Vivemos hoje uma grande catástrofe no Brasil e no mundo. A pandemia já ceifou mais de dois milhões de vidas. Em Manaus está um caos. Falta de oxigênio para pacientes internados. Muitas mortes. Pânico. O governo federal totalmente apático e omisso diante desta e de outras situações. Esse descaso propiciou sim o avanço da doença e inúmeros óbitos.
A felicidade humana está totalmente ameaçada neste triste momento. E esta deve ser concebida coletivamente, na vida comum. Enquanto houver fascistas no Brasil como Jair Bolsonaro, estaremos mais distantes da possibilidade de sermos felizes enquanto nação. Eleito, sobretudo graças aos golpes orquestrados contra o povo brasileiro representado por Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, esse governo pífio de Bolsonaro está passando da hora de ser definitivamente banido.
São vários os pedidos de impeachment encaminhados à Câmara dos Deputados por parlamentares e organizações sociais, mas o jogo do poder e os interesses imediatistas, não permitem que o processo seja deflagrado. Pautar o impeachment parece algo horrendo. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, certa vez, afirmou que seria desastroso discutir o impeachment em pleno momento de pandemia. Este foi o pretexto. Para ele, obviamente, e outros deputados, é inviável contrariar as elites económicas. Então, mantém-se o fascista no poder.
Alheio a tudo o que é humano, ético, coletivo, democrático, Bolsonaro tomou para si a terrível missão de contribuir para o crescimento desenfreado e assustador da pandemia. O seu governo é um despropósito. Nenhum dos seus subordinados no Palácio do Planalto foge à regra quando o assunto é descompromisso social, incompetência, ignorância, falta de sensibilidade para com os dramas vivenciados pelos brasileiros.
As redes sociais estampam, a cada instante, através de textos, charges, vídeos, comentários, imagens, as inúmeras atrapalhadas de um governo que, na prática, nunca aconteceu. O Brasil possui hoje, lamentavelmente, um governo formal, e não efetivo. O chamado presidente da República esconde os crimes dos seus filhos ladrões, destrata pessoas dignas, não encara com seriedade os problemas que tanto afligem a vida do povo sofrido. É um completo despreparado para o cargo, um homem que traz em sua alma a inspiração das proezas assassinas de Adolf Hitler e que, apesar de tantas atrocidades e mesquinharias cometidas por ele, ainda consegue permanecer no poder e obter a admiração de um número considerável de cidadãos alienados, distantes de uma compreensão nítida e precisa do que está acontecendo no Brasil.
Ao que parece, existe uma cegueira quase generalizada. Muitos não estão vendo, não abriram os olhos para a difícil realidade que estamos vivendo. Dá a impressão que além da pandemia, o Brasil convive com uma enfermidade que cega a muitas pessoas, algo como o enredo da brilhante obra “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago. Mas não se trata de uma cegueira física. Muitos estão cegos em termos éticos e em termos de consciência crítica e social. Há ainda aqueles que fingem não enxergarem e que se comportam como se estivessem tateando no escuro abissal do Brasil. Muitos pertencentes à chamada classe política estão assim. Cegos por conveniência. Desta forma, estão vivendo como se algo grave não estivesse acontecendo, ou como se vivessem numa pátria paralela. Agem deste modo covarde e pernicioso porque sabem que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Bolsonaro, a rigor, é inimigo dos pobres, dos educadores, dos negros e índios, dos homoafetivos, das mulheres batalhadoras, dos assalariados e desempregados, e não dos mandatários da direita. Daí a cegueira proposital diante de todo o caos provocado pela falta de políticas verdadeiramente públicas desse ínfimo governo.
A necessidade de pautar o impeachment é mais do que urgente. A deputada federal Luíza Erundina (PSOL/SP) publicou em sua página do Facebook um recado a Rodrigo Maia, um clamor, para que este faça imediatamente o encaminhamento do processo de impeachment. Referindo-se a Bolsonaro como “governo genocida” (e isto ele é mesmo), Erundina diz a Maia – lembrando a recente tragédia de Manaus – que se caso não fizer o encaminhamento, ele “passará para a História como omisso ou conivente com os inúmeros crimes cometidos pelo presidente”.
O apelo de Erundina traduz a expectativa de uma imensa parcela de brasileiros. Não fosse o trabalho sistemático dos partidos de oposição e as frequentes manifestações da sociedade, dos seus movimentos organizados, o terror bolsonarista já teria feito um estrago muito maior. Por seus ataques constantes à democracia, entre outras práticas autoritárias, esse governo tem sido alvo de críticas negativas em várias partes do mundo.
Ao que parece, deve haver aqueles que acreditam ser melhor esperar as eleições do próximo ano para nos vermos livres desse governo, elegendo assim um novo presidente. Mas não podemos correr esse risco, pois estamos lidando com um indivíduo que não mede as consequências dos seus atos. Trata-se de um paranoico capaz de cometer as mais estúpidas insanidades para manter-se no poder. Por isso, impeachment já!

* Wagner Rocha é poeta, filósofo e professor Dr. da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Autor dos livros, Lápis Lapso; Crepúsculo de Arame; Os dias partidos, dentre outros

 

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