– Moro ficou atônito, lacrimejou e pediu uma segunda chance, no dia em que soube que seria demitido por Bolsonaro

– No dia em que foi avisado por um dos ministros militares que seria demitido por Bolsonaro, Moro ficou atordoado. Calou-se por uns minutos, ficou olhando para o alto, como se tivesse perdido o chão, e ao voltar a encarar o interlocutor, lacrimejava.

Por Renato Rovai, do seu blog

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A história foi revelada por um deputado do PSL para uma fonte do blogueiro ainda no ano passado. Como eram poucos os elementos para publicá-la, o blogueiro silenciou. Apenas tratou da crise e da provável demissão nas lives que faz todos os dias no Canal da Fórum.

Com a revelação da história da demissão no livro Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos, de Thais Oyama, decidiu que valia a pena contá-la aqui.

O interlocutor confirmou hoje, depois de nova consulta do blogueiro, que quando o deputado lhe disse isso, gabava-se de ter ajudado como bombeiro para que o fato não se consumasse. Mas que fazia questão de salientar que teria feito isso não por gostar de Moro, mas porque muitos avaliavam que a queda dele poderia derrubar o próprio Bolsonaro.

A história, porém, não se encerra aqui. A mesma fonte dizia que nesta conversa, após discretamente enxugar os olhos, Moro pediu uma segunda chance. Usando exatamente este termo. E disse que se o presidente lhe permitisse, mudaria o comportamento.

Ao ser informado do pedido de segunda chance de Moro, isso tudo no final de agosto, Bolsonaro fez chegar ao ministro que queria demonstrações públicas.

A senha para o novo pacto teria vindo numa foto publicada no Twitter de Moro no dia 25 de agosto. Moro, de soldado, desfilando em Curitiba com arma em punho.

Há mil anos atrás, mas orgulho de ter dado pequena contribuição. Feliz dia do soldado. pic.twitter.com/RhgcfB5X8K

— Sergio Moro (@SF_Moro) August 25, 2019

Para confirmar se de fato houve uma mudança de comportamento de Moro a partir do final de agosto, momento em que ele foi quase demitido, Fórum solicitou ao pesquisador de redes, Antonio Arles, que produzisse um estudo separando os tweets de Moro do dia 20 de maio a 20 de agosto (90 dias antes da crise) e fizesse o mesmo de 20 de agosto até 20 novembro (90 dias após) para ver quais foram as palavras mais usadas pelo ministro nesses dois períodos.

O estudo produzido por Arles mostra que nos 90 dias anteriores ao 20 de agosto, os termos mais usados por Moro nos seus tweets foram:

1 – MJ SP – 55

2 – Segurança – 34

3 – Crime – 30

4 – Federal – 29

5 – Brasil – 23

6 – Governo – 23

7 – Lei – 22

8 -Nacional – 22

9 – Operação – 20

10 – Polícia – 20

O termo PR já era usado por Moro neste período, mas com intensidade bem menor. Estava no 21º da lista, com 15 vezes. Jair Bolsonaro, aparecia em 24º lugar, com 14 vezes. Um número ainda menor de citações.

Nos 90 dias posteriores ao 20 de agosto, os termos mais usados foram os seguintes

1 – Brasil – 42

2 – Crime – 39

3 – Crimes – 37

4 – Governo – 37

5 – Jair Bolsonaro – 36

6 – PR – 35

7 – MJ SP – 33

8 – Federal – 30

9 – Projeto – 28

10 – Lei – 26

Bolsonaro que estava em 24º lugar entre as palavras mais citadas antes da ameaça de demissão, passa a 5º lugar. PR (abreviação utilizada no governo para presidente) que era 21º lugar vai para sexto.

Ao demonstrar que era um bom soldado, Moro continua no governo.

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