Cabe ao Ministério Público decidir se denunciará o cantor à Justiça, após apreensão de dinheiro, notas fiscais para suspeitos, venda de aeronaves para investigados, sociedade oculta e ajuda a foragidos

O cantor Gusttavo Lima está em Miami e cancelou agenda de shows Foto: Reprodução/Instagram

O cantor sertanejo Gusttavo Lima foi indiciado pela Polícia Civil de Pernambuco, em 15 de setembro, sob suspeita de envolvimento nos crimes de lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. O indiciamento é parte das investigações da Operação Integration, que apura esquemas de jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Entre os 53 alvos da operação, também estão a influenciadora digital Deolane Bezerra, empresários e bicheiros.

Após cancelar os próximos shows programados, ivaldo Batista Lima, nome de batismo do músico, saiu do Brasil e está em Miami, nos Estados Unidos, de acordo com reportagem da TV Record. Gusttavo também teria anunciado uma live em suas redes sociais na tarde desta segunda-feira (30), onde há a expectativa que ele fale sobre a investigação e o pedido de prisão revogado.

Agora, cabe ao Ministério Público decidir se denunciará o cantor à Justiça. A defesa de Gusttavo Lima nega todas as acusações, de acordo com reportagem do programa Fantástico da Rede Globo, afirmando que as operações financeiras do artista são legítimas e devidamente declaradas.

Apreensão de dinheiro e transações suspeitas
Um dos elementos que chamou a atenção dos investigadores foi a apreensão de um cofre com cerca de R$ 150 mil na sede da Balada Eventos e Produções, empresa de shows de Gusttavo Lima, em Goiânia (GO). Segundo a polícia, a grande quantia em espécie é considerada um indício de lavagem de dinheiro. A defesa do cantor, por sua vez, afirmou que o dinheiro era destinado ao pagamento de fornecedores.

Além disso, as autoridades encontraram 18 notas fiscais sequenciais, emitidas pela GSA Empreendimentos, outra empresa de Gusttavo Lima, totalizando mais de R$ 8 milhões. As notas foram emitidas à empresa PIX365 Soluções, que, de acordo com a polícia, estaria envolvida em apostas esportivas ilegais. A defesa do cantor, porém, afirmou que os valores foram declarados corretamente, e os impostos pagos.

Venda de aeronaves e transações suspeitas
Outro ponto central da investigação envolve a venda de um avião da Balada Eventos para dois empresários ligados ao esquema de jogos ilegais. Em 2023, a aeronave foi vendida para Darwin Henrique da Silva Filho, empresário pernambucano com suspeitas de envolvimento no jogo do bicho, por US$ 6 milhões. Apenas dois meses depois, a venda foi cancelada, sob a alegação de problemas técnicos.

Em 2024, o mesmo avião foi novamente negociado, desta vez com a J.M.J Participações, do empresário José André da Rocha Neto, que também é investigado. A transação, avaliada em R$ 33 milhões, incluiu um helicóptero que já havia sido vendido pela empresa de Gusttavo Lima a Rocha Neto. Segundo a polícia, essas transações envolveram tanto dinheiro legal quanto recursos provenientes de atividades ilícitas.

As defesas de Gusttavo Lima e dos empresários negam irregularidades, afirmando que todos os contratos foram feitos de forma transparente, com pagamentos via contas bancárias regulares.

Relacionamento com a marca Vai de Bet
Outro ponto de destaque nas investigações é o envolvimento de Gusttavo Lima com a marca Vai de Bet, uma das empresas investigadas. Em julho de 2024, o cantor teria se tornado sócio da empresa, com participação de 25%, segundo documentos obtidos pela polícia. Entretanto, sua defesa sustenta que ele nunca foi sócio da administração da empresa, mas que tinha direito a um percentual em caso de venda futura da marca.

A polícia, no entanto, investiga se Gusttavo Lima seria um sócio oculto da Vai de Bet desde 2023, quando a empresa fechou um contrato milionário de patrocínio com o Corinthians, também sob investigação.

Viagem à Grécia e suspeitas de ajuda a foragidos
Gusttavo Lima estava na Grécia comemorando seu aniversário de 35 anos quando a operação foi deflagrada. Segundo a polícia, ele teria dado carona em seu avião para José André da Rocha Neto e sua esposa, Aissla, ambos foragidos e donos da Vai de Bet. O casal teria desembarcado antes do retorno ao Brasil, levantando suspeitas de que o cantor os teria ajudado a escapar das autoridades.

A suspeita de ajuda aos foragidos resultou na decretação da prisão de Gusttavo Lima em 16 de setembro, mas a decisão foi revogada menos de 24 horas depois, em segunda instância.

Agora, o destino do cantor depende do Ministério Público, que analisará as evidências e decidirá se apresentará denúncia formal à Justiça.

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