Comunidades Tradicionais Geraizeiras do Vale das Cancelas, em Grão Mogol, norte de Minas Gerais, divulgam Nota repudiando a visita do procurador geral do estado à região. Segundo as comunidades, o intuito principal da agenda seria tratar de questões relacionadas ao Bloco 8, megaprojeto de mineração que a empresa Sul Americana de Metais S/A (SAM) pretende instalar dentro do território das Comunidades Tradicionais Geraizeiras dos municípios de Grão Mogol, Padre Carvalho e Josenópolis.
Jarbas Soares, Procurador-Geral do Ministério Público do Estado de Minas Gerais sobrevoa região no Norte de Minas Gerais, onde chineses pretendem minerar
O documento destaca que “as comunidades reafirmam que desejam seu território e chão sagrado, livres de atividades minerárias e que o MP cumpra seu papel na defesa das mesmas e não se curve diante da SAM, o que extrapola sua competência. Que esse Termo de Compromisso assinado com a SAM, construído sem a participação das comunidades, seja revogado! As comunidades seguem mobilizadas na luta e no enfrentamento contra a Mineração”.
O projeto da SAM prevê a construção da segunda maior barragem de rejeitos da mineração do mundo e de um mineroduto para levar o minério até o mar para exportação, em uma região marcada pela escassez hídrica.
Arcebispo de Montes Claros visita famílias ameaçadas pela mineração da SAM no norte de Minas Gerais
Recentemente, o arcebispo de Arquidiocese de Montes Claros, dom João Justino, visitou as comunidades atingidas pelo projeto Bloco 8 da SAM, mineradora chinesa que pretende explorar minério de ferro no norte de Minas Gerais. A reunião aconteceu na comunidade de Lamarão, município de Grão Mogol, local que apresenta uma histórica resistência contra o projeto da mineradora.
Estavam presentes moradores de várias comunidades tradicionais geraizeiras, famílias que vivem há muitas gerações na região dos Gerais (Cerrado). Eles falaram ao arcebispo sobre o sofrimento de verem seus territórios ameaçados.
A deputada estadual Leninha Alves (PT-MG), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas, representantes do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Montes Claros, também estava presente.
Dom João Justino ouviu atento os números assustadores do plano da SAM: um projeto que prevê a segunda maior barragem de rejeitos da mineração do mundo; um mineroduto para levar o minério até o mar para exportação; o uso de 54 milhões de metros cúbicos de água em uma região marcada pela escassez hídrica e muitas outras formas de destruição, que chegarão junto com o projeto da mineradora.
Durante o encontro, o arcebispo acolheu o lamento das comunidades, ao afirmarem que, caso o projeto seja licenciado, irão sofrer a remoção forçada. Dom João ouviu o lamento sobre as ameaças de destruição do território dos povos do Vale das Cancelas, sua cultura e história, suas nascentes, casas, quintais e roças.
O arcebispo esteve na comunidade de Lamarão, no município de Grão Mogol (MG), local que apresenta uma histórica resistência contra o projeto da mineradora.
Na reunião, as comunidades ofertaram o resultado do trabalho no campo e a gratuidade dos Gerais: pequi, mandioca, feijão andu, hortaliças e panã. A leitura da Laudato Si trouxe a reflexão da Ecologia Integral e a urgente necessidade de lutar pela defesa da Casa Comum.
Dom João mostrou-se comprometido com a luta das famílias e refletiu sobre o acolhimento do grito dos povos e da natureza. Ele se comprometeu em continuar com o acompanhamento das famílias através das Pastorais Sociais. Trouxe o lema da Campanha da Fraternidade 2020, “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele!”, refletindo sobre o significado da comunidade e da ecologia, como dimensões da vida e sua interligação na Casa Comum. Após definirem os encaminhamentos para a continuidade da luta, o bispo abençoou os presentes.
Conheça a Campanha “Mineração Aqui Não! Pela vida dos povos e das águas do Semiárido!”
Com CPT