– Muita arte e cor, vários batuques e clima contagiante. Estas são as raízes das tradicionais Festas de Agosto, que começaram na quarte-feira (16) e terminaram no Domingo (20), em Montes Claros. –

 Na sua 178ª edição, as festividades ratificam a cultura regional e valorizam o povo norte-mineiro. Paralelo a isso, também acontece o 39º Festival Folclórico. De cunho cultural-religioso, o leque de atrações e eventos dentro desses quatro dias de festa agrada a todos aqueles que amam a arte em suas mais diversas manifestações e formas.

É o que afirma João Rodrigues, secretário municipal de cultura. “As festas de agosto sintetizam a nossa identidade cultural, conjugando a religiosidade e a diversidade existente. Homens e mulheres, e que seguem a vida anonimamente, se transformam durante as festas em reis, rainhas e imperadores. É a nossa mais significativa herança. Quem é de Montes Claros, ou vive na cidade, sente a alegria das fitas coloridas no céu de agosto”, diz.
Os costumes de matrizes indígenas, africanas e portuguesas são refletidos nas roupas e sons dos caboclinhos, catopês e marujada. A região central da cidade se enche de gente para homenagear os santos padroeiros: Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Divino Espírito Santo; além de aproveitar a intensa e variada programação dos festejos.

Emoção e alegria nos últimos desfiles dos Catopês, Caboclinhos e Marujos

Daniel Diniz Ferreira realizou o sonho de ser catopé

 O último dia dos desfiles dos grupos de catopês, caboclinhos e marujos nas tradicionais Festas de Agosto de Montes Claros ocorreu sábado, quando o prefeito Humberto Souto pediu a antecipação do horário dos cortejos, por entender que colocar as crianças ao meio-dia, debaixo do forte sol, estaria incorreto. Souto foi à praça do Automóvel Clube para assistir aos desfiles começaram ao meio-dia. Ele solicitou ao secretário municipal de Cultura, João Rodrigues, a mudança no horário do desfile. Porém, o presidente dos Grupos de Catopês, Caboclinhos e Marujos, Joao Pimenta, o Mestre Zanza, alegou que a população não deixaria iniciar a festa antes. O padre João Batista Lopes alegou que esse atraso é secular.

Às 9 horas que a dona de casa Adriana Diniz chegou à praça do Automóvel Clube com o seu filho Daniel, de 10 anos, que teve paralisia cerebral e pela primeira vez veio assistir o desfile das Festas de Agosto, mesmo na cadeira de rodas. Ela reside no bairro Santa Rita, onde fica a Igreja do Divino Espirito Santo e para agradecer o apoio do santo, colocou as roupas vermelhas no filho. Adriana afirma que a participação de Daniel é um sonho que ela também realiza, pois sempre pensou ser catopé, mas deixou o tempo passar. O seu filho faz o quarto ano fundamental na escola Batista Nova Canãa e tirou fotos com Mestre Zanza, quando recebeu o convite para retornar no ano que vem.

Outros visitantes atraídos pela folia foram os alunos do Ensino de Jovens e Adultos da escola estadual de Francisco Dumont. Eles vieram acompanhados do professor de História, Marcelo Araújo e ficaram encantados com a beleza e vigor dos grupos de catopés. O professor lembra que em Francisco Dumont não tem muita tradição folclórica, pois somente em janeiro que tem a comemoração do São Sebastião. O Mestre Zanza se dispôs a levar o seu grupo de catopés até a cidade, caso haja interesse, para assim trocarem de experiência. Zanza fez questão de fazer fotografias com os alunos. O professor Marcelo Araújo ainda sentiu na pele a sensação de ser catopé, pois o empresário Marcos Narciso emprestou-lhe o cocar para fotografias. Uma forma de compartilhar a riqueza e a alegria de um festejo tão esperado.

O prefeito Humberto Souto pede ajuda de Mestre Zanza e padre Joao Batista Lopes para antecipar os desfiles

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