Silvio Almeida criticou a associação de mazelas nacionais com o modo de vida de uma população, especialmente envolvendo crianças.

O projeto Caruanas do Marajó é um dos projetos renomados que atuam na educação e cultura para as crianças da região paraense.

O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, expressou sua indignação diante da divulgação de informações falsas sobre a população da Ilha de Marajó, no Pará. Durante entrevista, nesta sexta-feira (23), Almeida condenou veementemente essa prática, destacando que tais alegações são irresponsáveis e prejudiciais à imagem das pessoas que vivem na região.
A exploração sexual infantil na Ilha do Marajó, no Pará, voltou ao debate, tematizada por uma canção evangélica viralizar na internet ao citar supostas violações de direitos humanos na comunidade, especialmente envolvendo exploração sexual de crianças e tráfico de órgãos. O alerta veio acompanhado do sensacionalismo de que na região isso é considerado normal — o que é repudiado por organizações que atuam no Marajó. O Ministério Público Federal desmentiu que haja tráfico de órgãos na região.
O Ministério divulgou nota em que alerta para divulgação e compartilhamento da desinformação sobre cancelamento de ações e projetos do governo federal na Ilha do Marajó, no Pará. De acordo com a pasta, em maio de 2023, foi criado o Programa Cidadania Marajó, com recursos para o combate à violência de crianças e adolescentes e promoção de direitos humanos e acesso a políticas públicas.
“É preciso inverter lógica assistencialista e modos de vida da população do Marajó. Possuímos o compromisso de não associar imagens de vulnerabilidade socioeconômica ou do próprio modo de vida das populações do Marajó, em especial, crianças e adolescentes, ao contexto de exploração sexual”, diz nota do ministério.
O local vem recebendo, desde o ano passado, o programa Cidadania Marajó, que disponibiliza recursos para ações de combate à violência contra crianças e adolescentes. No entanto, Almeida lamentou que a iniciativa esteja sendo alvo de desinformação, muitas vezes disseminada por influenciadores nas redes sociais, mesmo que de boa fé.
“Não podemos associar a imagem de pessoas que sofrem com problemas históricos, responsabilidade do Brasil, com o modo de vida dessas populações. Temos que reconhecer a riqueza cultural e social dessas comunidades, em especial quando se trata de crianças, ao invés de retratá-las de forma redutora, como se suas vidas se limitassem à exploração sexual”, enfatizou o ministro.
Almeida também repudiou a tentativa de oportunistas que, segundo ele, nunca contribuíram efetivamente para o bem-estar do povo de Marajó, mas que utilizam a imagem das crianças e adolescentes da região para promover seus próprios interesses.
Um discurso da ex-ministra Damares Alves (Republicanos) de 2022, sobre supostas práticas de tortura e mutilação de crianças para abuso sexual no Marajó, também voltou a tona. Na época, ela alegou possuir evidências, mas os casos nunca foram comprovados. Tempos depois, Damares declarou ao MPF que as denúncias se baseavam apenas em relatos, não em provas.
“Rejeito veementemente essas tentativas de aproveitadores que buscam se beneficiar da situação, sem realmente se comprometerem com a melhoria das condições de vida das comunidades locais. É uma prática condenável e que deve ser combatida com veemência”, declarou Almeida.
O ministro enfatizou a importância do compromisso e da responsabilidade na divulgação de informações, especialmente quando se trata de questões sensíveis que envolvem a dignidade e os direitos humanos das pessoas. Ele destacou que o governo está empenhado em promover políticas públicas eficazes que beneficiem as comunidades da Ilha de Marajó e de todo o país, combatendo a desigualdade e a violência de forma efetiva e responsável.

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