“Sou um bicho na toca e a toca sou eu mesmo.” Georgino Júnior
Minha toca agora é em outra morada.

Morreu nesse sábado (13), aos 69 anos de idade, em consequência de um câncer, o artista, jornalista, poeta, professor, compositor, escritor… Georgino Jorge de Souza Júnior.

Montes Claros, montesclareou

Montes Claros, montesclareou
Meus olhos cegos de poeira e dor..
Tudo é previsto pelos livros santos
Que só não falam que o sonho acabou

A marujada vem subindo a rua
Suores brilham nos rosto molhados..
Agosto chega com a ventania
Cálice bento e abençoado
A dor do povo de São Benedito
No mastro existe para ser louvado..

Louvado seja o Santo Rosário
Louvado seja poeira e dor
Louvado seja o sonho infinito
E mestre Zanza que é cantador..

                                                           * 24 de janeiro de 1949               + 13 de outubro de 2018

DIVERSÃO IMPRESSA – A ARTE EM GEORGINO JÚNIOR
AUTORA: GABRIELLA MENDES DE SOUZA

Georgino Jorge de Souza Júnior, nasceu em Uberaba – MG aos 24 de janeiro de 1949. É o quarto de uma prole itinerante, pois seu pai foi delegado de polícia nas décadas de 1940 e 1950 percorrendo diversas cidades do Estado.

No início da década de 60, a família chega à Montes Claros, norte de Minas, fixando moradia. O artista, então, com 11 anos, cria de imediato um sentimento de amor pela terra e pelo povo marcado por uma identidade sertaneja. Seus desenhos indicam o encontro da diversão com a beleza, das histórias de um povo com sua imagem indenitária. São histórias sem letras, contadas numa livre interação entre o autor e seu público. Na literatura, se apropria de uma linguagem figurada e alegórica que permite, poeticamente, uma observação múltipla e plural pelo observador. Objetivos: Estabelecer a articulação entre a biografia de Georgino Júnior e seu contexto histórico e social. Metodologia: Trata-se uma pesquisa biográfica/histórica, de caráter qualitativo e que utiliza como procedimento técnico a pesquisa documental. Para tanto, foram feitas coletas de dados no acervo pessoal (fotografias, diários, registros jornalísticos, dentre outros) seguindo-se análise do conteúdo. Resultados: O material examinado no estudo trata de desenhos e quadros da exposição “Brasiliana”, de charges postadas no Jornal de Notícias de Montes Claros (2003 a 2015), letras de música, livro de poema “Bola pra frente Futebol Clube”, que no ano de 2002 foi requisito para o vestibular da Unimontes, e crônicas ao longo de mais de 40 anos de literatura. O conteúdo revelou um artista completo na sua arte erudita, e que, por sua simplicidade torna-se fácil de ser compreendida. Confirma, também, a ideia de que a análise biográfica, considerando as noções de autor e obra, nos permitiu entender o indivíduo, tanto como criador quanto produto de seu próprio contexto. Conclusões: Georgino Júnior nos revelou um jeito particular de ser. Pela sua arte, humana e solidária, compreendemos que nem sempre a qualidade de uma obra se faz pela representatividade numérica, mas pelo aprofundamento da compreensão de uma trajetória, muitas vezes marcada pela simplicidade e pelo anonimato. Podemos compreender que a arte ensina e diverte, bem como possibilita a apropriação de um conjunto de sentimentos, afetos, memórias e re-significados trazidos nas histórias daqueles que fazem da experiência artística um mundo mais ampliado.

*Gabriella Mendes de Souza é médica fisiatra e eletroneuromiografista na empresa ALIVIAR – Centro de Tratamento de Dor
Fonte: Fepeg 

 

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