Operação da Polícia Civil desarticula ação “Se colar, colou”; instrutores de autoescolas em MOC ofereciam facilidade para aprovação em exame

Três homens foram presos em Montes Claros nesta quinta-feira suspeitos de aplicar golpes em candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Dois deles eram instrutores de autoescolas da cidade – um foi detido na área de exame e, o outro, na empresa onde trabalha.

As prisões são resultado da operação Exame Legal, realizada pela Polícia Civil de Minas Gerais em Montes Claros. Segundo a corporação, os homens ofereciam aos candidatos a garantia de que seriam aprovados pela banca examinadora na prova de rua mediante pagamento de R$ 1.500 a R$ 2.500.

Eles alegavam que o dinheiro seria repassado aos examinadores para que aprovassem o candidato. O pagamento era feito apenas após a confirmação do resultado. No entanto, os golpistas abordavam pessoas com chances reais de aprovação, ou seja, a propina nunca chegava aos examinadores.

Os candidatos eram realmente aprovados, mas acreditavam que conseguiram a CNH por causa do pagamento do valor, que ficava com os dois instrutores – de 44 e 49 anos – e o responsável pela captação das vítimas – de 29 anos. O golpe é chamado de “Se colar, colou”.

“Foi constatado que, apesar do pagamento, não havia, na prática, nenhuma facilitação. A pessoa passava pelos próprios méritos, mas acreditava, pela atuação do golpista, que houve algum tipo de facilitação”, diz o delegado geral da PC e presidente da Banca Examinadora, Jurandir Rodrigues César Filho.

INVESTIGAÇÃO
A investigação começou há seis meses, após denúncias anônimas feitas à Secretaria da Banca Examinadora em Montes Claros.

De acordo com o delegado Erivelton Ruas Santana, nenhuma autoescola, ou seus proprietários, estão envolvidos no golpe.

A polícia não descarta o envolvimento de mais pessoas no esquema em Montes Claros e até em outras cidades da região e, por isso, as investigações irão continuar.

“A atuação desses três, era aqui na cidade e em autoescolas diferentes. Não verificamos envolvimentos das autoescolas nem dos proprietários, somente dos instrutores”, afirma.

Segundo Erivelton Ruas, foi comprovado que nenhum examinador vinculado ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e à Polícia Civil teve participação na ação criminosa.

“Tudo foi bem orquestrado em uma situação de pandemia, em que as pessoas precisam da habilitação para buscar emprego em um momento tão difícil para todos”, frisa o delegado.

A Polícia Civil não sabe informar o número de vítimas e acredita que, após a divulgação do caso, muitas pessoas deverão procurar a polícia para fazer denúncia. Jurandir Rodrigues que é preciso que as vítimas procurem a Polícia Civil ou façam um boletim de ocorrência. Ele ressalta que o candidato que pagou o valor pedido pelos golpistas não será considerado cúmplice.

Já os autores serão enquadrados por organização criminosa e pela prática do crime de estelionato.

Via O Norte

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