O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou à mesa, semana passada, correligionários, marqueteiros, pesquisados e bajuladores. O ambiente estava carregado por causa do tiroteio contra ministros dos tribunais superiores e com a ameaça de pedido de impeachment de Luís Roberto Barroso (TSE) e Alexandre de Moraes (STF), no Congresso Nacional. Para azedar o arroz doce, Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, tinha sido preso –e ainda permanece fechado no presídio do Bangu, no Rio, em virtude do inquérito das milícias digitais.
Deixemos a questão da legalidade ou não da prisão de Jefferson para debater as impressões da incrível armata bolsonarista reunida, que saboreou um churrasco de picanha japonesa com farofa de mandioca do Pará:
1- O processo de derretimento do presidente Jair Bolsonaro vai continuar e, até dezembro, a aprovação do mandatário poderá ser até de 10%;
2- Não há clima para dar um “autogolpe” e cancelar as eleições de 2022;
3- Não há um partido com estrutura nacional disposto a agasalhar o projeto de reeleição do inquilino do Palácio do Planalto;
4- Se conseguir disputar as eleições, Jair Bolsonaro pode ser um fiasco a exemplo do governador João Doria (PSDB) em São Paulo, que lambe o chão, segundo as sondagens;
5- Com o discurso de que seria “roubado” com o atual sistema de urnas eletrônicas, sem voto auditável, Bolsonaro recuaria do projeto de reeleição e seria linha auxiliar anti-Lula em 2022;
6- Jair Bolsonaro disputaria uma cadeira do Senado da República, ou pelo Mato Grosso ou pelo Paraná; mas também Santa Catarina e Rio o motivam;
7- Segundo a legislação eleitoral, para concorrer a outro cargo, o presidente da República precisaria renunciar ao mandato em curso no mês de março, nos termos do art. 1º, § 1º, da LC nº 64/90 [Para concorrência a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis) meses antes do pleito.];
8- A possibilidade de eleição do ex-presidente já no primeiro turno aumentou na mesma proporção que do fracasso da “terceira via” e da frente ampla;
9- Pela “renúncia” à candidatura reeleitoral, Bolsonaro e seus filhos receberiam salvo-conduto, isto é, a garantia de que não seriam presos; e
10- Caso o establishment entenda que ele, Jair Bolsonaro, “é o único capaz de derrotar Lula“, o perigo do comunismo e o Foro de São Paulo, os estrategistas bolsonaristas dize que ele continuará na “prateleira” para prestar bons serviços ao “Brasil”.
É o esse o cenário na conjuntura atual, segundo os luas-pretas de direita e agregados. A renúncia passará a fazer parte cotidiana do vocabulário do presidente e poderá ser uma saída honrosa para Bolsonaro, que pode sim concorrer ao Senado em 2022. Quem viver, verá.
Com Blog do Esmael