Caem por terra dois pilares da trama de setores da direita e da extrema-direita que tentam criar uma farsa política às vésperas do primeiro turno; investigação da PF sobre Adélio, o agressor de Bolsonaro indicam: o “dinheiro suspeito” nas contas dele nada tem de suspeito e o “cartão internacional” foi emitido automaticamente pelo banco e nunca desbloqueada

 – O rumo das investigações sobre o ataque a faca perpetrado por Adélio Bispo de Oliveira contra Bolsonaro está dificultando a armação da extrema-direita que tenta criar uma farsa para as vésperas do segundo turno. O objetivo é inventar uma “trama política” com o objetivo de atingir o PT, como tem sido usual nas campanhas eleitorais desde a de 1989. Um dos aspectos centrais da armação era a notícia, divulgada com insistência por duas publicações de extrema-direita, O Antagonista e o Estado de S.Paulo, era a versão de que haveria uma série de “depósitos suspeitos” na conta bancária de Adélio e que ele teria um “cartão internacional”. A investigação demoliu a boataria.

Quanto ao “dinheiro suspeito”, boato que pretendia lançar a ideia de que alguma organização política de esquerda do país estaria patrocinando Adélio, a investigação concluiu que o dinheiro em sua conta tem “origem sustentável”, como uma rescisão trabalhista por um emprego em Santa Catarina, e remuneração pelo trabalho de garçom, pelo qual recebia cerca de R$ 70 por dia.

Quanto à história do “cartão internacional”, que tinha como objetivo criar uma história de uma ação da “esquerda mundial” contra Bolsonaro, a PF apurou que o cartão de crédito internacional encontrado em poder de Adélio na verdade nunca foi utilizado e foi emitido automaticamente pelo banco em uma conta-salário de outra empresa em que ele trabalhou.

Adélio tentou matar Bolsonaro em Juiz de Fora (MG) no último dia 6 e é uma pessoa com graves problemas emocionais. A hipótese da armação às vésperas das eleições diminuiu, mas depois que do fez Veja com a famosa capa “Eles sabiam” distribuída como panfleto no dia do segundo turno em 2014 e outras iniciativas criminosas da direita e da mídia conservadora, é bom ficar de olhos bem abertos.

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Quem é o autor do ataque a Bolsonaro
Adélio Bispo de Oliveira, 40, foi preso em flagrante após atacar com uma faca o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG). Após o ataque, ele chegou a ser agredido por partidários do candidato, e foi preso em seguida, levado para a delegacia da Polícia Federal. Até o momento pouco se sabe sobre o que teria motivado a agressão: de acordo com policiais que estavam presentes no momento da prisão, Oliveira teria dito que cometeu o crime “a mando de Deus”, segundo a TV Globo. Uma página do Facebook atribuída a ele traça um perfil confuso deste mineiro de Montes Claros.

Perfil de rede social atribuído a Adélio Bispo de Oliveira é repleto de teorias conspiratórias maçônicas

Lá constam críticas ao capitão da reserva, à classe política de forma genérica e à maçonaria (“Deveria serem (sic) todas lojas maçônicas do país incendiadas por completo”, escreveu). Os posts dedicados a Bolsonaro são vários, de memes a críticas diretas. “A aprovação de Bolsonaro é maior entre os menos estudados, ou seja só analfabetos e semi analfabetos votam em Bolsonaro”, escreveu em julho deste ano. Também na rede social ele postou fotos suas em um ato contra o presidente Michel Temer, no qual aparece ao lado de cartazes com os dizeres “Fora Temer” e “Políticos inúteis”.

A maçonaria era um tema recorrente para ele na rede. “Na maçonaria a maior parte dos maçons não passa do terceiro grau, servindo de capachos para os mais graduados, e para lhes satisfazer certas vaidades e serviços exclusos (sic)”. Ele também acusava Temer, o ex-prefeito João Doria (PSDB) e o Movimento Brasil Livre, de serem parte da organização – “Tá aí o MBL, um movimento de direita privatista, anti-Estado e maçônica!”. Em julho deste ano ele fez check-in em um clube de tiro localizado em Florianópolis, onde ele possivelmente morou durante alguns meses deste ano.

Uma sobrinha de Oliveira ouvida pelo BuzzFeed afirmou que ele atuava como missionário evangélico, e que estava afastado da família há alguns anos. “Ele tinha ideias conturbadas”, disse. Oliveira foi filiado ao PSOL de Uberaba entre 2007 e 2014, de acordo com informações do Tribunal Superior Eleitoral. O partido divulgou uma nota de repúdio ao ataque contra Bolsonaro.

Oliveira respondia a um processo pelo crime de lesão corporal supostamente cometido em 2013, de acordo com a polícia mineira. Em 2017 ele acionou a Justiça do Trabalho em um processo contra uma empresa pelo não pagamento de verbas indenizatórias. A reportagem não conseguiu contato com nenhum de seus advogados listados na ação.

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