Carlos Barroso em exposição interditada na ALMG — Foto: Carlos Barroso/ Divulgação
Mostra ficaria exposta até o dia 23 de setembro. Artista responsável pelas obras, Carlos Barroso, denuncia censura.
Por Rafaela Mansur, g1 Minas
Uma exposição de arte foi interditada na galeria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte, nesta segunda-feira (19), após manifestações contrárias de grupos religiosos e de um deputado. O artista responsável pelas obras, Carlos Barroso, denuncia ter sido alvo de censura.
A exposição, chamada “Deslocamento”, foi aberta no dia 5 de setembro. A mostra, que reúne obras de arte política e poesia virtual, foi selecionada por meio de edital de concorrência pública da ALMG e ficaria exposta até o dia 23.
Na última sexta-feira (16), o Movimento de Valores Pelo Brasil, grupo católico de direita, publicou um vídeo nas redes sociais com críticas à exposição e marcou uma manifestação contra a mostra para esta terça-feira (20), em frente à Assembleia.
Entre as obras criticadas, estão “Sangue de Cristo”, “Cristo a metro” e “Descorpo” (veja imagens abaixo).
No último sábado (17), o deputado Carlos Henrique (Republicanos), também publicou um vídeo nas redes sociais com críticas à mostra. Ele disse que, como membro da mesa diretora da ALMG, pediria a retirada da exposição.
“O que está acontecendo aqui é um ataque à fé cristã, um ataque ao cristianismo”, afirmou.
Nesta segunda-feira (19), o artista, poeta e jornalista Carlos Barroso disse que foi informado pela diretoria da ALMG que a exposição teria que ser retirada para zelar pela segurança da Casa, tendo em vista a previsão de manifestação.
“Isso é um atentado à liberdade de expressão, à liberdade de arte, é inconstitucional”, falou.
Segundo ele, a exposição é composta de arte contemporânea e tem o objetivo de instigar e inquietar as pessoas.
“São obras para pensar, refletir. Eu sou um cara de formação cristã e respeito todas as crenças e fés. Não é arte para provocar nem para desvalorizar as religiões, é para discutir, inclusive, o uso político e comercial das religiões”, disse.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Minas Gerais afirmou, em nota, que a interdição da exposição “trata-se de um ato de censura imposto pela casa legislativa a uma obra de arte”.
“A interdição da mostra é mais um ato de intolerância que marca os dias de hoje. O SJPMG está à espera de uma posição oficial da Assembleia Legislativa sobre as razões de sua decisão e sobre como isso se deu”.
O g1 Minas questionou a ALMG sobre a interdição da exposição e aguarda retorno