A arte imita o cinema?

 Ou o cinema imita a arte?

 Arte e cinema imitam a vida?

 Ou a vida imita a arte e o cinema?

Magnífico o filme “The Post – A guerra secreta”, um dos indicados para receber o Oscar este ano.

Uma autêntica aula sobre a liberdade de imprensa, não só para os amantes da sétima arte, mas para todas as pessoas do mundo moderno fascinadas com os direitos individuais dos cidadãos.

O roteiro é de um episódio que teria ocorrido em Nova Iorque em 1971, quando a empresária Katharine Graham (dona do jornal) e Ben Bradlee (editor) do Washington Post arriscam suas carreiras e a própria liberdade para expor segredos governamentais que abrangem três décadas e quatro presidentes dos Estados Unidos.

A direção do filme é de Steven Spielberg, que dá um show de imagens e parece dar vida ao roteiro.

A história poderia ser assim sintetizada: Kat Grahan (interpretada por Meryl Streep), é a dona do Washington Post, um jornal nova-iorquino que está prestes a lançar suas ações na Bolsa de Valores.

Eles tiveram acesso a documentos sigilosos do Pentágono que mostravam que vários governos norte-americanos mentiram acerca da atuação dos States na Guerra do Vietnã.

As mesmas denúncias estavam sendo publicadas pelo New Iork Times, mas haviam sido proibidas de publicação, em função de uma ação movida na justiça contra aquele jornal pelo presidente Richard Nixon, com base da Lei de Espionagem.

Contra os conselheiros e investidores, Kat Grahan autoriza o seu editor Ben Bradlle a publicar as denúncias, o que valeu nova ação na justiça pelo presidente norte-americano.

Por 6 votos a 3 a Alta Corte da Justiça dos Estados Unidos deu ganho de causa ao jornal e sentenciou favoravelmente a favor da liberdade de imprensa.

Para o Brasil, em particular, que vive um estado de exceção, em virtude de um golpe parlamentar e midiático, com o apoio de algumas instituições, que derrubou a Presidenta Dilma Rousseff de seu cargo, várias são as lições a serem extraídas do episódio abordado pelo filme.

Em primeiro lugar, o exemplo impecável e irretorquível da magnitude da liberdade de imprensa num país considerado a maior potencial social e econômica do planeta.

Em segundo, políticos governantes e presidentes de instituições, públicas e privadas, precisam parar de vez com essa mentirada à opinião pública, em troca de espaços pagos à mídia chapa branca.

Terceiro, os juízes das cortes mais elevadas do país também necessitam urgentemente reformular os seus princípios éticos de isenção e imparcialidade em seus julgamentos.

E por último, todos os cidadãos devem defender com unhas e dentes a liberdade de expressão, direito inato da cidadania em qualquer parte do mundo.

Principalmente o homem do povo brasileiro.

 * Felipe Gabrich é jornalista

 

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