Óleo de soja, arroz, leite longa vida e frango tiveram a redução de preço entre dezembro e janeiro; já o preço do feijão estabilizou na maioria dos comércios da cidade (Fotos: Christiano Jilvan | Ascom Unimontes)
Justificativa está na queda de preço dos alimentos mais populares como arroz, óleo e leite, além da estabilidade para a carne e feijão
O montes-clarense começou o ano com certo alívio no bolso. No primeiro mês de 2021, a maior cidade do Norte de Minas registrou a inflação de 0,6%, dado oficial divulgado nesta semana pelo Índice de Preços ao Consumidor, projeto de extensão do Departamento de Economia da Unimontes.
O percentual traz, em linhas gerais, uma redução no custo de vida porque, em relação ao último mês de 2020, houve queda de mais de 0,4%. A inflação em dezembro anterior foi de 1,05%.
A desvalorização no preço de produtos entre os mais populares na mesa do montes-clarense, caso do leite longa vida (- 4,4%), frango (- 2,76%), óleo de soja (- 1,98%) e do arroz (- 1%), por exemplo, ajudaram na redução do índice. Além disso, o preço da carne bovina se manteve estável, assim como do leite tipo C.
Para efeito de comparação com o mesmo período do ano passado, a queda foi ainda maior. A inflação em janeiro/2020 foi de 1,71%.
SEQUÊNCIA
E para este mês, a coordenadora do IPC/Unimontes, professora Vânia Vilas Bôas Vieira Lopes, prevê uma posição otimista de estabilização de preços, especialmente dos alimentos.
“Embora tenhamos que conviver com o reajuste de alguns serviços públicos que têm efeito direto na inflação, a partir do primeiro trimestre espera-se um maior controle dos preços, especialmente dos alimentos. Isso porque em fevereiro começa a colheita das safras. Há uma projeção de safra recorde, com reflexo direto na maior oferta ao mercado consumidor”, destaca a pesquisadora.
No entanto, a coordenadora do IPC/Unimontes mostra cautela para a previsão acima se o cenário da pandemia do Novo Coronavírus continuar severo. “Já se identificou uma nova onda da Covid-19 em diversos países, o que torna o abastecimento um problema global, com reflexo direto nas exportações e importações e, consequentemente, na alta dos preços dos alimentos de maior procura no mercado”.
Entre as vilãs na inflação acumulada de 2020, a carne bovina começou o ano com o preço “estacionado”
CESTA BÁSICA – JANEIRO
O curioso é que, se for analisada somente a cesta básica, o cenário da inflação em Montes Claros fica invertido. O custo na aquisição dos chamados 13 itens essenciais aumentou na virada de ano de 0,69% (dezembro) para 0,95% em janeiro. Embora a carne bovina, farinha, pão de sal e café tenham se estabilizado, além da queda no preço do arroz, houve os “vilões” da vez: banana (25,85%), batata (2,72%), feijão (2,65%) e açúcar (2,08%).
2020
A professora Vânia Vilas Bôas faz uma leitura geral sobre a inflação registrada em Montes Claros em 2020. O índice acumulado foi de 8,41%, quase o dobro acima da média nacional de 4,52%, medida pelo IPCA, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao percentual entre janeiro/dezembro de 2019, de 5,37%, a alta também foi considerável no ano passado.
A explicação tem relação direta com os efeitos da pandemia do Novo Coronavírus, que mudou o hábito de compra dos montes-clarenses e interferiu na relação oferta/procura, reajustando em pouco espaço de tempo o preço dos alimentos essenciais. “O peso da comida na renda familiar gira em torno de 35% do orçamento mensal e como são estes itens que oscilam mais, quem tem o salário baixo sofreu mais com os impactos da inflação de 2020. Além do que o reajuste do salário-mínimo ficou aquém ao índice inflacionário”, resgata a pesquisadora.
No ano passado, a carne bovina acumulou um aumento 32,7% ao longo do ano, mas os mais impactantes foram o óleo de soja (96,38%), arroz (79,9%) e o feijão (45,49%) com frequentes oscilações, assim como o leite tipo C (44,63%) e a batata (39,36%).
Outra observação que justifica a diferença considerável entre a inflação local acumulada e a média nacional no ano passado está na logística de distribuição, uma vez que o Norte de Minas não está tão próximo de grandes centros de abastecimento.
Via Unimontes