Ao menos nas últimas cinco décadas, Minas não investiu intensivamente na ampliação de ferrovias no estado, apesar da importância desse modal na logística e transporte, sobretudo de commodities. Mas isso pode mudar. O Estado está acordando finalmente para a necessidade de fomentar o transporte por trilhos. Há planos para ampliar o transporte de passageiros pelas vias férreas na região da capital. Está ainda em discussão um modal ferroviário alternativo para escoamento de cargas.

– Não há um número preciso, mas especula-se que os 70% dos milhares de quilômetros de malha ferroviária estadual estejam nas mãos dos grandes produtores de café, minério, soja, entre tantos outros. O transporte pelos trilhos acarreta menos custos com combustíveis e economia de tempo, que as engarrafadas rodovias brasileiras não proporcionam.

Um dos projeto ferroviários seria um ramal da Ferrovia do Cerrado, pensada para conectar o Mato Grosso ao porto de Itaqui, no Maranhão. Cidades do Triângulo Mineiro se articulam no intuito de interligar essa ferrovia a uma já existente em Minas, a Centro Atlântica. Com isso, os produtos produzidos no estado poderiam ter mais uma opção de escoamento. Exportados do Maranhão, o trajeto por navio de produtos mineiros enviados à Europa se encurtaria em dez dias.

O presidente da Assembleia de Minas, Agostinho Patrus (PV), pretende dar mais fôlego a essa causa dos políticos do Triângulo, conforme apurou o site. O objetivo de Patrus será inserir a ideia de interligação entre as ferrovias no Plano Estadual Ferroviário (PEF), que será elaborado pelo governo do Estado. Apresentado nesta quarta-feira (14/08), a proposta busca a ampliação das linhas férreas não apenas para transporte de cargas como também para locomoção de pessoas.

De acordo com o secretário de Obras, Marco Aurélio Barcelos, a ideia contempla uma linha entre Belo Horizonte e Brumadinho; entre a capital e Betim e entre outros pontos da região metropolitana. O PEF abarcará a construção de trilhos para o transporte de passageiros e de cargas em Ipatinga, Salinas e as cidades da região do Jequitinhonha, entre outras.

Dados apresentados no evento desta quarta, ocorrido na Assembleia, mostram que Minas perde apenas para São Paulo na extensão ferrífera; em Minas os trilhos proporcionam 13 mil postos de trabalho, que poderão aumentar ainda mais. Marco Aurélio Barcelos afirmou ainda que o governo irá selecionar uma empresa responsável pela elaboração do PEF em até duas semanas. Não há um prazo para a conclusão do documento e muito menos para a sua execução, que dependerá do dinheiro de parcerias entre Estado e a iniciativa privada.

A Comissão Pró-Ferrovias do Parlamento dará sua contribuição à execução do plano. Dessa forma, o PEF terá mais chances de se viabilizar, o que ajudaria Minas a sair do atraso no setor de transporte. A título de comparação, BH possui apenas uma linha de metrô, com 19 estações. Em São Paulo, são mais de trinta estações para 10 linhas. O que mostra que Minas realmente está perdendo o trem.

Por Marcelo Gomes – Os novos Inconfidentes

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