Tenho visto vídeos e mensagens novos com conteúdo velho, cujo teor conheci quando estudava por correspondência, na zona rural, à luz de lamparina a querosene.
Para a maioria das pessoas a mediocridade é a melhor forma de se viver. Pensar igual, agir igual, viver igual, viver na média. Mas existem aqueles que se dizem “moderados”. Mas pertencem a direita que paga seu uniforme de centro, utilizado para esculhambar a esquerda. É um grupo constituído de partidos de aluguel, falsos religiosos, executivos e pequenos empresários.
Se vendem por pouco e são piores que os direitistas assumidos. Nem quentes nem frios.
E o que dizer dos meritocratas? Que por terem eles, como eu, saído das profundezas da pobreza absoluta, exigem que todos tenham a mesma sorte, as mesmas oportunidades, a mesma força fisica e mental, o mesmo instinto. Mas sabem que não é assim. Dizem apenas para autovalorização, exacerbação do ego e para proclamar a própria retidão.
Para mim nunca bastou a verdade imposta. Procuro a verdade que vive escondida.
Não entendo como as pessoas não conseguem ver a realidade dos fatos e aceitam e gostam de deixar ser levados. Nunca foi tão claro e de fácil percepção a implantação do golpe e sua continuidade.
O sistema sempre está de plantão esperando o momento oportuno para atacar. O discurso do Aécio foi a brecha. “Não vamos deixá-la governar. Não vamos aprovar nada. Vamos sangrá-la”. Depois veio o desespero de Eduardo Cunha, contando com os votos do PT para se salvar. Não conseguindo, deu o troco. Segue-se a isso a ganância e a vaidade do Temer. Percebeu a única chance na vida para se tornar presidente. E não só por isso. Dentro do PMDB está a nata da corrupção. E graças a ela, nele se encontram o maior número de políticos e dos mais corruptos. Com as instituições funcionando, como está na constituição, o que só ocorreu após a eleição de Lula em 2002, com o aparelhamento da polícia federal, ministério público e demais órgãos de fiscalização e controle, todos estariam presos .
Foi quando se formou o acordão, com judiciário e tudo, nas palavras de Romero Jucá.
Na justiça federal foi escolhido o já conhecido Sérgio Moro, em cuja ficha corrida já constava, dentre outras provas de submissão a direita, o escândalo do Banestado. Depois veio o Gilmar Mendes, impedindo Lula de ser ministro de Dilma. Dentre tantos outros que fizeram parte deste grande espetáculo circense. E por último a Rosa Weber, que vendeu o maior direito de cidadania contido na constituição, que é o direito a personalidade. Mas desde já informando que estava votando contra sua consciência, naquele momento, mas na votação da ADC, sua consciência será restabelecida e o placar invertido. E ninguém mais será preso após julgamento em segunda instância. Mas vamos fingir que o trânsito em julgado que reza o inciso LVII do artigo 5° da constituição deve se esgotar no meio do trânsito e este será o entendimento daqui prá frente. Então porque atropelaram a segunda instância e anteciparam a prisão ao saber de uma iminente votação no STF? Bananas! Imbecis! A lei é abstrata e deve ser aplicada a todos, independentemente do réu e da vontade do julgador. Más enquanto isso, já forçaram o PEN, titular da ação a que temiam, a suspensão dela. Com ameaça? Ninguém sabe.
Não vejo em Lula nenhum santo, como também não vejo em nenhum outro ser humano. Mas vejo nele um espírito diferenciado, uma alma acima da média.
O conheci em 79, quando ouvi seu discurso na praça da catedral, em Montes Claros. Vi ali um ser iluminado, cuja inspiração sobrepunha a ausência de escolaridade.
De lá prá cá, sempre acompanhei sua trajetória de vida. Sua importância nas conquistas sociais deste país. Mas os principais beneficiários destas conquistas o renegam. Renegam graças a avalanche de informações burguesas, tanto em bate-papo de botequim, como principalmente na mídia. Por sinal muito bem paga para desconstruir a verdade. Uma pessoa que se gaba por não perder um telejornal, mas não procura outras fontes de informações, que não procura ter um minino de senso crítico, forma-se nele um pateta perfeito.
O nojo da corrupção só existe contra o PT.
Quem não tem preconceito contra a esquerda conhece a verdade. Vê o que foi feito, como foi feito e pra quem foi feito. Enxerga que o governo do PT foi um governo de inclusão. Um governo que contemplou pobres e ricos. O pobre pode consumir e o rico vendeu. Só não enxergou quem não quis. Imbecil é quem pensa que a esquerda brasileira é contra o capital. A luta é para uma melhor distribuição de riquezas. Para uma drástica redução da desigualdade social.
As altas margens de lucros das empresas é um grande mal, mas ainda é um mal menor. O grande mal é o capital preguiçoso e especulativo, que vive de agiotagem. Pra ele não interessa a estabilidade. Provoca crises, incertezas e caos. É o verdadeiro dono do sistema. Os políticos de direita, veículos de comunicação de massa, líderes religiosos e outros seres imprestáveis que estão ao seu serviço, se fartam de bens e grandezas, mas não são os proprietários do sistema global dominante. Individualmente qualquer um deles pode desabar, como muitos, peças chave do golpe, já desabaram. Por mais importantes e poderosos que sejam em determinado momento, são insignificantes diante do todo e desabam sozinhos. O sistema como um todo não pode ser atingido.
Tratando dos fatores de produção, não me venham com discurso construído pelo sistema capitalista que a esquerda é contra o capital. Apenas não o defende porque ele é o próprio poder em si mesmo e não precisa de mais nenhuma defesa. Em defesa da terra, uns poucos gatos pingados de ecologistas que nada podem fazer diante da voraz e destruidora ganância. Pela valorização do trabalho, os partidos de esquerda, intelectuais e pessoas que mesmo sem cultura, tem poder de discernimento. Não me venham também com esta farsa de gerador de emprego. Pura hipocrisia. O interesse é o lucro. O emprego é uma necessidade, consequência apenas. Sonham com a robotização geral prá livrá-los do odor do suor e dos ranços de empregados.
Não me venham ainda com a desculpa de esperar crescer o bolo. Acreditar nisso, (nas palavras de um amigo), é como eu acreditava quando criança ouvindo da minha mãe: na volta eu compro.
• Manoel Gusmão é contador e colaborador do EM CIMA DA NOTÍCIA