O skatista brasileiro Kelvin Hoefler celebra a conquista da medalha de prata na modalidade street nos Jogos de Tóquio (Martin BERNETTI/AFP)

Modalidade é estreante nesta edição olímpica, junto com surfe, escalada, caratê e beisebol. Na modalidade street, o paulista ficou atrás do japonês Yuto Horigomi que ficou com o ouro
O skatista brasileiro Kelvin Hoefler celebra a conquista da medalha de prata na modalidade street nos Jogos de Tóquio

Na estreia do esporte nas Olimpíadas, o paulista somou 36,15 pontos na final, ficando atrás do japonês Yuto Horigomi, que chegou aos 37,18, ganhando o ouro. Já a medalha de bronze foi para o americano Jagger Eaton, com 35,35.

O skate é um dos cinco esportes que estreiam nessa edição dos Jogos Olímpicos, ao lado do surfe, escalada, caratê e beisebol.

Duas modalidades estão no programa: “street”, que consiste em fazer manobras numa pista com elementos do mobiliário urbano encontrados nas ruas, como corrimões, lombadas, rampas ou escadas, por exemplo. Já no “park” as manobras são realizadas em “bowls”, grandes bacias de concreto que podem ter até três metros de profundidade.

Responsável pela estreia do Brasil no quadro de medalhas em Tóquio, Kelvin disse que estava perto do ouro e exaltou o feito logo na estreia do skate no programa olímpico. “Eu acredito que, para o skate do Brasil, isso é uma grande conquista. É gratificante estar aqui. Acredito que vai ter muito mais medalhas e abrimos as portas para muita gente”, declarou. Na segunda-feira, será a vez das mulheres. E o Brasil será representado por Pamela Rosa, Letícia Bufoni e Rayssa Leal.

Kelvin acredita que poderia ter buscado o ouro se as condições estivessem um pouco favoráveis. “Se não fosse o vento daria para ter ficado com o ouro. Isso foi um empecilho para mim naquele momento”, disse o brasileiro, que dedicou seu pódio a duas mulheres, sua esposa Ana Paula Negrão e a skatista Pamela Rosa, que estava no local e festejou muito. “Liguei para minha mulher e choramos juntos. Essa medalha é para o skate do Brasil”, continuou.

Hexacampeão mundial, Hoefler vive em Los Angeles, na Califórnia, mas cresceu no litoral paulista. Ele é de Vicente de Carvalho, na periferia do Guarujá (SP), e começou a praticar a modalidade aos 9 anos na cozinha da casa dele. “Eu cresci tendo muita dificuldade. Agora acho que estou em um sonho. É muito bom ver a galera incentivando e torcendo pela gente. Aqui não tinha pública, mas sempre que dava pegava o celular e via as pessoas dando apoio nas redes sociais”, afirmou.

A estreia do skate no programa olímpico evidenciou o que se imaginava desse esporte que sempre foi sinônimo também de estilo de vida. Atletas festejando manobras ousadas de rivais, apoio moral no erros e festa na pista de street construída especialmente para competição. Na disputa, os atletas representaram o que tem de melhor no espírito olímpico.

“A gente é amizade. Eu queria ver o Nyjah (Huston, seu adversário) acertar, queria ver o Angelo Caro acertando. É uma grande família”, revelou Kelvin, citando o skatista dos Estados Unidos, Nyjah Houston e que era favorito mas ficou fora do pódio, e o representante do Peru, de quem é amigo. “O Kelvin é um irmão, um grande atleta e grande pessoa”, elogiou Caro.

Ele reforçou a importância da entrada da modalidade no programa olímpico. “Pulamos muitas pedras que apareceram no caminho e agora a Olimpíada está abrindo muitas portas. Nosso esporte precisa crescer mais e nossa presença aqui é importante. Seremos exemplos para as crianças”, disse.

Já Nyjah concordou com seu adversário e falou mais sobre esse espírito olímpico dos skatistas. “Se a gente vê alguém fazendo uma manobra incrível, vibramos. Isso faz parte do nosso esporte. Acho que a entrada do skate no programa olímpico trouxe uma grande competição e um alto astral para o evento. É incrível estarmos aqui e finalmente ter a chance de estar no grande palco. Eu disputo competições profissionais há 15 anos e, embora eu tenha tido muitas vitórias e muitos grandes momentos, nunca estive em um palco tão grande”.

Anos atrás, alguns competidores da modalidade condenaram a inserção da modalidade no programa olímpico sob o argumento de que ela perderia sua essência. Mas não foi isso que ocorreu, pelo contrário. Os esportistas viram os contratos melhorarem, empresas que não do esporte passaram a investir também e todos os melhores do mundo se esforçaram para conseguir vaga nessa estreia.

“As pessoas precisam aprender que há muito mais no skate do que apenas competir. É todo um estilo de vida. Para mim, é muito mais do que um esporte. Acho que tecnicamente agora você pode chamar isso de esporte porque estamos na Olimpíada, mas, para mim, também é um estilo de vida. É sobre ir lá fora, se divertir e viver livre”, continua Nyjah.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

4 × cinco =