FILHA DE JEFFERSON NOMEADA MINISTRA FOI CITADA EM DELAÇÃO DA ODEBRECHT
Revista Fórum – De acordo com o Blog da Andréia Sadi, até alguns dos aliados mais próximos de Temer, acostumados à “coragem” do presidente em enfrentar o desgaste com a opinião pública, se surpreenderam com a nomeação de Cristiane Brasil para o Ministério do Trabalho.
Cristiane é citada em delação da Odebrecht, além de filha de um personagem símbolo de outro escândalo, o mensalão: Roberto Jefferson.
O próprio presidente mudou de ideia sobre a deputada. No ano passado, ela foi pessoalmente ao Palácio do Planalto com o pai para tentar comandar o Ministério da Cultura.
Na ocasião, Temer ouviu assessores, que o desaconselharam a nomeá-la. Motivo: temiam exatamente o desgaste ao governo, ao nomear a filha de Roberto Jefferson para o ministério.
Mas quem conhece as regras do jogo do Planalto sob o comando do PMDB afirma que Temer premia quem lhe é leal.
“De lá para cá, Jefferson deu mais do que uma demonstração de que é fiel ao presidente. E Temer é um presidente grato aos aliados”, diz um de seus principais interlocutores.
No caso do PTB, Jefferson foi “Temer Futebol Clube” nos piores momentos do governo.
No fim de 2017, foi ele o primeiro dos aliados a anunciar que fecharia questão pela reforma da Previdência.
E vestiu a camisa do governo ao propor que os partidos da base firmassem um “pacto” para não aceitar, durante a janela partidária, deputados que fossem infiéis na votação da reforma.
Temer nunca esqueceu. E pagou a fatura nesta quarta-feira (3), ao esquecer o próprio veto anterior a Cristiane.
Um frequentador do Jaburu tem outra avaliação. Ao ouvir do blog a explicação de que, nos corredores do Palácio do Planalto, a “coragem” de Temer é atribuída à sua “gratidão” aos aliados em momentos difíceis, este diz: “O governo passa a impressão de que, após as denúncias, adotou o mantra daquele deputado que o PTB disse que queria indicar: está ‘se lixando’ para a opinião pública.”
Ministra Cristiane, mas pode me chamar de Roberto Jefferson
Ele voltou, agora plenamente.
O homem dos “instintos mais primitivos” é, desde hoje, o ministro de fato do Trabalho.
Com todo o respeito pela insossa Cristiane Brasil, sua filha, é ele quem, politicamente, foi nomeado.
É este o nível do ministério Temer, o de “Bob Jeff”, que quase emplacou a moça como ministra da Cultura em julho do ano passado.
A escolha é coerente.
Afinal, Jefferson tem experiência com malas, porque foi ele quem tornou agudo o processo do chamado “mensalão” ao ter falado que recebeu uma delas, com R$ 4 milhões, que jamais apareceu, mas serviu para “comprovar” que o governo petista “comprava” uma base de apoio.
Foi, assim, o precursor da delação premiada – versão mais antiga e menos benévola – reduzindo sua pena de dez para sete anos, que cumpria em regime aberto até que foi indultado pelo ministro Luis Roberto Barroso. Sem protestos, aliás, porque já havia cumprido os requisitos para obtê-lo.
O pai, orgulhoso, recebeu o presente das mãos de Temer, já sem munição para escolhas políticas mais representativas, que o ajudassem a remontar sua base na Câmara.
Roberto Jefferson, uma espécie de híbrido entre Eduardo Cunha e Carlos Marun, é de novo um dos convivas à mesa do poder, onde se devora o Brasil
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