Em audiência na Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa, deputados ouviram de professores e alunos relatos sobre a precariedade no funcionamento da universidade
Solicitada pelas deputadas Beatriz Cerqueira, presidenta da comissão, e Marilene Alves de Souza, a pedido da Associação dos Docentes da Unimontes (Adunimontes), a audiência pública realizada na tarde de quarta-feira teve como finalidade discutir os problemas enfrentados na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
A presidente da entidade, Ana Paula Thé, chamou a atenção para o impacto social acarretado pelo desajuste financeiro da instituição patrocinado pelo governo do Estado. Levantamento aponta que 75% dos estudantes são filhos de trabalhadores pobres e 48% se autodeclararam negros.
Os servidores estão há 9 anos sem reajuste salarial, com perda de 51% dos rendimentos. “Hoje, o vencimento de um especialista com jornada de 20 horas é de R$ 884,34, menos que o salário-mínimo”, revelou, mostrando indignação. Disse ainda que vários professores com mestrado ou doutorado estão sem receber o correspondente a esses títulos.
A representante dos professores denunciou as condições precárias que os professores enfrentam para ministrar aulas nos campi localizados fora da sede, Montes Claros. Eles não estão recebendo o pagamento pelo transporte. “Uma professora que dá aula em Unaí gasta metade do salário com o deslocamento”, expôs. De acordo com ela, esses problemas têm levado ao adoecimento de muitos profissionais e à saída de outros. “Temos cerca de 1000 docentes atuando, mais de 500 a menos do que em 2015”, informou.
Os professores reivindicaram a reposição de perdas salariais, a implantação de plano de carreira, o reconhecimento de títulos de mestrado e doutorado, a volta do pagamento da Dedicação Exclusiva (DE), o pagamento de transporte para professores, a realização de concursos para professores e técnicos e a ampliação das bolsas da Fundação do Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) para pós-graduação na Unimontes.
Daniel Coelho de Oliveira, do Fórum dos Coordenadores da Pós-Graduação da Unimontes, denunciou que o Governo de Minas está promovendo o sucateamento da entidade. Segundo ele, a demanda de profissionais para a pós-graduação não tem sido atendida e com isso muitos campi estão sem professores nessa função.
Daniel destacou que a Unimontes oferece 30 cursos de graduação, 18 de mestrado e quatro de doutorado. “Reforço a importância da pós-graduação para a pesquisa e a formação de Recursos humanos – grande parte dos nossos alunos são professores na rede pública”, apontou.
A deputada Beatriz Cerqueira sugeriu que a Unimontes e a Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) fossem incluídas pelo governo para atuar em programas como os de formação e seleção de pessoal. Essa medida, na opinião dela, reduziria os custos do Estado, que não precisaria pagar a empresas, gerando recursos para essas universidades. E acrescentou que as demandas levantadas na reunião seriam transformadas em requerimentos.
Mesmo defendendo o diálogo na construção de soluções coletivas, a deputada Marilene Alves disse que a condição de universidades públicas e gratuitas da Unimontes e Uemg é inegociável.
Os dois representantes do governo do Estado, Fabiano Marx, diretor de Recrutamento e Seleção da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão; Augusta Fagundes, subsecretária de Ensino superior; e o reitor Antônio Alvimar se limitaram a reforçar o discurso de dificuldades financeiras do Estado. Eles disseram, entretanto, que as portas estão abertas ao diálogo.
Via Waldo Ferreira – Ascom/Adunimontes