Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que está preso, respondeu a todas as perguntas em depoimento para delegado da Polícia Federal

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro que está preso desde 3 de maio sob a acusação de liderar um esquema de fraudes em cartões de vacina, prestou nesta segunda-feira (22) depoimento à Polícia Federal no âmbito da investigação sobre as joias dadas pela ditadura da Arábia Saudita ao governo brasileiro e que Bolsonaro tentou se apropriar ilegalmente. 

Cid, auxiliar mais próximo de Bolsonaro, teve envolvimento direto na tentativa do ex-presidente de se apossar do conjunto de joias avaliado em R$ 16,5 milhões que foi retido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos (SP) em outubro de 2021. Pelo alto valor, o presente deveria ser incorporado ao patrimônio do Estado, mas a equipe do ex-mandatário tentou fazê-lo entrar sem declaração no Brasil para que, assim, os objetos fossem direto para o seu “acervo privado”

No final de dezembro de 2022, Cid providenciou os documentos exigidos junto à Receita Federal, prática necessária no caso de bens com destinação pública. O objetivo era retirar as joias da Alfândega.

Porém, ao mesmo tempo, o braço direito de Bolsonaro atuou internamente para que, após a saída das joias da Receita, os objetos fossem para o acervo privado do ex-presidente.

Apesar do esforço do tenente-coronel, a manobra não deu certo. Durante os dias 28 e 29 de dezembro, o corpo técnico da Receita analisou o ofício assinado por Mauro Cid e chegou à conclusão que seria impossível atendê-lo, porque a Ajudância de Ordens, órgão chefiado por ele, não era a instância competente para realizar o pedido de incorporação das joias.

Então, na noite do dia 29 de dezembro, o 2º tenente do Exército, Cleiton Hozschuck, assessor na Ajudância de Ordens e abaixo de Cid, determinou a outra funcionária que ela apagasse o documento preparado mais cedo, no qual constava a informação de que o presente era “pessoal” que já “estava com o Presidente da República”

Em depoimento à PF, cujo conteúdo ainda não foi revelado, Mauro Cid respondeu a todas as perguntas feitas pelo delegado Adalto Machado, que conduz o inquérito sobre o caso.

O tenente-coronel já havia prestado depoimento no âmbito da mesma investigação em abril e, na ocasião, havia dito que Bolsonaro o pediu para retirar as joias retidas no aeroporto e checar se seria possível “regularizar os itens”.

Outros depoimentos

Na última semana, Cid ficou calado em depoimento à PF sobre o caso das fraudes nos cartões de vacina. Sua esposa Gabriela Cid, entretanto, também participou de oitiva com os investigadores e, diferente de seu marido, respondeu às perguntas, confirmou que usou comprovante de vacinação falsificado e culpou o marido pelo crime. 

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