Os movimentos tradicionais do Gerazeiros acusam a Rio Rancho Agropecuária de desrespeitar as áreas dos cemitérios desse segmento no Vale das Cancelas, no município de Grão Mogol e entre os municípios de Padre Carvalho e Josenópolis, no Norte de Minas. Denunciam ainda que foram desrespeitados os cemitérios de Pau Terrinha, Sucupirinha, Chácara e Cabeceiras do Córrego d’Água e que existe um inquérito instaurado no Ministério Público Federal de Montes Claros desde 2019, mas sem avançar, pois um perito seria encaminhado para verificar a denúncia e isso ainda não ocorreu a pericia, pois o inquérito foi enviado para a 6ª Câmara do MPF, em Brasília, que trata dos povos e comunidades tradicionais. O procurador André Vasconcelos confirmou que depende de Brasília mandar um perito para analisar a denuncia e emitir o seu parecer.

Os movimentos sociais salienta que as Comunidades Tradicionais Geraizeiras são aquelas que assim se autodefinem, devido ao seu modo de vida tradicional, de forma harmônica com a natureza e que desenvolvem estratégias produtivas diversificadas ocupando as áreas mais altas, conhecidas como Gerais para uso comum. Normalmente composta de vegetação do cerrado e que ainda são utilizadas como meio de garantir o modo de vida e a reprodução social das comunidades, com a solta do gado e a coleta de frutos diversos e de plantas medicinais.

Denunciam ainda que desde a década de 1970, empresas de diversos ramos econômicos, apoiados pelo Estado de Minas Gerais, ocuparam os “vazios geográficos” para, como diziam, “promover o desenvolvimento econômico da região” e invadiram as chapadas e expulsaram as famílias que ali viviam secularmente, ignorando o modo de vida tradicional dessas comunidades que habitavam a região e que tradicionalmente usavam de forma comum as chapadas ou tabuleiros. O Estado e as diversas empresas pregavam que existia ali um “vazio geográfico”, ou seja, eram áreas desabitadas, desconsiderando a existência dessas comunidades.

Dessa forma, com a chegada desses empreendimentos de monocultura, os mesmos destruíram grande parte dos bens naturais do bioma cerrado, em um processo extremamente violador de direitos, que acarretou em danos irreparáveis ao meio ambiente e às comunidades tradicionais geraizeiras da região.

Via Jornal Gazeta

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