Contribuir para a formação da consciência do eleitor brasileiro, por meio de um processo que o leve a uma leitura crítica e para uma cidadania ativa. É com este objetivo que o Conselho Nacional do Laicato no Brasil (CNLB), em parceria com outros organismos, preparou o caderno “Encantar a política”, apresentado na tarde da última segunda-feira (25), em coletiva de imprensa, pelo presidente da Comissão Episcopal para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e bispo da diocese de Tocantinópolis (GO), dom Giovane Pereira de Melo.

De acordo com o prelado, a iniciativa vai para além das eleições 2022. “Este é um projeto de formação política permanente, que nós desejamos que contribua durante as próximas eleições”, disse dom Giovane, destacando que o processo tem ainda um longo caminho a ser percorrido, por se tratar de um amplo projeto de formação. Desenvolvido por muitas mãos, o texto do “Encantar a política” é inspirado nas encíclicas do Papa Francisco: “Evangelli Gaudium”, “Laudato Si” e Fratelli Tutti”.

“O projeto é um trabalho feito em mutirão. São muitos leigos e leigas, a partir de compromissos de engajamento em movimentos sociais, em organizações sociais da Igreja e em organismos de serviço, que se propõem, de modo muito qualificado, a apresentar e a contribuir com a cidadania. Há, também, uma presença muito forte e marcante dos nossos pastores através do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) e do Conselho Permanente, que contribuíram e aprovaram esse projeto”, afirmou dom Giovane.

Mandamento do Amor

Além da elaboração do caderno, que servirá de subsídio para as dioceses, os regionais, as paróquias, os movimentos, as pastorais e os demais organismos da Igreja, o projeto visa a promoção de um curso sobre planejamento de campanha, já iniciado e com fila de espera; e a realização de um seminário nacional, de 13 a 15 de maio, em Brasília, com o objetivo de capacitar multiplicadores e parceiros, para que todos os estados brasileiros sejam atingidos. “O texto trata a política como decorrência da ética e do amor e procura atribuir o sentido mais profundo deste mandamento, que é o do amor”, asseverou dom Giovane.

Para que o caderno chegue a todas as regiões do país, incialmente serão impressos 30 mil exemplares, privilegiando o Norte, o Nordeste e o Centro-oeste. Contudo, para que o alcance seja ainda maior, o subsídio ficará disponível no hotsite da CNLB [www.cnlb.org.br], onde também será possível ter acesso a vídeos, podcasts, cards para as redes sociais e outros materiais. “Queremos fazer com que esse projeto chegue a todas as paróquias””, afirmou dom Giovane.

Fazem parte da parceria para o desenvolvimento do caderno o Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (Cefep), a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), o Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora, o Movimento Nacional de Fé e Política, a Rede Brasileira de Fé e Política, a 6ª Semana Social Brasileira, a Pastoral da Juventude (PJ), a Pastoral da Juventude no Meio Popular (PJMP,) os Padres da Caminhada, a Rede Brasileira Justiça e Paz e outras organizações.

Cartilha de orientação política

A participação do arcebispo de Londrina (PR) e presidente do regional Sul 2 da CNBB, dom Geremias Steinmetz, marcou a primeira Coletiva de Imprensa da 59ª Assembleia Geral da CNBB, na tarde desta segunda-feira, (25). O momento contou também com a participação do bispo de Tocantinópolis (TO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB, dom Giovani Pereira de Melo, e abordou um dos temas refletidos na plenária da assembleia: política e eleições.

Durante a coletiva, dom Geremias apresentou a Cartilha de Orientação Política 2022 produzida pelo regional Sul 2. O material reflete o tema “a política melhor” e, conforme explicou o arcebispo, é fruto de um longo caminho de reflexão política no Paraná.

“Desde 2008 o Regional Sul 2 produz uma cartilha para ajudar na conscientização do povo sobre a questão política. Muitos temas fundamentais já foram trabalhados pelos materiais, como a venda de votos e as polarizações por exemplo”, explicou.

Dom Geremias falou também sobre o papel da Igreja nas eleições e abordou a temática das fake news. “As fake news não são apenas mentiras. São, na verdade, verdadeiras ameaças à democracia. É uma mentira trabalhada para favorecer candidatos que não têm boas propostas ou que têm atuações duvidosas na sociedade. Este é um problema que precisa ser combatido. Temos que trabalhar sempre com a verdade, porque ela nos libertará”, destacou dom Geremias.

Ainda durante a Coletiva de Imprensa, o arcebispo ressaltou que a fé e a política não estão em lados opostos, mas que, para ele, é preciso olhar esta relação a partir da educação e perceber que é possível viver a fé na política. Por fim, concluiu com o alerta: “Temos o direito e o dever de acompanhar e cobrar aqueles que foram eleitos. Todos são corresponsáveis pelo Brasil”.

A política melhor

Nas eleições deste ano – que acontecem dias 2 e 30 de outubro -, os brasileiros irão às urnas para escolher presidente da República, governadores dos estados, senadores e deputados federais, estaduais e distritais Para orientar um processo a serviço do bem comum, a Cartilha de Orientação Política divide-se em três blocos: 1. A Igreja e a Política; 2. As eleições Gerais de 2022; e 3. A política em favor da vida integral.

Inspirada pela Carta Encíclica Fratelli Tutti, especialmente no capítulo V, o material trata da política melhor, onde o Papa aborda a política na perspectiva da caridade. Segundo dom Geremias, uma inspiração importante é quando o Papa apresenta ‘o amor político’, quando reconhece todo o ser humano como irmão e irmã, concretizado em políticas públicas que favorecem os mais pobres e os marginalizados.

Fonte: Signis

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