* Por Waldo Ferreira

Manifestações de extremismo ideológico, com nuances racistas, têm alarmado a comunidade acadêmica na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Professores e alunos foram surpreendidos com inscrições racistas e desenhos da cruz suástica, símbolo do nazismo, em várias salas dos centros de Ciencias Biológicas e da Saúde (CCBS) e de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA).

Nas redes sociais, os episódios de intolerância ganharam o repúdio de professores, alunos e representantes de entidades de defesa da dignidade dos negros. O professor Georgino Neto foi um dos que se deparou com a cruz suástica e palavras ofensivas no quadro, quando entrou na sala de aula onde leciona. Ele lavrou boletim de ocorrência e denunciou o ocorrido em sua página no facebook.

Neto promete ir às últimas consequências para descobrir a origem dos ataques preconceituosos. Ele lembra que é crime inafiançável “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo, com pena de reclusão de 2 a 5 anos e multa”, de acordo com o parágrafo 1°, artigo 20 da Lei 7716/89 (Crime Racial).
O artista plástico Gu Ferreira, presidente do Conselho Municipal de Igualdade Racial, e José Gomes Filho, coordenador municipal de Igualdade Racial, informaram que vão exigir a apuração rigorosa da Reitoria e da polícia, para se chegar à autoria do crime.
“Esse tipo de manifestação é resultado do discurso de ódio disseminado pelo grupo político que assumiu o poder central. E vem na esteira de outros episódios de violência que se multiplicaram no país desde que o atual presidente foi eleito. É notório que foi instalado um governo de extrema-direita no país, com o presidente da República fazendo arminha e elogiando ditadores e torturadores”, desabafou Gu Ferreira. Ele lembrou que Jair Bolsonaro determinou a comemoração do golpe militar de 1964, em 31 de março próximo.

A Unimontes divulgou nota em que lamenta “profundamente a manifestação isolada e apócrifa de racismo, preconceito e de intolerância, registrada em quadro de uma sala de aula de um dos prédios do campus-sede. Comunica que está adotando todas as providências relativas à apuração, investigação e identificação da autoria do repugnante fato para aplicação das medidas cabíveis no âmbito institucional e da Lei. A Unimontes repudia, de forma veemente, as ações de natureza preconceituosa, seja no ambiente universitário ou em qualquer outro espaço. Reforça a sua posição indelével de signatária da cultura da paz e expressa a total repulsa às manifestações de violência e ódio. A instituição reitera o seu compromisso com a defesa da diversidade e da democracia, compreendendo a academia como um espaço do saber, da convivência pacífica e, sobretudo, do respeito ao ser humano, livre de qualquer tipo de discriminação.

* Jornalista

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