O primeiro dia da cúpula do G7, realizada nos Alpes da Alemanha, no domingo (26), resultou na publicação de um documento de seis páginas de “apoio à Ucrânia” e também na divulgação de informações de um plano de infraestrutura do bloco que procura fazer frente a uma iniciativa similar da China, a Iniciativa do Cinturão e Rota.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, participou por videoconferência do evento e afirmou não ser hora de negociar com os russos, de acordo com informações de agências de notícias.

Os líderes de Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Canadá e Japão reforçaram apoio ao que consideram a “defesa corajosa” da Ucrânia, e afirmaram não reconhecer as tentativas da Rússia de “redesenhar fronteiras à força”.

O texto da declaração, que pode ser conferido na íntegra (em inglês) neste link, apresenta o cálculo de que US$ 29,5 bilhões (R$ 153 bilhões) “de apoio de orçamento” já foram entregues ou prometidos para Kiev.

No tópico das sanções, a declaração conjunta do G7 defende que os países mais ricos que integram o bloco continuarão a prestar assistência à economia global para “ajudar a mitigar os efeitos” da atual situação, em especial em países de renda média e baixa. Isso porque as sanções contra a energia russa e as interrupções do fluxo do comércio de alimentos são um dos fatores que impulsionam a crise inflacionária observada em diferentes partes do mundo sobre itens essenciais, como trigo e petróleo.

“Estamos comprometidos em sustentar e intensificar a pressão econômica e política internacional sobre o regime do presidente [Vladimir] Putin e seus facilitadores em Belarus, privando a Rússia dos meios econômicos para persistir em sua guerra de agressão contra a Ucrânia, e continuaremos nosso uso direcionado de sanções coordenadas o tempo que for necessário, agindo em uníssono em todas as fases”, comunicou o G7.

“O G7 anunciará que proibiremos a importação de ouro russo, uma importante exportação que arrecada dezenas de bilhões de dólares para a Rússia”, afirmou o presidente dos EUA, Joe Biden.

Em abril, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, afirmou após visitar a Ucrânia, que o objetivo dos EUA é ver uma “Rússia enfraquecida ao ponto de não poder fazer o tipo de coisa que fez ao invadir a Ucrânia”. Mais de US$ 6,1 bilhões em “assistência de segurança” já foram enviados pelos Estados Unidos para a Ucrânia desde o início da guerra, de acordo com o Departamento de Defesa dos EUA. O mais recente pacote de ajuda militar incluí oito embarcações militares.

Do lado russo, o assessor presidencial de Vladimir Putin, Yury Ushakov, afirmou nesta segunda-feira (27) que é “muito cedo” para comentar os resultados do G7 e que ele poderia falar sobre os resultados da cúpula do Brics realizada na última semana, de acordo com informações da agência de notícias Tass.

Avanço na competição com a China

Os países do G7 também anunciaram o lançamento de um plano global de investimentos em infraestrutura para países em desenvolvimento. O anúncio se assemelha a um programa semelhante adotado pela China, a Iniciativa do Cinturão e Rota, também conhecida como Nova Rota da Seda. A União Europeia também tem um programa semelhante, formalizado em dezembro de 2021.

Biden afirmou que um dos objetivos do novo programa, batizado de “Colaboração pela Infraestrutura Global e o Investimento”, é demonstrar os “benefícios concretos” de ter parcerias com “democracias”.

De acordo com a Casa Branca, estão previstos investimentos na transição energética, energia nuclear, fabricação de vacinas, construção de hospitais na Costa do Marfim, expansão da conexão de 5G com “vendedores confiáveis”. Este é um setor em que as empresas chinesas têm vantagem tecnológica. No plano dos EUA, será construído um cabo submarino de internet que conectará Singapura até a França por meio do Egito e do Chifre da África.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirmou sobre o plano do G7 que Pequim “acolhe todas as iniciativas que ajudam a construir infraestrutura global”.

“No entanto, nos opomos a declarações e ações que promovam cálculos geopolíticos e difamem a Iniciativa do Cinturão e Rota sob o pretexto de construir infraestrutura”, disse o diplomata chinês.

Sob a presidência da Alemanha, o G7 deste ano termina na terça-feira (28).

Brasil de Fato

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