– Setores da Igreja católica, incluindo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e movimentos como o Grupo Tortura Nunca Mais pediram, em carta, o fim da greve de fome realizada por seis manifestantes em Curitiba em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O documento da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo ressalta que o protesto cumpriu seu objetivo, uma vez que o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) assegurou o direito de presunção de inocência e a participação de Lula no pleito presidencial de outubro.

Confira o documento na íntegra.

A COMISSÃO JUSTIÇA E PAZ DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO, JUNTO DA CNBB, DA COMISSÃO BRASILEIRA JUSTIÇA E PAZ, DA CAMPANHA CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS, DO GRUPO TORTURA NUNCA MAIS – SP, DO CENTRO SANTO DIAS DE DIREITOS HUMANOS, DE MUITAS OUTRAS ENTIDADES DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS, DE MILHARES DE BRASILEIROS E DO PRÓPRIO PRESIDENTE LULA, AGRADECEM E PEDEM AOS HEROICOS COMPANHEIROS QUE FAZEM GREVE DE FOME QUE PAREM. CONSEGUIRAM UMA VITÓRIA, NÃO PRECISAM MAIS SE SACRIFICAR.

Leia abaixo o documento enviado aos companheiros em greve de fome e compartilhe, por favor

São Paulo, 20 de agosto de 2.018

Prezados irmãos, Frei Sérgio Görjen, do Movimento dos Pequenos Agricultores; Jaime Amorim, do MST de Pernambuco; Vilmar Pacífico, do MST do Paraná; Zonália Santos, do MST de Rondônia; ao Luiz Gonzaga Silva, o Gegê, da Central dos Movimentos Populares de São Paulo; e Rafaela Alves, do MPA de Sergipe.

A Comissão Justiça e Paz de São Paulo, criada em 1972 por Dom Paulo Evaristo Arns, integrante da Campanha Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais, criada em 10 de dezembro de 2013, vem cumprimentar cada um de vocês pela determinação com que, em conjunto, conduziram sua manifestação pacífica que, sem duvida, muito contribuiu para que se conseguisse a medida cautelar em defesa do principio de presunção de inocência junto a ONU .

O questionamento que não mereceu, até agora, acolhida no Brasil, foi feito ao Comitê de Direitos Humanos, composto por 18 especialistas independentes em direitos humanos, de diferentes países do mundo, eleitos pela Assembléia Geral da ONU .

Após apreciar as denuncias o Comitê determinou, através de uma medida cautelar, que o Brasil tomasse todas as medidas necessárias para assegurar que um querelante, Luiz Ignácio Lula da Silva, pudesse desfrutar e exercer seus direitos políticos como um candidato nas eleições presidenciais de 2018. O Comitê também pediu que o Brasil não o impedisse de concorrer à eleição presidencial de 2018, até que seus recursos perante os tribunais fossem resolvidos por meio de procedimentos judiciais justos.

Com esta decisão, o motivo que os levou à greve de fome, ou seja, que Lula pudesse concorrer à eleição presidencial de 2018, até que seus recursos perante os tribunais fossem resolvidos por meio de procedimentos judiciais justos, passou a ter um novo patrono: a ONU. Ou seja: vocês, nesta luta, serão substituídos por um organismo que congrega todas as nações do mundo. Parabéns!

Juntamos nossa voz às centenas de entidades tais como a CNBB, a Comissão Brasileira Justiça e Paz e de milhares de pessoas que os apoiaram durante estes dia de heroísmo, inclusive o próprio Presidente Lula que encaminhou a vocês uma carta de próprio punho, para fazer um apelo:

A greve de fome foi vitoriosa!
A ONU com a medida cautelar assumiu a tese de presunção da inocência!
O Brasil precisa de vocês vivos!
É hora de recuperar a saúde para outras batalhas que virão.
A Vida é um dom de Deus!
Devemos cuidar com carinho este presente Divino.
A Paz é Fruto da Justiça!
Antonio Funari Filho
Presidente da Comissão Justiça e Paz de São Paulo

Grevistas de fome por Justiça no STF perderam entre 8kg e 11kg
Avaliação médica aconteceu nesta quarta-feira, dia 22, em Brasília

Os sete manifestantes passaram por uma avaliação médica que constatou a perda de peso / Michelle Calazans/ Ascom Cimi

A Greve de Fome por Justiça no STF (Supremo Tribunal Federal) chega ao 24º dia de resistência com o alerta redobrado da equipe da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, que acompanha os sete grevistas.

Como reivindicação principal, os manifestantes em greve querem que os ministros do STF votem as Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) que tratam da regularidade de ordenar a prisão de um acusado após condenação em segunda instância, estágio do processo em que ainda cabem recursos e a inocência do acusado ainda pode ser decretada. O tema afeta diretamente a situação do ex-presidente Lula (PT), que está na condição de preso político desde o dia 7 de abril e segue líder em todas as pesquisas de intenção de votos para o Palácio do Planalto.

Nesta quarta-feira, 23, os grevistas completam 23 dias sem se alimentar, ingerindo apenas soro e água. Alguns deles perderam 8 quilos e outros chegaram a reduzir 11 quilos.

De acordo com a médica especialista em Medicina de Família e Comunidade, Maria da Paz, neste momento intensificam mais ainda os sintomas que fazem parte do quadro da greve de fome prolongada.

“Os grevistas apresentam fortes dores musculares e quadro de hipoglicemia (alteração do nível de açúcar no sangue) e hipotensão (pressão arterial mais baixa do que o normal)”, esclareceu.

Estão em greve de fome Frei Sérgio Gorgen, Rafaela Alves, Vilmar Pacífico, Jaime Amorim, Zonália Santos, Luiz Gonzaga (Gegê) e Leonardo Soares.

Entre os grevistas, alguns apresentam maior fragilidade da saúde, explica Maria da Paz, pois o organismo de cada militante responde de forma diferente, apesar da condição sem alimento ser igualitária há 23 dias.

A greve denuncia, além da parcialidade no Supremo Tribunal Federal, a volta da fome e o abandono dos mais pobres, o aumento da violência que ataca, sobretudo, mulheres, jovens, negros e LGBTs, a situação da saúde pública, os desmontes das conquistas dos trabalhadores, entre outras pontos expostos em manifesto divulgado pelos grevistas no início do protesto.

Edição: Juca Guimarães

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