que o principal compromisso seria eleger Lula.
O presidente do PT de Minas ainda observa que, durante o 2º turno, quando o governador Romeu Zema (Novo), já reeleito, explicitou o apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Minas, a campanha foi “muito dura”. “Mesmo assim, nós seguramos, Minas segurou. O deputado Reginaldo Lopes, que foi o coordenador da campanha, fez um grande trabalho. Claro, junto aos aliados. Então, assim, tem um sentimento de frustração, sem dúvida alguma”, acrescenta. No fim, Lula ficou à frente de Bolsonaro em Minas por apenas 49.650 votos.
O deputado federal Reginaldo Lopes, líder do PT na Câmara, era justamente o mais cotado para a Esplanada dos Ministérios. Interlocutores trataram a indicação de Reginaldo para o o Desenvolvimento Agrário como “bem encaminhada”, mas, no final das contas, o deputado federal foi rifado por Lula para acomodar o União Brasil. Inicialmente apontado para assumir o Ministério das Comunicações, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) foi levado para o Desenvolvimento Agrário, já que Juscelino Filho (União) ficou com as Comunicações.
Antes, Reginaldo já havia sido escanteado em meio à disputa pelo Ministério da Educação. Mesmo apoiado pelo ex-ministro do Turismo e da Secretaria de Relações Institucionais Walfrido dos Mares Guia e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o líder do PT na Câmara dos Deputados foi preterido por Lula, que optou por indicar o ex-governador do Ceará e senador eleito Camilo Santana (PT) para a pasta.
Conforme Cristiano, a frustração permanecerá mesmo caso quadros do PT em Minas integrem o segundo escalão. “Sempre, em quatro governos do Partido dos Trabalhadores no Brasil, o PT mineiro teve os seus quadros participando do primeiro escalão. Podemos ter companheiros participando de outros espaços – não tenho dúvida que teremos -, mas a fotografia que fica não é uma boa imagem, não é um bom reconhecimento de Minas Gerais”, aponta.
Como já mostrou O TEMPO, o ex-deputado federal Nilmário Miranda (PT) retornará ao Ministério dos Direitos Humanos. Secretário especial durante o primeiro mandato de Lula, Nilmário irá assessorar o futuro ministro Silvio Almeida como chefe da Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade. Além disso, o deputado estadual André Quintão (PT), candidato a vice-governador de Alexandre Kalil (PSD), é cotado para o segundo escalão do Ministério do Desenvolvimento Social.
Via O Tempo