A emissora, que não apresentou defesa no processo iniciado em maio de 2022, terá de pagar R$ 30 mil ao atleta

Alexandre Cajuru quando atuava pelo CSA (Foto: Morgana Oliveira/RCortez/Ascom CSA)

Alexandre Cajuru quando atuava pelo CSA (Foto: Morgana Oliveira/RCortez/Ascom CSA)

Uma decisão inusitada da Justiça fez com que a Rede Globo fosse condenada a indenizar um jogador de futebol. Em maio de 2022, o goleiro Alexandre Cajuru, de 31 anos, ingressou com um processo contra a emissora.

O atleta alegou que a programação do SporTV, canal esportivo da Globo, reprisou, reiteradamente, uma falha que ele cometeu durante um jogo em 2020.

O lance polêmico ocorreu aos 22 minutos do primeiro tempo. Cajuru não conseguiu segurar uma bola fácil, chutada de muito longe, e engoliu o que, no futebol, é chamado de “frango”.
“Cajuru, que é isso?”, questionou o locutor na oportunidade. Ao final, o CSA perdeu o jogo por 2 a 1.

Após a partida, o SporTV decidiu criar um quadro chamado “Os Vacilos dos Goleiros do Brasileirão”, apresentando falhas em várias inserções durante a programação.

Cajuru processou a Globo alegando que a sua falha foi mostrada todos os dias, desde setembro de 2020, na grade de jogos da emissora. O goleiro disse, ainda, somente seu erro e o de um outro camisa 1 fizeram parte do quadro.

O jogador também destacou que a exibição repetida do frango prejudicou sua carreira. “Após o massacre que a emissora proporcionou, o autor [do processo] não conseguiu renovar seu contrato e tem tido muitas dificuldades para conseguir contrato com equipes da 1ª divisão”, ressaltou o advogado do jogador à Justiça, de acordo com informações da coluna de Rogério Gentile, no UOL.

O momento da falha. Reprodução/SporTV

O atleta apontou, ainda, que já havia sofrido um grande abalo emocional pela falha, o que fez com que ele se sentisse culpado. Contudo, acreditava que, com o passar do tempo, torcedores e dirigentes se esqueceriam do fato.

“A Globo, porém, com nítido cunho vexatório, não deixa a sociedade esquecer”, disse o advogado. Ele acrescentou que a repetição sistemática gerou um novo trauma.

Juiz acata argumentos do jogador
O juiz Renan Jacó Mota, responsável pela condenação da emissora, disse que a falha foi exibida de forma “descomedida”.

A sentença apontou que a exibição sistemática ultrapassou a finalidade informativa, passando a atentar contra a imagem do atleta. “Acarretou-lhe inegável sofrimento psicológico”.

“O exercício das liberdades de informação e de imprensa deve se dar de forma equilibrada, em harmonia com outras garantias constitucionais”, completou o juiz.

A Globo, que não apresentou defesa no processo, pode recorrer.

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