Por pagamento imediato, professores mantêm ocupação da reitoria

O comando de greve divulgou nota nesta quarta-feira 18 informando que não aceita o dia 26 de abril – definido em comunicado da reitoria, no dia anterior – como data de pagamento dos salários dos professores em greve há dois meses e meio. A categoria exige que isso seja feito imediatamente. Também ficou decidido manter a ocupação do prédio da reitoria até que o pagamento seja efetuado em definitivo.

“Para os professores que estão sem salário, a data determinada pela reitoria e pelo governo é impraticável, tendo em vista os grandes prejuízos causados pela falta de salário. Esperar mais 10 dias sem pagamento em conta é algo que fere frontalmente a categoria e manifesta de forma clara o descaso do governo com o ensino superior e a inabilidade da gestão da Unimontes na solução de um problema por ela criado”, diz a nota, acrescentando que o movimento não tem mais nenhum grau de confiança nas informações do Governo e da reitoria, “principalmente considerando que não temos nenhuma garantia de que os salários serão depositados no dia 26”.

De acordo com a nota, em vários momentos a reitoria da Unimontes voltou atrás em acordos feitos com o movimento de greve, sempre em prejuízo aos professores, da mesma maneira que o governo também o fez em vários momentos. A atitude da reitoria de cortar o pagamento, à revelia do governo, suspendeu as negociações dos pontos que motivaram a paralisação.

O comando de greve promoveu um grande abraço ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), na tarde de terça-feira 17, com o objetivo de cobrar da reitoria uma posição sobre a situação do prédio do CCBS, interditado desde janeiro deste ano por absoluta falta de condições para abrigar os cursos da área médica, transferidos para outras dependências da universidade, de forma precária.

“A situação desse centro, bem como dos demais, é fruto de um processo calculadamente mal conduzido nos últimos 30 anos, por um modelo de gestão que não tem compromisso com a universidade pública”, denunciou o professor Ildenilson Meireles, da Associação dos Docentes da Unimontes (Adunimontes), para quem a Unimontes está decaída e defasada. Ele lembrou que o CCBS é um centro de referência em pesquisa e pós-graduação, o que torna sua recuperação um dever e obrigação de todos. Para Meireles, a situação de descaso é o que faz com que sejam realizadas duas greves por ano, com custos pessoais e financeiros para os estudantes e professores.

A diretora do Centro, Graciana Guerra David, denunciou o descaso da reitoria em relação ao estado do local. Ela relatou sua via crucis, há anos, por todas as instâncias da universidade, para que o local seja recuperado. Quando chove, informou, a imundície toma conta das instalações, com dejetos e animais mortos em putrefação, que descem do telhado e pelas estruturas do prédio.

O movimento paredista dos professores, bem como a ocupação, ganhou a adesão dos alunos. A presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Malu Menezes, considera que o apoio deve-se à constatação de que o movimento é de defesa da universidade, o que é de interesse de todos. “O que está em curso é um projeto de destruição da universidade pública. O que nós temos que ter em mente é que se isso ocorrer nenhuma outra será erguida no Norte de Minas”, previu.

A acadêmica Vivian Cristina, do curso de Odontologia, estuda no local e fez coro às denúncias da direção do CCBS. Ela disse que desde 2012 o estado do prédio é de precariedade. Para ela, o apoio dos estudantes é importante levando-se em conta a necessidade de resgatar o papel da universidade. “No futuro, nós é que estaremos na sala de aula”, lembrou.

Ildenilson Meireles

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