– Bispo é alvo de ataques após defender ‘a mudança urgente do presidente e de sua corja’ –
Dom Joaquim também pediu ‘a revitalização mais intensa da teologia da libertação’ e ‘o fortalecimento dos movimentos sociais progressistas’
Militantes bolsonaristas se organizaram, nos últimos dias, para atacar nas redes sociais Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte e reitor da universidade PUC Minas. O pretexto: um post em que o líder religioso menciona como uma das tarefas de 2022 “a mudança urgente e definitiva do presidente e sua corja”.
Dom Joaquim publicou, em 8 de janeiro, uma mensagem de agradecimento aos seguidores que lhe enviaram felicitações por seu aniversário, celebrado dois dias antes. Ao listar os objetivos para o novo ano, citou, entre outros:
– “a mudança urgente e definitiva do presidente e sua corja; e daquela gente afeiçoada ao desamor, das casas legislativas;
– a revitalização mais intensa da teologia da libertação e dos processos formativos do Povo de Deus nas comunidades;
– o fortalecimento dos movimentos sociais progressistas;
– o ostensivo apoio ao reformador Papa Francisco;
– e a desacreditação dessa gente fundamentalista, evangélicos e católicos ultraconservadores e alucinados, sedentos de poder, de alta perversidade moral”.
Segundo a PUC Minas, Dom Joaquim é formado em Filosofia e Teologia, com mestrado pelo Centro de Estudos Superiores dos dos Jesuítas, membro da Sociedade de Teologia e Cientistas da Religião do Brasil e nomeado pelo Papa Francisco membro do Pontifício Conselho para a Cultura.
Na seção de comentários da publicação no Facebook, o religioso foi duramente atacado por seguidores do presidente Jair Bolsonaro. A tônica das respostas dos extremistas de direita é a evocação de conceitos como “marxismo”, “comunismo” e “esquerda”, além da repetição do “moralismo” bolsonarista.
“Rezemos pela conversão de Dom Mol para que seja realmente um BISPO, que levem (sic) os fiéis ao encontro de Deus e não um militante político infiltrado na igreja com ideais revolucionários/marxistas que vem destruindo a igreja há anos”, escreveu um deles.
“O Bolsonaro é pela vida, contra o aborto, todos os outros são abortistas. Devo entender que o Dom Mol também é abortista?”, criticou um seguidor, enquanto outro escreveu: “Que triste manifestação de uma teologia contrária à Verdade de Cristo. Deus faça justiça. Em nome de Jesus!”
Um dos usuários atacou diretamente a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, à qual se referiu como “CORJA NACIONAL DE BISPOS BANDIDOS”.
Até a manhã desta quinta-feira 12, a publicação tinha mais de 2.500 comentários e 171 compartilhamentos. Embora parte considerável seja de ataques, há diversos registros de respostas em apoio ao líder religioso.
“Dom Mol, que bonito ouvir sua voz profética, pastoral e evangélica. Juntos na missão. Parabéns”, escreveu um dos seguidores do bispo.
Outro parabenizou Dom Joaquim “por sua coragem e caráter” e disse que “com certeza este ano estaremos livres deste inominável”.
ECN com Carta Capital