Se não tem acesso à informação, seja por falta de tempo ou de dinheiro, o cidadão brasileiro tem que exercitar a percepção e a observação.

 Aprender a ver o que se passa ao seu redor.
Por exemplo: não causa espécie, ou não é estranho, à opinião pública que as classes dominantes e a grande mídia convencional se utilizem com força de lei as opiniões emitidas pelo Banco Mundial em assuntos de seu interesse?
Foi assim ao longo do rumoroso processo de impeachment da presidenta da República Dilma Rousseff, período em que os meios de comunicação, principalmente as televisões, usaram e abusaram das análises da referida instituição financeira para emoldurar a suposta crise financeira na qual se debatia o país.
Alguns jornais eletrônicos chegaram até mesmo a abusar da avaliação do BM, como se as palavras de seus técnicos fossem a verdade única e absoluta sobre a realidade econômica do país. Praticaram maquiavelicamente a guerrilha desarmada da desinformação para manipular a ingênua massa popular.
O mesmo fenômeno pode ser observado no período atual, quando o governo federal tenta emplacar uma reforma previdenciária antipopular e estuda a introdução do sistema de pagamento do ensino superior, ou seja, o fim das universidades públicas gratuitas.
Estudo técnico do Banco Mundial critica a situação financeira do país e diz em letras garrafais que o governo federal gasta muito e mal.
Mas não informa que ele malversa o dinheiro público e aponta algumas medidas que poderiam concorrer para o saneamento das finanças públicas, dentre as quais a reforma previdenciária e o fim do ensino superior gratuito.
O BM não comenta o congelamento de investimentos públicos por vinte anos em áreas de responsabilidade social do governo da União, como a Saúde e a Educação, mas indica que a geração de novas rendas estaria na reforma da Previdência e na erradicação do ensino superior gratuito.
O documento está em todos os jornais de circulação nacional e a população teve conhecimento de pelo menos dessas duas propostas nos jornais falados das emissoras de rádios e nos telejornais de todas as televisões comerciais dos últimos dias.
Esses meios de comunicação agem, infelizmente, como se o Banco Mundial falou está falado.
Aliás, o grande mal do Brasil na atualidade são as suas televisões comerciais, infelizmente, que acham que o que transmitem é palavra do rei.
As televisões se acham Deus.
Uma delas parece ter certeza disso.

(*) Felipe Gabrich é jornalista e articulista do EM CIMA DA NOTÍCIA

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