O escritor Jessé de Souza faz a relação do preconceito social com os avanços obtidos nos últimos anos. “O pouco do que foi feito nos governos progressistas foi rechaçado pela sociedade conservadora, a batucada verde amarela demonstra isso. Posso dizer que Lula e Dilma foram os que mais se esforçaram para resgatar essa ralé, os primeiros que olharam para os mais excluídos, isso incomodou muito a classe média, uma extraordinária burrice”, denuncia.

O programa “Batalha de Ideias” da última quarta-feira (9) com a participação do professor e escritor Jessé Souza, destacou trechos do seu livro “A Ralé Brasileira, Oprimidos e Odiados”, onde ele aborda a construção histórica do preconceito e invisibilidade com a classe menos favorecida da sociedade brasileira.

O livro, escrito por Jessé, contém várias entrevistas com parcelas da sociedade classificadas como “ralé “por significativa parcela da elite brasileira. “É a empregada doméstica, o vigilante, o evangélico e o bandido que são irmãos e inimigos. É muito difícil observar unidade política nos excluídos, pois são os que mais sofrem com a segregação, estigmas e preconceitos”, explica.

Jessé elucida que não usou o termo ralé em seu livro de forma pejorativa. “A ideia não é insultar essas pessoas, mas denunciar uma situação histórica. A verdade sempre é dura, nunca agradável. A direita coloca sempre a culpa na vítima, como vimos na tragédia do desabamento do Prédio Wilton Paes de Almeida “, esclarece.

“Então chegamos ao ponto central, a origem histórica da ralé, e chegamos na escravidão, “passadas as gerações, a elite reproduz aquele mecanismo de ordem e obediência estabelecido no período da escravista, levando os piores castigos e humilhações. Passada cinco gerações, essa humilhação continua, essa classe ainda é tratada como inferior até os dias atuais”, resgata Jessé Souza.

Voltando a atualidade, Jessé contextualiza as mazelas que são fruto dessa construção social. “Todas as questões brasileiras têm a ver com a invisibilidade. É necessário capacitar seu povo, se o trabalhador não tem conhecimento, não tem espaço no mercado de trabalho. Podemos citar os analfabetos funcionais, pois, acesso ao pensamento abstrato é um privilégio de classe, são pré-condições para ser absorvido no capital cultural. Então, quando a classe menos favorecida não possui essas habilidades adquiridas, eles são culpados por não terem tais atributos”, condena.

Jessé faz a relação do preconceito social com os avanços adquiridos nos últimos anos. “O pouco do que foi feito nos governos progressistas foi rechaçado pela sociedade conservadora, a batucada verde amarela demonstra isso, posso dizer que Lula e Dilma foram os que mais se esforçaram para resgatar essa ralé, os primeiros que olharam para esses excluídos, isso incomodou muito a classe média, uma extraordinária burrice”, denuncia.

Em relação a tragédia anunciada do desabamento do Prédio Wilton Paes Almeida, que deixou mais de 400 pessoas desabrigadas, Jessé explica a sociedade é reflexo de uma sociedade doente. “Você tinha o MCMV e agora não tem nenhuma política de habitação, agora essas famílias estão jogas ao relendo, crianças brincando no esgoto, isso gera doenças. É preciso resgatar essas pessoas. Essas pessoas foram desumanizadas, só isso explica esse tratamento dado a essas famílias”, conclui.

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