O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) afirmou que vai abrir mão do mandato parlamentar e deixará o Brasil.
Ele vem sofrendo ameaças e vive com escolta policial desde o assassinato da vereadora Marielle Franco, também do PSOL.
“O Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: ‘Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis’. E é isso: eu não quero me sacrificar”, justificou Wyllys em entrevista à Folha de S. Paulo.
A eleição de Jair Bolsonaro presidente e as informações sobre as ligações de Flávio Bolsonaro com a milícia também influenciaram a decisão de Jean.
“Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário.”
“O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”, acrescentou.
As informações são da Folha de S. Paulo.
Clã Bolsonaro comemora a partida de Jean Wyllys
O presidente Jair Bolsoanro e seu filho Carlos comemoraram o anúncio de Jean Wyllys (PSOL) de que abrirá mão do mandato e deixará o país.
De forma quase discreta, eles usaram o Twitter para comemorar a saída do desafeto.
Carlos Bolsonaro
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@CarlosBolsonaro
Vá com Deus e seja feliz! ?
Jair M. Bolsonaro
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@jairbolsonaro
Grande dia! ?
Suplente de Jean Wyllys, David Miranda manda recado para Bolsonaro
“Respeite o Jean, Jair, e segura sua empolgação.” Foi o início da mensagem de David Miranda (PSOL-RJ) ao presidente Bolsonaro (PSL) em resposta a comemoração pelo partida de Jean Wyllys.
Confira a resposta que David twittou em resposta ao “Jair”:
David Miranda
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@davidmirandario
Respeite o Jean, Jair, e segura sua empolgação. Sai um LGBT mas entra outro, e que vem do Jacarezinho. Outro que em 2 anos aprovou mais projetos que você em 28. Nos vemos em Brasília.
Bancada do PT na Câmara emite nota de solidariedade a Jean Wyllys
Em texto assinado pelo líder Paulo Pimenta (RS), a bancada do PT na Câmara dos Deputados divulgou, nesta quinta-feira (24), uma nota de solidariedade ao deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), que renunciou ao terceiro mandato parlamentar e anunciou a saída do país, por conta de ameaças de morte que vem sofrendo.
A nota exige apuração das ameaças por parte dos órgãos competentes e afirma que as ameaças a Jean Wyllys “expressam uma coação não apenas ao parlamentar do PSOL, mas a todos os defensores e defensoras de direitos humanos, detentores de mandatos populares ou não”.
Confira a íntegra do texto:
Em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados, expresso a nossa total solidariedade ao deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), diante do anúncio da sua renúncia ao mandato parlamentar, seguido da saída do país, por conta de graves ameaças que tem recebido.
Lamentamos e compreendemos a sua decisão. Vivemos num país governado por pessoas que possuem notórios vínculos com milícias, que são uma forma de crime organizado que – tal qual grupos mafiosos em outros países – tratam adversários com a eliminação física, como atesta a vereadora Marielle Franco, companheira de partido e de lutas de Jean Wyllys, assassinada em março de 2018.
Eleito como representante do povo do Rio de Janeiro para o terceiro mandato, desde os seus primeiros meses de atuação na Câmara Jean Wyllys já se tornou referência nacional e internacional em defesa dos direitos humanos e das lutas dos movimentos sociaiss, em particular das bandeiras em prol do respeito à população LGBTI.
Diante deste fato gravíssimo, exigimos do Judiciário e do Ministério Públicoo Federal a adoção de todas as medidas necessárias para garantir a rápida e efetiva apuração a respeito das ameaças sofridas por Jean Wyllys. O Estado brasileiro tem a obrigação de garantir a proteção física do deputado, mas também de descobrir e punir os autores destas práticas criminosas, que expressam uma coação não apenas ao parlamentar do PSOL, mas a todos os defensores e defensoras de direitos humanos, detentores de mandatos populares ou não.
Seguiremos nas lutas em defesa da democracia e dos direitos humanos do povo brasileiro.
Brasília, DF, 24 de janeiro de 2019.
Deputado Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara dos Deputados
Com informações do PT na Câmara