Julgamento à revelia levou à extinção do caso, porém Cuca não foi inocentado no mérito

Técnico Cuca – foto: Pedro Souza/Atlético

O Tribunal Regional do distrito administrativo de Berna-Mittelland, na Suíça, anulou a sentença que havia condenado Alexi Stival, o Cuca, então jogador e hoje técnico de futebol, por ter mantido relações sexuais com uma menor de idade sob coerção durante uma excursão do Grêmio ao país europeu em 1987.

Em novembro do ano passado, a juíza Bettina Bochsler acatou a argumentação da defesa de Cuca de que ele foi condenado à revelia, sem representação legal, e que poderia ter um novo julgamento. Só que o Ministério Público suíço alegou que isso não seria possível dado que o crime estava prescrito, então sugeriu a anulação da pena e a extinção do processo.

A defesa de Cuca afirma ter reunido provas suficientes para provar que ele não estuprou Sandra Pfäffli, 13, na noite do dia 30 de julho de 1987, quando a jovem foi ao quarto onde ele e três colegas de time estavam no Hotel Metropole de Berna.

No dia 28 de dezembro, a juíza deu o caso por concluído e ainda determinou o pagamento de 13 mil francos suíços (R$ 75 mil) em indenização a Cuca pelo caso, valor que caiu para 9.500 francos (R$ 55,2 mil) após desconto de custos processuais do caso julgado em 15 de agosto de 1989. A decisão foi divulgada nesta quarta-feira (3).

Relembre o caso

O Grêmio foi jogar um torneio chamado Copa Phillips em Berna (Suíça) no fim de julho de 1987. Treinado por Luiz Felipe Scolari, o time venceu o Benfica por 2 a 1 no dia 29. No dia seguinte, à noite, a polícia foi ao Hotel Metropole de Berna, onde o time estava, e leva presos os jogadores Alex Stival (Cuca), Henrique Etges, Fernando Castoldi e Eduardo Hamester.

Acusação 

Segundo o juiz Jürg Blaser, eles teriam cometido ato sexual sob coerção com Sandra Pfäffli, de 13 anos, filha de um funcionário do hotel. A garota disse à polícia que foi ao quarto dos jogadores com dois amigos para pedir autógrafos, camisas e flâmulas, mas acabou abusada quando eles deixaram o local.

O Grêmio afirmou inicialmente que ela apenas esteve lá para pedir os brindes, mas Henrique e Eduardo confessaram ter feito sexo com Sandra de forma consensual. Fernando e Cuca negaram participação desde o começo.

Ao jornal suíço Blick, Sandra disse que três jogadores a imobilizaram e um a estuprou, que segundo ela poderia ser Cuca. Nos depoimentos, ela não o identificou ao ver fotos. Ao “Jornal dos Sports”, Cuca disse que ela não aparentava a idade e que subira para fazer sexo com um de seus colegas, que não nomeou.

A prisão dos jogadores

Os jogadores foram levados para prisões separadas e acabaram soltos após um mês, passada a instrução inicial do processo, e levados para o Brasil pelo advogado Luiz Carlos Pereira Silveira Martins, o Cacalo, vice jurídico do Grêmio à época. Eles pagaram fiança de US$ 1.500 cada (R$ 20 mil hoje, em valores corrigidos pela inflação americana).

Condenação

O processo seguiu seu curso e, em 1989, Cuca, Henrique e Eduardo foram condenados a 15 meses de prisão e uma multa de US$ 8.000 (R$ 106 mil hoje). Eles foram enquadrados por “fornicação com crianças” e “coerção”, mas isentados de acusação de violência, pelo que a promotoria queria uma pena de 10 anos. Já Fernando pegou 3 meses e multa de US$ 4.000 (R$ 53 mil hoje) como cúmplice, por ter ficado segundo o juiz monitorando a porta do quarto

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