– Os expedicionários da V Expedição Caminhos dos Geraes retornaram a Montes Claros domingo à noite alarmados com a situação quase irrecuperável do ecossistema nas regiões percorridas -.

 Os relatos feitos na chegada pelos coordenadores dos roteiros – Peruaçu, Serra do Cabral e Espinhaço – são dramáticos, dando conta da degradação geral de veredas, fauna e flora e, principalmente, da escassez de recursos hídricos, com dezenas de rios secos.

* Por Waldo Ferreira

Um dos coordenadores da expedição, o secretário de Meio Ambiente Paulo Ribeiro, disse que não há mais tempo para estudos e diagnósticos, visto que o desastre ambiental já é uma dura realidade. Para ele, o processo de desertificação está extremamente acelerado e quase irreversível, fruto da exploração irresponsável dos recursos hídricos, por parte de megaempreendimentos ligados ao agronegócio. “O que está ocorrendo é uma loucura, um suicídio”, definiu o secretário, dimensionando o drama presenciado.
Com o intuito de frear o processo de aniquilamento dos recursos naturais, as equipes fizeram um levantamento completo da situação de veredas, cachoeiras, rios, parques, cavernas e chapadas. Um vasto documento será elaborado e encaminhado às autoridades, com pedido de medidas drásticas e urgentes para frear as agressões á biodiversidade. Os expedicionários revelaram que ficaram emocionados em várias ocasiões, como quando encontraram comunidades que viam na chegada dos veículos da expedição a esperança de uma vida melhor em locais onde é cada vez mais difícil a sobrevivência, por conta da falta de água.
Além de beneficiar diretamente os moradores, recuperar áreas degradadas pode ser decisivo para o reconhecimento do Parque Nacional do Peruaçu – entre os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões -, como patrimônio cultural da humanidade. Segundo José Bittencourt, técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que acompanhou a expedição, o esforço para recuperar a região onde estão inseridas as cavernas será levado em consideração pela Unesco, que recebeu a inscrição do Peruaçu como candidato em 1998. O Rio Peruaçu, por exemplo, está secando, o que compromete o conjunto paisagístico que integra o Parque. Além disso, cerca de 2 mil poços já foram perfurados, legal e clandestinamente.
Bittencourt disse que ficou encantado com a beleza do local, mas triste e chocado com o desastre ecológico que presenciou. “Fico com a sensação de que a guerra está sendo perdida. Providências precisam ser tomadas urgentemente”, considerou o técnico do IPHAN, que prometeu fazer todo o esforço em favor do reconhecimento.

* Jornalista

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