
Clima fica tenso dentro do PT e busca por unidade do partido em Minas parece distante
Pelo menos quatro candidaturas estão sendo articuladas na legenda A disputa pelo comando do PT em Minas Gerais se intensificou nas duas últimas semanas e expõe divisões internas que tornam a unidade da legenda no Estado uma meta distante. Ao menos quatro candidaturas à presidência do partido estão sendo articuladas, e um racha dentro do grupo que lidera o partido atualmente gera incerteza sobre o futuro da direção estadual. Em meio às brigas, quem ganha força é o grupo de lideranças próximas ao ex-deputado e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG), Durval Ângelo. O embate interno do PT é tradicionalmente acirrado, mas neste ano o clima tenso ganhou contornos dramáticos após a divisão dentro do grupo Construindo um Novo Brasil (CNB), que atualmente tem maioria no diretório. A dissidência foi liderada pelo deputado federal Reginaldo Lopes, que rompeu com a direção do grupo em Minas, formado por figuras petistas de peso, como o deputado federal e ex-prefeito de Belo Horizonte, Patrus Ananias; a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo; e o líder da oposição ao governo Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa, Ulysses Gomes. Aliados de Reginaldo Lopes disseram ao Aparte que foram forçados a tomar a decisão de romper e relacionam o racha com a disputa pelo comando nacional do PT. Esse seria o caminho para apoiar a candidatura do ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, até agora o nome favorito do presidente Lula para a presidência nacional do partido. Na CNB mineira, por sua vez, a avaliação de pessoas ouvidas pela reportagem é que o uso da disputa nacional é apenas um argumento utilizado para justificar o afastamento de Reginaldo e garantir forças para um projeto pessoal do parlamentar. O entendimento dentro da corrente é que o assunto de sucessão na direção nacional está sendo conduzido pelo presidente Lula e terá apoio de toda a legenda quando houver uma definição sobre o tema. Aproveitando o momento O racha dentro da CNB aumentou a influência da “Tribo”, grupo político liderado por Durval Ângelo, que ainda não definiu oficialmente seu posicionamento na disputa. O grupo está dividido entre apoiar o atual presidente do PT em Minas, deputado estadual Cristiano Silveira, que busca a reeleição com apoio de Reginaldo Lopes, ou o deputado estadual Ricardo Campos, que tem o respaldo do ex-deputado Virgílio Guimarães e da prefeita de Contagem, Marília Campos. O apoio da “Tribo” é considerado fundamental para a estratégia de Cristiano Silveira e Reginaldo Lopes. Eles tentam fazer frente a antigos aliados da CNB, que devem apoiar a deputada estadual Leninha como candidata ao comando estadual do PT e contam com respaldo de diversos outros grupos da legenda. Uma eventual aliança com o grupo de Reginaldo também poderia ser vantajosa para a Tribo, que busca ocupar espaços de destaque na estrutura partidária, como a direção financeira do PT em Minas. Para viabilizar a parceria, o grupo tenta costurar um acordo entre Cristiano Silveira e Ricardo Campos. Porém, há resistências internas quanto à reeleição do atual presidente estadual do partido. Pessoas próximas à Tribo dizem, no entanto, que se as negociações não avançarem, o apoio a Cristiano Silveira seria a opção atual. Paralelamente, alas mais à esquerda dentro do PT se movimentam na disputa interna. Grupos críticos à aproximação do partido com setores da direita e do centro político ainda não definiram um nome para concorrer. Lideranças como os deputados federais Rogério Correia e Ana Pimentel, além da deputada estadual Beatriz Cerqueira, estariam trabalhando uma estratégia alternativa que possa garantir representatividade nos órgãos internos da legenda Via Jornal O Tempo