Altos funcionários do governo Trump teriam decidido que, diante da crise humanitária na Venezuela, valia a pena ouvir a opinião de militares dispostos a derrubar Maduro

 O governo dos EUA, sob a batuta do presidente Donald Trump, participou de reuniões secretas com militares da Venezuela para discutir planos de derrubar o presidente Nicolás Maduro. As informações são de reportagem do jornal The New York Times publicada neste sábado (08/09).

As reuniões teriam sido realizadas ao longo de 2017, segundo 11 funcionários e ex-funcionários do governo norte-americano e um ex-comandante militar venezuelano ouvidos pelo jornal. Estabelecer um canal com articuladores do golpe na Venezuela foi uma manobra arriscada para Washington, considerando o histórico de intervenções clandestinas na América Latina, diz a reportagem.

“Muitos na região ainda se ressentem profundamente dos Estados Unidos por seu apoio a rebeliões, golpes e conspirações anteriores em países como Cuba, Nicarágua, Brasil e Chile, e por fechar os olhos para abusos cometidos por regimes militares durante a Guerra Fria”, aponta o texto.

Altos funcionários do governo Trump teriam decidido que, diante da crise humanitária na Venezuela, valia a pena ouvir a opinião de militares dispostos a derrubar Maduro. Segundo o New York Times, um dos comandantes venezuelanos que participou das conversas secretas está na lista de funcionários venezuelanos corruptos sancionados pelos EUA. O militar em questão foi acusado de crimes que vão de tortura a tráfico de drogas e colaboração com as Forças Armas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Numa série de reuniões, realizadas a partir do segundo semestre de 2017, militares venezuelanos teriam pedido apoio ao governo americano, solicitando rádios criptografados para que eles pudessem se comunicar de maneira segura. O governo americano não forneceu apoio material e, por fim, acabou decidindo não ajudar os conspiradores. Segundo o ex-comandante venezuelano ouvido pelo jornal, os rebeldes nunca pediram aos americanos que realizassem uma intervenção militar na Venezuela.

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